Arquivo da categoria: Mundo Retro

Tudo o que acontece no mundo retro, porque velho é o seu PC!

Obrigado, Raspberry Pi, por re-popularizar o formato clássico dos computadores

Tem coisas que só a Raspberry Pi Foundation poderia fazer por nós. Como o Raspberry Pi 400: um Raspberry Pi 4 totalmente dentro do teclado. Como eram os computadores. Como deveriam ser os computadores. Como voltarão a ser os computadores.

O resto… vocês já sabem. O RetroPie definitivo, o substituto daquele PC velho que só é usado pra ficar no feicebuqui, sei lá. Ou então, sei lá, o pessoal do RISC OS se anima e lança uma nova versão do Nano (aquele que bootava direto no BBC BASIC) pro 400…

Há o Início e há o Fim. Vamos falar do Início.

Muitas e muitas vezes no podcast e no blog falamos do nosso ponto de corte. É o momento no tempo em que terminou a Computação Clássica e começou a Computação Moderna. É consenso que isso aconteceu no meio dos anos 90, quando as últimas plataformas que davam “biodiversidade” ao cenário da Computação saíram de cena. Por vezes citamos 29 de abril de 1994, dia da falência da Commodore. Mas acho que uma data melhor — mencionamos isso inclusive no último Repórter Retro — é 24 de agosto de 1995, data de lançamento do Windows 95. Por três motivos:

  1. Marca o início da era seguinte com a predominância do padrão PC (velho)
  2. É um número redondo (a importância dessa redondeza explicarei já já)
  3. Agosto é uma época apropriada para marcar o fim de uma coisa boa. 😢

Mas, como disse no título, este post não é sobre fins e sim sobre inícios. Quando a era da computação clássica começou?

Lançamento da Santíssima Trindade? Nãããão, bem antes. Altair 8800? Nananinanão. Antes. O primeiro microprocessador, de 1969? Ótimo chute, mas… não.

Exatamente 55 anos atrás, no dia 14 de outubro de 1965, foi lançada  no mercado dos EUA uma máquina vendida como calculadora de mesa, que podia armazenar e executar sequências de instruções e cálculos. Matéria do dia seguinte no jornal novaiorquino Daily News Record:

OLIVETTI LANÇA NOVAS DIMENSÕES EM COMPUTADORES

NOVA IORQUE — Um computador compacto e de preço econômico, que deverá inaugurar a era do processamento de dados para pequenos e médios negócios, foi lançado nesta quinta-feira.

O novo computador, chamado Programma 100 [sic], foi apresentado pela Olivetti Underwood Corp., marcando a entrada da empresa no mercado de processamento eletrônico de dados. Ele é descrito como preenchendo a lacuna entre grandes computadores convencionais e calculadoras de mesa.

“Lançado ao público”, diga-se, qualquer pessoa que pagasse o preço pedido podia comprar e levar pra casa, ou seja, “pessoal”. “Armazenar e executar sequências de instruções” significa que, por definição, o Olivetti Programma 101 era sim um computador. Portanto, um computador pessoal. O primeiro de todos.

Aqueles que nos acompanham há algum tempo lembrarão que ele já foi mencionado no Repórter Retro quando fez 50 anos.

Percebam que a Era Clássica da Computação durou quase exatos e redondos 30 anos. 1980, um ano cabalístico (VIC-20, Ian Curtis, greves no ABC, TRS-Color, Misha, Bonham, Reagan, Lennon etc…), foi exatamente o ponto médio.

E se você que nos lê nasceu depois de 14 de outubro de 1965, nem que seja só por alguns dias, saiba que — ao contrário deste humilde escriba — você já nasceu na Modernidade. Ninguém pode dizer que você é uma pessoa velha. Agora me dá licença que eu vou jogar damas na praça e ficar reclamando de como as coisas eram diferentes nos bons e velhos tempos. Harrumpf. Cadê minha bengala?

Masoquismo do dia: Usando fita cassete num IBM PC original

O IBM PC original (ouça a parte 1 e a parte 2 do nosso dossiê) saiu com interface de cassete e BASIC em ROM, como quase todos os outros computadores pessoais da época. Só que ninguém usava cassete no IBM PC, todo mundo botava ao menos um drive de disquete. Todo mundo… até agora.

No momento em que escrevo, este vídeo ainda não está com legendas, então peço desculpas aos não-angloparlantes. Aliás, desculpas não, toma tendência e se matricula num curso de inglês.

