As coisas que você descobre passeando ao acaso em repositórios de publicações antigas. No número 82 da Revista Saber Eletrônica, de junho de 1979, esbarro com este artigo:
Eu poderia ficar aqui discorrendo sem fim sobre as implicações sociológico-histórico-culturais da ilustração, mas vou me conter e só falar um pouco da máquina e do fabricante.
Na década de 70, a RCA vendia muito no Brasil aparelhos eletrônicos, componentes e LPs de música (para os garotinhos juvenis, era assim que a gente chamava os exóticos discos de vinil). É razoável imaginar que em algum momento tenha surgido intenção de trazer pra cá um computador doméstico. O COSMAC VIP foi a tentativa deles de entrar nesse mercado, foi lançado nos EUA junto com a Trindade de 1977 da Commodore, Tandy e Apple, e usava o bizarro processador CDP1802 que já ganhou algumas menções aqui no site e no podcast.
Mas ao contrário dos micros verdadeiramente domésticos, era mais uma máquina de hobistas, estudantes e geeks em geral. Nos EUA, era vendido em forma de kit. A linguagem de programação CHIP-8 era nada amigável, quase um bytecode. Não encontro qualquer outra menção à presença dele no Brasil, embora a matéria da revista jure de pés juntos que ele estava disponível no mercado.
Numa Terra Alternativa observada por Uatu, ele poderia ter sido o que o NEZ80 da publicação concorrente, a Nova Eletrônica, acabou sendo.
Abaixo, o artigo completo. Clique nas imagens para ampliar.
Adoro artigos que falam sobre o que foi um dia a computação no Brasil e no mundo.
Hoje em dia não existe mais isso, com exceção do Retro Computaria e outros poucos sites que falam sobre o assunto.
Concordo. Acho que isso é um reflexo dessa nova geração “nutella” que pega tudo praticamente pronto, não criam quase nada. No início, as coisas eram muito diferentes, o que, na minha opinião, servia até de estímulo a pesquisa, etc. Um dos motivos que desgostei de trabalhar com programação foi o nascimento das linguagens visuais. A última que eu fiz alguma coisa foi em Clipper 87. Depois disso, foi trabalhar com infra e redes. Hoje cansei de tudo isso, sou advogado rsrsrsrs.
Realmente. A informática era uma aventura naqueles anos 70, 80 e 90. Depois virou uma coisa aborrecida e entediante. Pode ser apenas uma impressão minha, mas eu tenho ouvido a mesma percepção de diversas pessoas que viveram aquela época e se mantem em atividade até hoje.
Um detalhe que me chamou a atenção, foi que, na quarta página do artigo, aparece a propaganda de uma empresa chamada INCTEST, o que fica parecendo “incest” ou “incesto” em inglês, e ainda tem uma loja engraçadinha, que usou em seu nome letras semelhantes às usadas pela Radio Shack e um nome parecido, ao da Radio Shack
Os anos 70 foram uma época estranha.
A Eletrônica era muito popular nos anos 70, fosse ela usada como hobby ou ganha-pão. Informática (hardware) era apenas mais uma área da mesma, ao lado de Áudio, Vídeo, TV, Rádio, Telecomunicações, Automação, etc.
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Época estranha é esta em que vivemos, em que um sujeito pega um arduíno, faz piscar alguns LEDs e acha que sabe tudo de Eletrônica.
Concordo. Mas tenho saudades daquela estranheza.
Tamo junto.
Também tenho saudades daquela época. Não é nostalgia, que é algo bem diferente.
Dá saudades mesmo. É uma “estranheza” maravilhosamente familiar.
A “lojinha” em questão foi uma experiência de se criar uma loja de componentes eletrônicos usando o modelo de um supermercado, onde o cliente pegava o que queria nas prateleiras ao invés de passar uma lista para um vendedor atrás de um balcão. Eu estive lá uma ou duas vezes na época, o negócio não deu certo.
Então o livro da tandy “Understanding Digital Computers” não foi traduzido.