Arquivo mensais:fevereiro 2012

KickTOS

Quem acompanha o Retrocomputaria Podcast há algum tempo vai se lembrar dos episódios 11 (sobre CP/M) e também o 12 (sobre Commodore versus Atari). Pois é, isto aqui está relativamente ligado a eles! Não é recente, na verdade já é até bem antigo, de 2008, mas um hacker alemão chamado Andre Pfeiffer resolveu levar paz às duas comunidades ou, o provável, colocar mais lenha na fogueiragasolina no incêndio.

O que ele fez?

Se aproveitando de uma característica do Amiga 1000, a carga do KICKSTART (BIOS, ou firmware se quisermos ser mais “modernosos”) a partir do disquete, ele resolveu adaptar o TOS, o sistema operacional do ATARI ST, para rodar nele!

Para quem preferir, uma versão com melhor qualidade:
http://www.a1k.org/download/area51/OLD/KICKTOS.MPG (32.7Mb)

Até aí nada de mais pois existem vários emuladores de ATARI ST para AMIGA como, por exemplo, o CHAMALEON. Mas no vídeo não está havendo emulação, e sim a execução do TOS de modo nativo no hardware do A1000. Acontece que a área da memória onde o KICKSTART é carregado tem 256Kb e já que o TOS ocupa 192Kb acabam sobrando uns 64Kb para se colocar todas as rotinas específicas para a arquitetura do AMIGA.

E como disse o autor, só queria tê-lo feito há 20 anos!

E onde entra o CP/M na história?

O sistema operacional dos ATARI ST, o TOS, é um sujeito chamado GEMDOS e que é uma versão empacotada de CP/M para 68000 com a interface gráfica GEM, ambos da DIGITAL RESEARCH. E, conforme dito no episódio 11, o CP/M foi originalmente concebido para rodar em vários modelos de computadores com processadores i8080 (ou Z80), que apenas uma parte dele, o BIOS,  era responsável pelo acesso ao hardware e que precisava ser escrita para cada equipamento. Nesta arquitetura as aplicações escritas pelo CP/M conseguiriam ser executadas sem necessidade de ser compilada para cada máquina em específico.

E justamente o TOS herdou tudo (de bom e de ruim) destes caras, principalmente a arquitetura que já previa uma certa “abstração de hardware” (consultem nos verbetes da Wikipedia sobre a BIOS do CP/M e a VDI do GEM).

Episódio 20 – Parte B – Dossiê 6502

retro020b

Este é o Retrocomputaria 20, e, na inauguração do Estúdio S2 (quer dizer, não estava 100% pronto mas gravamos assim mesmo, então às vezes a voz some etc e tal), fazemos um dossiê sobre o 6502, um dos mais usados, conhecidos e famosos chips de 8 bits.

Falamos de derivados do 6502 (6507, 6510 – que volta e meia o Cesar chamava de 65010 – 8500, 8501, 8502, 6520, 6522, WDC 65C02, 65816, 65C816, CSG4510), fabricantes de clones do chip, micros/videogames/robôs alcoólatras/exterminadores do futuro que usaram a CPU, do que aconteceu com o 6502 com a falência da Commodore, de como você pode comprar o 6502 ainda hoje – ou então usar um FPGA mesmo.

Também no episódio, seção de emails.

Ah sim: o Retrocomputaria Plus está no ar!

Ficha técnica:

  • Participantes: Ricardo, João, Cesar, Sander e o Anônimo
  • Duração aproximada: 51 minutos
  • Músicas de fundo: Músicas variadas de computadores com CPU 6502

URLs do podcast:

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Brutal Deluxe Software

No, hoje, já remoto e longínquo episódio 2 do Retrocomputaria (continente europeu), falamos sobra a quase ausência de computadores nativos na França e sobre o quanto o Minitel pode ser considerado como o culpado de tudo. E realmente o cenário francês, principalmente nos computadores de 8-bit, foi bastante pequeno. E, quando comparado com seus vizinhos espanhóis (ZX Spectrum), alemães (C64) e holandeses (MSX) fica menor ainda. E, sim, não esqueci que a INFOGRAMES é francesa!

