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Não deixe o teletexto morrer, não deixe o teletexto acabar

Os serviços do tipo teletexto – notícias, jogos e outras utilidades transmitidas para televisões ou microcomputadores de maneira unidirecional – fizeram sucesso por décadas em vários países, até terem aos poucos suas atividades encerradas da década de 2000 pra cá. Mas há uma “aldeia gaulesa” resistindo. E não, não é na França.

É na Suécia.

O serviço SVT Text (SVT é a rede de TV pública deles, tipo TV Cultura, BBC ou PBS) continua firme e forte até hoje, e acreditem, 15% da população (!!!) ainda o usa regularmente.

Vai completar 45 anos agora em março e marrelógico que será mencionado no Repórter Retro correspondente. Mas enquanto isso você pode dar uma olhada neste artigo do jornal inglês The Guardian. Ah… já falei que ele também pode ser acessado via web?

Obrigado a Eugenio Marins pela dica.

O Minitel se aposenta

A esta hora, a France Télécom deve ter desligado o último servidor Minitel que ainda estava online. O sistema de teletexto, que gerou diversos descendentes – incluindo o Videotexto brasileiro (particularmente o da então Telesp), é desligado depois de 30 anos de serviços prestados à França e, porque não dizer, ao mundo.

Como acabou o amor da França pelo Minitel, como um pequeno grupo de produtores de leite ainda depende do Minitel, o TELMI Pérminitel (um conceito de um computador voltado para o Minitel). E, claro, as lembranças de quem tem histórias do Minitel, ou mesmo do nosso Videotexto, para contar.

Um MSX que é… Terminal de Videotexto.

NTT_Captain-Multi-Station.1O NTT CAPTAIN é um microcomputador padrão MSX, fabricado sob encomenda para a companhia telefônica estatal japonesa, a NTT. CAPTAIN (em inglês, capitão) na verdade é a sigla Character And Pattern Telephone Access Information Network. A tradução livre é “Rede de Informação em Caracteres e Acesso Telefônico”. Nós conhecíamos no Brasil algo similar, que era o nosso Videotexto. Serviços semelhantes eram o RTPtexto português, ou o Minitel francês. Na prática, um sistema de BBS estatal.

Logo, a NTT encomendou à Mitsubishi que fizessem um MSX2 que funcionassem como dispositivos CAPTAIN. Esses micros foram chamados de Captain Multi Station (CMS) por volta de 1986, e custavam o equivalente a R$ 2025,00 (câmbio de hoje), vários aparelhos foram vendidos e entraram em circulação.

Há quem diga que o governo japonês ainda mantém o projeto CAPTAIN no ar, embora tenha certamente sido deixado de lado por conta da Internet. Segundo o MSXzeiro Alex Wulms, o chip FM-PAC era capaz de gerar os “tons CAPTAIN” para o telefone, o que reforça a ideia da escolha do MSX como padrão adotado para ser a base de um dispositivo CAPTAIN.

Por dentro

Tirando o Daniel Ravazzi, não conheço mais ninguém que tenha um NTT CAPTAIN Station à mão. Sim, o Ravazzi tem e levou a Jaú, onde tive o prazer de mexer com um. Falo melhor das minhas (parcas) impressões no final.

Por dentro o NTT CAPTAIN Station é um MSX2 com 192 Kb de RAM, com PSG. sem drives de disquete ou portas de cassete, Kanji ROM, modem embutido, teclado destacável e opcional, saídas RF, RCA e RGB, 2 slots para cartucho, 2 portas de joystick e controle remoto. Vamos às considerações:

  • 192 Kb de RAM? Bizarro, visto que MSXs tinham sempre múltiplos de 64 Kb, em geral (64/128/256/512 Kb), e não 2,5 vezes, como 192 Kb.
  • Cadê o FM-PAC? Bem, deve estar por lá, mas aí, só abrindo. Se topar com um integrado, como um MSX-Engine, aí lascou.
  • Sem drives de disquete ou portas de cassete… Só com interface externa de drive, ou IDE mesmo.
  • A Kanji ROM é fundamental, tem que estar por lá. Mas não é acessível por um CALL KANJI.
  • O modem não é acessível sendo MSX (CALL COMINI não funciona).
  • Teclado destacável… Coisa rara de se ver entre micros japoneses.
  • O controle remoto é algo que nenhum outro MSX teve.
  • Carcaça metálica, como os Philips NMS-8250, o que ocasiona maior peso. Sim, o dito cujo é pesado, 5,4 kg.

Minhas impressões são bem parcas, nada além de ter achado aquele o maior controle remoto que eu já vi na vida, e o teclado ser bem macio e agradável para a digitação.

Maiores informações vocês podem encontrar no (grande) artigo disponível no MSXResources, já traduzido para o nosso idioma, aqui de terra brasilis.