A saga do Omega MSX Computer parte 15: Finalmente, o gabinete.

Bem, faz tanto tempo que eu trouxe a última parte a respeito da montagem do Omega que eu mesmo já tinha esquecido de relatar os processos para a confecção do gabinete. Mas como diria Galileu na Galiléia, antes tarde do que mais tarde.

O grande problema que eu arrumei pra mim mesmo foi fazer um Omega mais alto do que os outros. Como eu quis colocar a placa de FM nele, o micro teve que ser mais alto pelo menos mais 20 mm. Ou seja, o micro agora tem 50 mm de altura, o que me fez chamá-lo simpaticamente de o bolo de dois andares. Mas não é que parece mesmo?

O problema é que, quando a gente sobe o projeto, ganha um monte de dores de cabeça. Mas antes, deixa eu falar sobre as ideias anteriores. E pode acreditar, o gabinete até aqui é o que me deu mais trabalho.

Impressão 3D ou acrílico?

Se você der um pulinho na Thingiverse, encontrará alguns projetos de gabinetes para o Omega, para serem confeccionados em impressoras 3D. Há exatamente 4 projetos por lá. São eles:

  1. Um projeto que imprime um gabinete, e que fica com a cara de um Panasonic FS-A1. Bonito, mas o autor disse que só projetou, nunca imprimiu! Você vai arriscar? Nem eu. E eu já tenho um “FS-A1 branco“. Mais um?
  2. Um projeto para deixar o micro com a cara do SVI-728, da Spectravideo. Esse ficou simpático, e tem alterações no projeto para caso você tenha 2 slots superiores, ou um um slot superior e outro deitado. Esse era o candidato preferencial para mim.
  3. O terceiro projeto confecciona um gabinete grande (XL) para o Omega. Aí cabe tudo ali dentro: Drive, fonte interna, alto-falantes… Fica um micro grande, mas tem suas vantagens. Eu não queria algo tão grande assim, confesso.
  4. O último é um gabinete que não é a princípio para o Omega, mas sim para colocar um Raspberry Pi e um teclado mecânico, e se sentir “como nos velhos tempos”. Um dos membros do “clube do Omega” começou a imprimir esse gabinete, e alterou o projeto para se adaptar ao seu Omega. Ele repassou ao autor, que incorporou ao projeto, lá no Thingiverse. Legal, não?

Eu pensei então em imprimir o gabinete 2, por vários motivos… Mas um principal fator que me fez desistir da ideia foi um só: Preço.

Para vocês terem uma ideia, uma impressão 3D numa PCBWay, JLCPCB ou outro bureau especializado em impressão 3D, não sai nada barato. Para não dizer que estou mentindo, submeti um conjunto de arquivos para a JLCPCB (onde fizemos as placas do Omega), e o custo foi de R$ 580,79. Isso, no modo mais barato. Fora frete, fora possível tributação, fora o tempo gasto para receber (a impressão leva de 2 a 3 dias úteis, mas e o tempo de envio?). Em resumo, seria muito caro e qualquer adaptação no projeto seria inviável: Era basicamente jogar fora e imprimir novamente.

Um sonho seria fazer em metal usinado, já pensou que coisa linda? Mas não quero nem pensar no valor…

Você deve lembrar que eu publiquei um artigo com projetos de gabinetes para o Omega. Então, inicialmente eu pensei em fazer um gabinete maior, colocar tudo dentro… Mas eu pensei depois que o Omega pode ser um ótimo micro para eventos. Afinal, é um MSX 2+ com 512 Kb de SRAM, todo bem projetado, com FM e opção de ter 2 BIOS. Pra ficar melhor, só faltava um turbo. Mas isso é conversa para quem entende, não para mim.

Logo, pensando no custo e nas alterações, resolvi adotar um gabinete em acrílico, mesmo não gostando do aspecto.

E começa a saga.