Mas acontece que o Apple II, e posteriormente o Macintosh, foi bastante popular na França. E é em algum canto de Paris que está localizada a Brutal Deluxe Software, um pequeno grupo de programadores especializados em Apple II e Apple IIGS que estão por aí produzindo software desde 1992 (sim gente, 20 anos!).

E o sítio deles tem bastante coisa! Desde de produções próprias como o editor de telas T40, para Apple II, até a versão de Lemmings para Apple IIGS ou a tradução do System 6.0.1 para o francês (ou seja, Système 6.0.1). Código fonte do VisiCALC e do ProDOS, documentação técnica e dois projetos deles de catálogo do software francês para Apple II e de recuperação do software originalmente disponível em fita cassete.

Para quem tem um Apple II, ou quer apenas conhecer o trabalho deste grupo e do de seus conterrâneos (patrícios?) vale a pena a visita!

Videocast “Games em Jogo”

E o incansável Marcus Garrett, autor do livro 1983: O Ano Dos Videogames No Brasil, além de estar em processo de finalização do seu segundo livro (1984: A Febre Dos Videogames Continua), agora produz um videocast.

O videocast que o Marcus Garrett produz, junto com André Pagnossim, do Chippanze (e que pretendemos entrevistar no futuro), é o “Games em Jogo“. Com periodicidade a ser definida e a proposta de analisar um jogo por vez, o trabalho deles é muito bom, dissecando em detalhes e com muitas IBAGENS e vídeos um jogo em particular.

E o primeiro é… Surpresa! Vejam aí embaixo:

Não esqueçam de comentar e espalhar, o trabalho está realmente muito bom.

Máquinas para o Carnaval

Os amigos da AMX Project (oi Ritcho!) estão se divertindo com um Amiga 1000 – ele mesmo, o primeiro da série – que, tal como a Luiza, estava no Canadá. Só que este Amiga 1000 ainda não atacou de DJ.

Já os espanhóis do Tentáculo Púrpura desmontaram um Amstrad MegaPC, porque a curiosidade é mais forte e… bem… todo mundo queria ver como é esse casamento de um Sega Megadrive e um PC 386SX 😛

E já que falamos de Sega, um presentinho para o Quinto Elemento: um Dreamcast Dreampoint Casio Portable TV – uma TV portátil que você ganhava ao conseguir 10000 Dreampoints.

E se você chegou até aqui, tem BONUS ROUND, também para adoçar a boca do Quinto Elemento (hehe): acharam um outro colecionável Sega, o Aiwa Dreamcast CD Player.

… E um Apple II Plus da Bell and Howell apareceu no eBay.

Essa saiu no Tuaw, e também no TargetHD. Vocês já viram um Apple II Plus produzido pela Bell and Howell? Não? Nem eu. Mas tem um aqui do lado, e tem um à venda no eBay.O vendedor  christique1 está leiloando um Apple II Plus que foi feito especificamente para o mercado educacional, e feito sob encomenda para a Bell & Howell. Para quem não sabe, essa empresa trabalha desde 1907 com a manufatura de câmeras e projetores para cinema. O que mais salta aos nossos olhos é que esse Apple IIe é preto, ao contrário dos gabinetes “cor-de-plástico-ABS” da empresa da maçã. Internamente, esse micro é um Apple II Plus. Sem fonte e sem testes, mas ainda assim, uma raridade para colecionadores: Cerca de 10.000 deles foram produzidos, e em todas essas andanças nesse universo retrocomputacional, é a primeira vez que vejo um Apple II Plus made in USA e preto. O vendedor descreve como em bom estado de conservação, apenas alguns arranhões de uso. O teclado está coberto e está em ótimo estado.

O leilão fechou em 455 obamas (no câmbio da data desse post, módicas 782,48 dilmas). Se você quiser um, não se desespere: Tem outro à venda, exatamente igual. E esse está funcionando. Está em US$ 157,50 e subindo… No pacote, 2 drives de disquete, joystick, monitor e muitos livros. Não, não entregam para o Brasil, infelizmente.