Com direito a sintetizar música pelo gravador!

(Via Ronaldo Gazel no grupo Retrocomputaria do FB)

Campanha do livro na reta final!

A campanha do livro “MSX-DOS Revelado” (olha a capa nova aí em cima!) termina no próximo sábado, dia 10. Gente, obrigadão pelo apoio. Eu mesmo não imaginava, quando comecei essa ideia de fazer um livro sobre MSX-DOS, que tanta gente fosse se interessar. No momento, atingimos 227% da campanha e já são 105 livros impressos vendidos.

Eu lancei uma pesquisa para me ajudar a organizar a operação de guerra que será instaurada em alguns dias, que é o recebimento, preparação e postagem de todos os itens. Essa semana providenciarei envelopes, etiquetas, caixas, papel… Os Correios que se preparem! A maioria das pessoas que compraram já respondeu. Mas se você não comprou ou já comprou e não respondeu, segue a URL:  https://forms.gle/H9aMv9T5TjVoMrBeA

Quando a campanha for finalizada e conforme as postagens ocorram, todos os nomes dos apoiadores cujos livros estarão sendo postados, estarão aqui nessa página. Desse jeito fica mais fácil para centralizar a informação, e todo mundo terá acesso ao seu rastreamento. A URL curta é http://bit.ly/campanhalivromsxdos.

O livro está pronto e diagramado. A única coisa que falta é adicionar a seção de apoiadores: o nome de todos que tornaram esse livro possível. E isso eu só posso fazer depois do fim da campanha, no próximo sábado, né? O jeito é esperar.

Notaram a capa nova? Legal, né? Agora tem um parágrafo apresentando o livro (não, não terá orelha), o capista fez os acertos e colocou lá. Ficou melhor ainda, não?

E se tudo der certo, teremos também marcadores de página para todos que comprarem o livro! Já acertei com a editora para fazermos também. E pra quem comprou o baralho (http://bit.ly/baralhoretro), também vai um brinde extra.

E vamos que vamos! Divulgue a campanha! Vai que a gente triplica a meta? Segue o endereço: http://bit.ly/livromsxdos .

Abraço e até o fim da campanha!

Campanha do baralho na reta final!

A campanha do baralho está quase no fim. No momento em que escrevo essas linhas, estamos com 126% da campanha e 79 baralhos vendidos. Nosso muito obrigado.

Contactamos a gráfica, e eles devem remeter um orçamento para a impressão em alguns dias. A mesma gráfica tem um ponto de entrega de material próximo à minha residência. Isto significa que o custo de envio será zero, e principalmente… O tempo será menor. Não dependeremos dos Correios para receber os baralhos.

Montamos uma pesquisa para quem comprou os baralhos, para responder. Se você ainda não comprou ou comprou e ainda não respondeu, a hora é essa: https://forms.gle/zCkY3MdGNpmQba7o9 .

Quando a campanha for finalizada e conforme as postagens ocorram, todos os nomes dos apoiadores cujos livros estarão sendo postados, estarão aqui nessa página. Desse jeito fica mais fácil para centralizar a informação, e todo mundo terá acesso ao seu rastreamento. A URL curta é http://bit.ly/campanhabaralhoretro.

Estamos providenciando nessa semana os envelopes, etiquetas, papel, caixas, enfim, tudo que será necessário para a operação de guerra que teremos, que será o empacotamento e a postagem de todos os itens. Mas esperamos que dê tudo certo.

Se você puder divulgar a nossa campanha, segue a URL: http://bit.ly/baralhoretro. Estamos todos aqui ansiosos pra ver como ela fechará.

E vamos que vamos. Até o fim da campanha, nos vemos lá!

Arqueologia de jogos – Acharam um protótipo do Lemmings para o Commodore Plus/4

Essa história é bem bacana. Quando o Lemmings foi lançado em 1991, dois fãs do Commodore Plus/4, Tamás Sasvári and Csaba Kémeri, ficaram frustrados que a maquininha deles ficou de fora e nunca recebeu uma versão do jogo. Por causa disso, eles resolveram tentar fazer uma versão eles mesmos!

Depois de muito trabalho e da existência de um preview muito animador, eles perceberam que o pobre do Plus/4 não ia conseguir dar conta do jogo pelo fato de não ter memoria suficiente ou hardware sprites. Devido à essas limitações o jogo foi abandonado e nunca viu a luz do dia.

Eles até mostrarm um video numa demo party in 1993 mas depois disso, nada.