Então, o primeiro gabinete foi cortado com a máquina de um amigo e ouvinte nosso. Fui comprar o acrílico em uma das lojas q ele me indicou, no centro do Rio de Janeiro, e fui pra casa dele, pra gente ver a questão do corte. Como eu sabia NADA do assunto, acabamos cortando o gabinete XL (o número 3) e fizemos um mini-encontro, regado a carne, conversa e cheiro de acrílico queimado (acredite, é horrível). O gabinete seria transparente, mas com o logotipo do MSX em baixo relevo, por dentro. Seria o gabinete XL, para caber uma fonte dentro. E mal sabia eu que isso foi uma besteira daquelas.

Aí eu esbarro no problema dos espaçadores e parafusos (tudo fora de padrão), e eu resolvo mudar tudo e fazer o gabinete pequeno (aquele projeto do próprio Sergey Kiselev). Só que o primeiro corte, por um erro meu, foi feito em acrílico de 4 mm. Acontece que o projeto é para acrílico de 3 mm. E o tolo aqui achou que não fazia diferença.

Mas fazia. E como fazia.

Bem, o gabinete é todo encaixado, e devido à diferença de 1 mm de espessura, nada encaixava mais. A coisa piora quando o pateta aqui resolve alargar os buracos por conta própria, para diminuir o desperdício de acrílico. E lá vou eu com uma microrretífica, uma broca, uma mão não tão firme e alguma paciência para tentar alargar todas as cavidades.

A imagem abaixo explica tudo.

Vai nas lojas de corte de acrílico, corta tudo de novo. Aí eu corto em preto, na espessura correta (3 mm). Fica bonito… Mas há um problema e um erro:

  1. O problema é que o preto é um parente próximo do black piano. Ou seja, fica com marca de dedos até falando perto.
  2. O erro foi mandar colocar o logo do MSX na parte de trás… E a máquina cortou o logo. Ficou um buraco, que é muito frágil. Dispensável dizer que as voltinhas do S quebraram. Eu ainda achei que era possível cortar um pedaço de acrílico, pra proteger… Mas falhei miseravelmente.

Pelo menos o fundo preto eu decidi manter. A parte de cima está na minha caixa de sobras de acrílico, que tem mais itens que eu gostaria de me lembrar… Mas pelo menos acrílico preto é mais facilmente marcável por um laser de baixa potência (como o laser da minha gravadora).

De volta ao acrílico: Pensei no acrílico branco, cheguei a cortar… Mas dizer procês, gabinete em acrílico branco é mais feio do que bater na mãe. Caraca, parece leitoso, esquisito… No final das contas desisti e fui pro transparente mesmo.

Não que eu goste de acrílico transparente. Eu realmente não gosto. Mas pelo menos se eu quiser pintar ou fazer uma pintura hidrográfica, é mais fácil: Eu faço pelo lado de dentro, aplico o verniz incolor e pronto: Arranhões externos não danificarão a película.

O gabinete final ficou esse aqui:

Até que ficou bom, né? Depois de muito trabalho… O fundo ficou acrílico preto mesmo, deixei quieto.

(Mais) mudanças no gabinete.

Mas havia um problema. Aliás, havia dois. O primeiro problema é que eu queria por botões no gabinete. Um na lateral esquerda, para ligar e desligar o micro. E na lateral direita, dois botões: Um para reset e outro para chavear a BIOS.

Para quem não sabe, o Omega permite ter 2 BIOS completas de MSX 2+ na sua Flash-ROM, e o RetroCanada fez um programa (o OFLASH) que permite gravar o conteúdo nessa Flash. Ou seja, você pode ter uma BIOS de um MSX 2+ japonês, todo cheio dos badulaques, e como backup, uma BIOS de Expert transformado para MSX 2, por exemplo. Apesar de que eu não lembro quem iria querer… Mas é possível.