GET LAMP, o documentário

Antes do atirador em primeira pessoa, houve o pensador em segunda pessoa… É assim que você é apresentado ao “GET LAMP“, o documentário sobre os text adventures, dirigido pelo arquivista e historiador da computação Jason Scott. Aliás, este é o segundo documentário dele no tema: O primeiro foi “BBS: The Documentary” (dividido em 8 episódios e cobrindo cerca de 25 anos de histórias sobre as bulletin board systems, as BBS).

Text Adventures?

As Text Adventures, ou IF (Interactive Fiction) como hoje são conhecidas, são um gênero de jogo eletrônico em que toda a interação com o usuário faz-se a partir de sentenças de texto, tanto a descrição do que está ocorrendo como a ação que o jogador deverá tomar. Para exemplificar melhor, o trecho de um jogo do gênero para Apple II chamada Leadlight:

> IN THE LINVILLE STUDENT LIBRARY
It is night. You are in the Linville
student library. The hum of idle
computers and photocopiers permeates the
ordered maze of books. The stacks are to
the south, the toilet is to the west and
the foyer is to the east.
You see the corpse of Charlotte.
You see a library desk.
You see an iPod
WHAT NOW?_

Como assim iPod? Acho que esqueci de dizer que Leadlight é de 2011

Em uma época em que a capacidade gráfica, sonora e de processamento dos primeiros computadores pessoais era bastante limitada eles tornaram-se o principal gênero de jogos consumidos por seus usuários.

GET LAMP

Ele é composto por dois DVDs, o primeiro contendo o documentário propriamente dito e o outro com os trechos não incluídos das entrevistas (por exemplo as partes contendo spoilers sobre um ou outro jogo – há inclusive o imperdível “o spoiler para todos os jogos já criados!“) e uma série de outros arquivos. E por outros arquivos entenda: as músicas utilizadas no documentário, as fotografias, a arte da embalagem, versões digitalizadas de propagandas, os jogos (sim!) e muito mais – aliás, confesso que ainda não consegui analisar todo o conteúdo do segundo disco.

Ao colocar o primeiro DVD no aparelho você descobre que junto com o GET LAMP (disponível para ser reproduzido nas versões “interativa” e “não interativa”) estão ainda dois mini documentários: O primeiro é uma visita guiada realizada pelo Jason Scott na caverna Mammoth, localizada no estado do Kentucky/EUA, que é o maior sistema de cavernas do mundo e a inspiração para criação do primeiro text adventure. O segundo é sobre a INFOCOM, a mais bem sucedida empresa do ramo e a criadora da série Zork.

Com relação ao documentário, prepare-se para muita história: Você será apresentado aos mais diversos personagens, como exploradores de cavernas, professores, acadêmicos, colecionadores, desenvolvedores e, claro, jogadores (de longa data) deste gênero de jogos (e de outros também). A narrativa começa com o surgimento do gênero nos anos 1970, sua ascensão e eventual declínio comercial no final da década de 1980. Depois, ele trata do legado, estilo, forma de concepção, seu uso como ferramenta educacional e até mesmo de inclusão (qual jogo pode ser jogado por um cego?). Finalmente, ele encerra-se com o ressurgimento e redescoberta, com a popularização da Internet a partir da década de 1990. No final, os entrevistados respondem sobre o futuro das IF.

O documentário está disponibilizado sobre a Creative Commons-Attribution-Sharealike-NonCommercial, ou seja, ele é de livre distribuição. Porém se você quiser adquiri-lo, ele custa US$ 40,00 + US$ 9,00 (frete internacional) e pode ser comprado diretamente em http://www.getlamp.com (aceita-se PayPal).

Confesso que realmente vale a pena, tanto pelo conteúdo, como pelo acabamento de todo o material e até mesmo pela moedinha de colecionador incluída no pacote! E para terminar, claro, o trailer do documentário:

É pura retrocomputação!

Nota: Jason Scott está com dois outros projetos na cabeça, e busca financiamento para executá-los. Que tal você também ajudá-lo?