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Dividir para conquistar

Há muitos anos tem-se como óbvio que multiplicações e divisões são coisas feitas no hardware. São instruções de Assembly em todo microprocessador digno do nome. Mas nem sempre foi assim. Na era dos 8 bits, o normal era o sistema operacional ter que fazer essas operações por algoritmo, como uma criança fazendo dever de casa de Matemática no segundo ano.

O 8086/8088 (dos primeiros IBM PC) foi um dos primeiros a fazer divisão por hardware, e aqui temos (e também nesta thread no Mastodon) a engenharia reversa dessa operação, feita por (oooooh surpresa) Ken Shirriff.

8 bits para o Espaço e para a Guerra

Uma das figurinhas mais exóticas que de vez em quando dá as caras nesta nossa cidade é o microprocessador CDP1802 da RCA, codinome COSMAC. Além da arquitetura pouco convencional com múltiplos ponteiros de instrução (!) ele tem uma outra peculiaridade: foi projetado para suportar ambientes extremos, e portanto tem uma longa história de uso tanto em naves espaciais quanto aeronaves militares.

Um membro da comunidade Minimalist Computing no Facebook achou numa sucata umas placas fabricadas pela Bristol Aerospace que vieram, segundo fontes, de um caça militar canadense. Provavelmente um Avro CF-100 ou um McDonnell CF-101 Voodoo — em operação, respectivamente, até 1981 e 1987, portanto no fim da vida podem muito bem ter sido equipados com esse tipo de eletrônica.

Sobre alguns dos chips:

  • RCA 1802 – CPU, o famoso COSMAC
  • RCA 1852 – I/O (tipo a PPI do MSX)
  • RCA 1822 – RAM
  • Harris IM6654 – EPROM (512 bytes)

Neste momento, a supracitada comunidade retro está tentando decifrar o conteúdo das ROMs.

Repórter Retro 079

Este é o Repórter Retro 079, produzido pela A.R.N.O. (Agência Retropolitana de Notícias)!

(MP3 para ouvir offline)

Do que falamos?
Trilha sonora

Random Chiptune Mix 31

Antes de sair…

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Repórter Retro 077

O Seu Repórter Retro

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Música de fundo

Random chiptune mix 13

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ARM: Como Era e Como É, por Ken Shirriff

(Traduzindo e reorganizando a sequência postada no Twitter por nosso parça, o Hugh Hefner do silício, comparando o tataravô e o sobrinho recém-nascido do chip desse espertofone em que você está lendo isto)

 *       *       *

Com o recente anúncio do processador M1 da Apple (N. do T.: link adicionado por nós) da família ARM, achei que seria interessante compará-lo com o primeiro processador ARM, criado pela Acorn Computers em 1985 para o BBC Micro. Os projetistas foram Sophie Wilson and Steve Furber.
Continue lendo ARM: Como Era e Como É, por Ken Shirriff

Crônica de uma morte anunciada: o Coprocessador Numérico x87

Assim como quem não quer nada, resolvi começar a ler sobre programação Assembly para processadores Intel do seu PC velho… mas a versão muderna, cheia de zilhões de instruções, registradores a dar com pau, mil maneiras de fazer operações paralelas e o escambau. Por que alguém faria algo tão insano? Ora raios…

Pois bem, ao longo dos mais de 40 anos que a arquitetura sobreviveu, níveis e mais níveis de funcionalidade foram sendo adicionados uns por cima dos outros, mantendo sempre todas as estruturas anteriores presentes:

16 bits modo real16 bits modo protegido32 bitsMMX64 bitsSSEAVX … e contando.

Correndo por fora, existiu, lá nos primórdios, um bicho chamado 8087 – o Coprocessador Matemático. Se seu PC tivesse esse chip, ele adicionava instruções para fazer operações matemáticas com números reais, não apenas inteiros, e também operações como seno, cosseno, logaritmos… a partir do 486, ele passou a ser incorporado ao processador principal, mas todas as velhas instruções como FMUL, FDIV, FCOS etc estavam lá, e usá-las sempre foi a melhor maneira de fazer contas. A alternativa era usar bibliotecas de ponto flutuante, lentas e nem sempre dentro do padrão (é o que os nossos retromicros clássicos usam).

Mas aí que tá… os novos conjuntos de instruções SSEn e AVX, planejados para realizar várias operações ao mesmo tempo num conjunto grande de números, também fazem operações de ponto flutuante. Aí, no capítulo sobre otimização deste livro, leio o seguinte:

Os seguintes critérios devem ser observados ao escrever código em Assembly que realize aritmética de ponto flutuante:
* (…)
* Em código novo, use as funções escalares das arquiteturas SSE ou AVX, em vez da FPU x87.

Pois é, a utilidade do velho chip, amigão dos estudantes de engenharia (e de tantas outras áreas) nos anos 80, chegou ao fim. Mais um dinossauro se dirigindo lentamente ao poço de piche. É provável que daqui a alguns anos, os quatro primeiros itens da cadeia de setas acima sejam abandonados e os novos processadores sejam puramente 64 bits.