O segundo problema é que eu queria por a placa de FM dentro dele. E com isso, o gabinete teve que subir em altura as 4 laterais, num total de 20 mm. Aí eu peço ajuda de um amigo do trabalho que é cadista (trabalha com AutoCAD em outro emprego) pra fazermos os acertos. E aí vamos lá, mede aqui, mede ali, calcula onde encaixar o botão para não encostar em nada…

No final das contas, entre muitas idas e vindas em locais para cortar acrílico – inclusive achei um perto de casa que faz um trabalho bem competente – o resultado final é aquele da foto lá de cima. Acabei recolocando as teclas numéricas com os caracteres especiais de novo (1 com ponto de exclamação, etc), e coloquei algumas teclas amarelas também, que vieram junto com o conjunto de capas de teclas que adquiri na AliExpress. Convenhamos, ficou mais bonito.

Os botões laterais (que vocês vêem aí em cima) foram substituídos por botões de metal. São mais caros, mas são muito mais resistentes às minhas barbeiragens com solda. E o botão de liga e desliga (era esse quadrado da segunda foto) agora é um botão que acende quando a gente liga o micro. Ficou bem chique! Mas eu tive que alargar o buraco do botão na lateral esquerda com uma lima circular (sim, tive que fazer isso). Felizmente, a forma pela qual eu fiz o  serviço e o próprio formato do botão, esconde os cortes. Dá para enganar.

Mas foi tão fácil assim?

Não mesmo. Sobrou um tanto de acrílico aqui, que eu aproveitei para fazer experiências com a minha gravadora a laser. Eu nem contei a saga dos parafusos e dos espaçadores… E ainda tem os problemas que tive com a placa, que fizeram ela ir (mais uma vez) visitar um amigo. Mas essa eu conto na próxima parte. E lá eu falo um pouco da fonte de alimentação também.

E a saga, está acabando?

Antes que vocês perguntem… Não. Ela fez divisão celular (meiose, talvez) e duplicou.

Como assim?

Simples: Um amigo aqui do Rio, a primeira pessoa que eu conheço que montou um Omega… Decidiu vender o dele. E ele vendeu por um preço muito bom, tipo 30% a menos do que eu gastei pra montar o meu.

Aí sabe aquela esquete do melhor de todos os Trapalhões, o Mussum?

Antônio Carlos, saudades… Mas isso aqui não é um site sobre humor dos anos 1980, é sobre retrocomputação, então continuemos (e quase encerremos). Ofereci o micro dele para mais de uma pessoa. Pelo menos três agradeceram a oferta, mas declinaram.

E eu comprei. Não resisti, comprei.

Posso dizer que fiz poucas mudanças nele desde que chegou. Mas falarei desse Omega 2 melhor num post dessa saga, no futuro.

E nos vemos na próxima parte da saga do gabinete. Até lá!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

2 pensou em “A saga do Omega MSX Computer parte 15: Finalmente, o gabinete.

  1. O Gabinete ficou bem bacana assim translúcido.
    Eu cheguei a dar uma olhada aqui no site da Hammond pra ver se tinha uma caixa que coubesse uma placa dessas. Tem umas da série 1456 que são lindas, em alumínio com laterais em madeira, mas o preço é bem alto por volta dos $100. Ainda na série 1456 tem umas totalmente em alumínio, a $45. Que já são mais acessíveis mas ainda assim meio caras. A Patola tem a PB900 que talvez caiba, mas o acabamento não é tão legal assim.

    1. Fui olhar as caixas que você indicou… As da Hammond são bonitas mesmo! Mas pelo menos na Patola ele não cabe. O gabinete tem 358 mm de largura, e a PB900 tem 100 mm a menos do q isso.

      Acabou q encomendei um corte em acrílico azul p/ o Omega 2 (Omega Blue, n sou lá muito fã de Marvel, senão seria o Omega Red!), e uma nova tampa translúcida pro Omega 1. Mas esse Omega 1 eu ando pensando em fazer pintura hidrostática nele. N gosto muito de gabinetes transparentes e/ou translúcidos, então pensei em torná-lo + agradável pra mim… Nem q seja c/ uma “pintura” de madeira, sei lá…

      Problema é tempo pra isso. Cadê? Droga…

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