Arquivo diários:23/02/2012

Se ainda funciona, deixa quieto!

O pessoal da PC World produziu uma matéria bastante interessante sobre sistemas que poderiam ser considerados antigos e para lá de obsoletos mas que permanecem em pleno uso nos dias de hoje. O título “If It Ain’t Broke, Don’t Fix It: Ancient Computers in Use Today” que poderia ser traduzido livremente como: “Se ainda funciona, deixa quieto : Computadores antigos utilizados hoje”. E boa leitura!

Atenção especial para a Sparkler Filters que faz sua contabilidade na base do cartão perfurado usando um bom e velhoclássico IBM 402 e para a excursão da IBM indo lá ver o bicho de perto.

KickTOS

Quem acompanha o Retrocomputaria Podcast há algum tempo vai se lembrar dos episódios 11 (sobre CP/M) e também o 12 (sobre Commodore versus Atari). Pois é, isto aqui está relativamente ligado a eles! Não é recente, na verdade já é até bem antigo, de 2008, mas um hacker alemão chamado Andre Pfeiffer resolveu levar paz às duas comunidades ou, o provável, colocar mais lenha na fogueiragasolina no incêndio.

O que ele fez?

Se aproveitando de uma característica do Amiga 1000, a carga do KICKSTART (BIOS, ou firmware se quisermos ser mais “modernosos”) a partir do disquete, ele resolveu adaptar o TOS, o sistema operacional do ATARI ST, para rodar nele!

Para quem preferir, uma versão com melhor qualidade:
http://www.a1k.org/download/area51/OLD/KICKTOS.MPG (32.7Mb)

Até aí nada de mais pois existem vários emuladores de ATARI ST para AMIGA como, por exemplo, o CHAMALEON. Mas no vídeo não está havendo emulação, e sim a execução do TOS de modo nativo no hardware do A1000. Acontece que a área da memória onde o KICKSTART é carregado tem 256Kb e já que o TOS ocupa 192Kb acabam sobrando uns 64Kb para se colocar todas as rotinas específicas para a arquitetura do AMIGA.

E como disse o autor, só queria tê-lo feito há 20 anos!

E onde entra o CP/M na história?

O sistema operacional dos ATARI ST, o TOS, é um sujeito chamado GEMDOS e que é uma versão empacotada de CP/M para 68000 com a interface gráfica GEM, ambos da DIGITAL RESEARCH. E, conforme dito no episódio 11, o CP/M foi originalmente concebido para rodar em vários modelos de computadores com processadores i8080 (ou Z80), que apenas uma parte dele, o BIOS,  era responsável pelo acesso ao hardware e que precisava ser escrita para cada equipamento. Nesta arquitetura as aplicações escritas pelo CP/M conseguiriam ser executadas sem necessidade de ser compilada para cada máquina em específico.

E justamente o TOS herdou tudo (de bom e de ruim) destes caras, principalmente a arquitetura que já previa uma certa “abstração de hardware” (consultem nos verbetes da Wikipedia sobre a BIOS do CP/M e a VDI do GEM).