Essa semana, o Tamás resolveu entrar em contato com o site Games That Weren’t (GTW) e liberou tudo que ele tinha feito para que todos nós pudéssemos ver. O PRG está disponível no GTW e também no Plus/4 World e mostra uma fase de teste onde você pode controlar os Lemmings de alguns modos, como o guarda-chuva e a bomba. Não tem como salvar os bichinhos, mas mesmo assim o preview mostra um incrível número de lemmings e a performance não é ruim não.

O jogo nunca será terminado, mesmo porque o código fonte foi perdido há muito tempo. Esse é mais um daqueles casos que não tem um final muito feliz mas mesmo assim  mostra o que um programador esperto consegue fazer com essas maquininhas de 8 bits.

Você pode fazer o download no Plus/4 World e jogar em um emulador (recomendo o YAPE ou plus4emu) ou ver o vídeo que eu gravei aqui:

Os 20 maiores computadores pessoais, segundo o The Guardian

Na opinião deste humilde escriba, listas dos N melhores, ou dos N maiores, ou dos N mais influentes etc, só servem pra causar polêmica. Mas como a gente gosta de uma treta, vamos postar o link do artigo (obrigado Mario Cavalcanti) e já dando o spoiler da lista:

20. Dragon 32
19. Atari ST
18. Acorn Electron
17. Sinclair ZX81
16. Texas Instruments TI-99/4A
15. Altair 8800
14. Amstrad CPC 464
13. Sharp X68000
12. Apple Macintosh
11. MSX
10. TRS-80
09. Commodore VIC-20
08. NEC PC-88
07. Atari 800
06. BBC Micro
05. Apple II
04. ZX Spectrum
03. Commodore 64
02. Commodore Amiga
01. (Velho é seu) IBM PC

O site aceita comentários, tá? (EDIT: aceitava. Agora tá fechado.)

Crônica de uma morte anunciada: o Coprocessador Numérico x87

Assim como quem não quer nada, resolvi começar a ler sobre programação Assembly para processadores Intel do seu PC velho… mas a versão muderna, cheia de zilhões de instruções, registradores a dar com pau, mil maneiras de fazer operações paralelas e o escambau. Por que alguém faria algo tão insano? Ora raios…

Pois bem, ao longo dos mais de 40 anos que a arquitetura sobreviveu, níveis e mais níveis de funcionalidade foram sendo adicionados uns por cima dos outros, mantendo sempre todas as estruturas anteriores presentes:

16 bits modo real16 bits modo protegido32 bitsMMX64 bitsSSEAVX … e contando.

Correndo por fora, existiu, lá nos primórdios, um bicho chamado 8087 – o Coprocessador Matemático. Se seu PC tivesse esse chip, ele adicionava instruções para fazer operações matemáticas com números reais, não apenas inteiros, e também operações como seno, cosseno, logaritmos… a partir do 486, ele passou a ser incorporado ao processador principal, mas todas as velhas instruções como FMUL, FDIV, FCOS etc estavam lá, e usá-las sempre foi a melhor maneira de fazer contas. A alternativa era usar bibliotecas de ponto flutuante, lentas e nem sempre dentro do padrão (é o que os nossos retromicros clássicos usam).

Mas aí que tá… os novos conjuntos de instruções SSEn e AVX, planejados para realizar várias operações ao mesmo tempo num conjunto grande de números, também fazem operações de ponto flutuante. Aí, no capítulo sobre otimização deste livro, leio o seguinte:

Os seguintes critérios devem ser observados ao escrever código em Assembly que realize aritmética de ponto flutuante:
* (…)
* Em código novo, use as funções escalares das arquiteturas SSE ou AVX, em vez da FPU x87.

Pois é, a utilidade do velho chip, amigão dos estudantes de engenharia (e de tantas outras áreas) nos anos 80, chegou ao fim. Mais um dinossauro se dirigindo lentamente ao poço de piche. É provável que daqui a alguns anos, os quatro primeiros itens da cadeia de setas acima sejam abandonados e os novos processadores sejam puramente 64 bits.

Retrocomputador mais ROOTS do que este não existe.

Uma máquina de Turing pura, implementando o comportamento exato descrito pelo matemático que praticamente fundou a Ciência da Computação. E que você pode montar! Tá certo que está longe de ser um trabalho trivial, mas o produto final é uma excelente ferramenta de aprendizado. Cliquem na foto ao lado pra ver todos os detalhes escabrosos no Instructables.

(Via)