A saga do Omega MSX Computer parte 9: Tantos gabinetes, tantas ideias…

Conforme vocês ouviram de um entrevistado nosso (dica: Fizemos uma live com ele , que é o episódio 137), ter o protótipo pronto não é nem de perto a conclusão de um projeto. No caso do meu Omega, faltava ainda uma parte importante: O gabinete. E aí começam as dúvidas…

Confesso para vocês que eu sonhava com um gabinete do tipo unibody, usinado, em alumínio mesmo. Ficaria lindo demais para esse micro. Já pensou? Mas o custo seria proibitivo. Outra opção seria imprimir um gabinete em plástico, numa impressora 3D… O custo cairia, mas ainda assim o tempo de impressão seria alto demais, e o custo ainda assim seria bem alto. Vamos falar a respeito então.

Vamos falar em valores: Nas empresas chinesas de confecção de placas (como a PCBWaaaaay e a JLCPCB), há o serviço de impressão 3D. Um gabinete para o Omega teria que ser impresso em quatro (4) partes, sendo duas compondo a parte de baixo e duas compondo a parte de cima. Essas partes seriam unidas com parafuso e porca por dentro do gabinete. Isso por si só já seria um problema, visto que ficaria com um vinco na peça fechada. Ninguém tem uma impressora 3D com uma área de impressão tão grande.

Logo, as quatro partes do case do Omega, impressas em resina LEDO 6060 branca, com polimento, sairiam por US$ 96 na JLCPCB. Mais US$ 70 de envio, então o total deve ser cerca de US$ 165. Na conversão de hoje, R$ 872. É importante ressaltar que resina tem um acabamento bem melhor do que outros materiais. Mesmo assim, muito caro.

Então, eu poderia alugar a impressora 3D de algum amigo no processo, pagar o filamento e pedir pra ele imprimir… Mas o custo seria ainda bem alto, sem contar o risco de “dar ruim”: Explico: muita gente vê as vantagens da impressão 3D, mas pouca gente está atenta às desvantagens. Vamos a elas (e vocês sabem que eu adoro uma lista):

  1. Se houver uma falha no projeto, a impressora pode “gerar macarrão”, aí todo o tempo de impressão, a energia gasta e o filamento usado… É descartado. Joga fora e faz de novo, ou tenta adaptar, caso seja superficial.
  2. O processo de impressão é bem lento. Um cartucho de MSX (do tamanho de uma fita cassete) leva cerca de 8 horas para ser impresso. Imagina quanto seria para imprimir esse gabinete? Eu chuto em umas 48 horas. Já pensou, se ainda o item aí de cima acontecer?
  3. O acabamento também não é algo lá… Maravilhoso. Quer dizer, melhorou ao longo dos anos, mas ainda assim deixa a desejar.

Um certo ouvinte nosso (e pessoa bem ativa na comunidade) já disse para mim: Impressora 3D é muito legal, mas tem que melhorar muito para ser ruim. E antes que você grite comigo, queria dizer que essa pessoa tem impressora 3D. Agora, se você discorda dele, não reclame conosco!

Mesmo assim, há vários projetos de gabinetes disponíveis para o Omega para imprimir em impressoras 3D… Mas a alternativa era o acrílico. Confesso que acrílico não foi a minha primeira opção de material, já que eu mesmo não gosto da ideia de um gabinete transparente. Não vejo graça em gabinetes transparentes, para quê eu quero ver o que tem lá dentro, se eu já sei o que tem? Mas acabei pendendo para esse lado por alguns motivos:

  1. Custo: O gabinete padrão do Omega (peojeto do próprio Sergei Kiselev) custaria no máximo R$ 200 para cortar (material incluso), numa loja especializada em cortes de acrílico. Custo muito menor.
  2. Tempo: O corte seria feito em questão de horas, enquanto que a impressão 3D demoraria muito mais tempo. No mais tardar, pegaria no dia seguinte.
  3. Opções de cor: Se você procurar um tanto, consegue cortar o gabinete em acrílico de 3 mm em diversas cores, do preto black “cheio de marcas de dedos” piano até branco leitoso, passando por diversas cores… Até o transparente, o que pelo menos permite que o gabinete seja pintado.
  4. Facilidade (ao menos para mim): Na Rua dos Inválidos, em Paris no centro do Rio, há várias lojas especializadas em acrílico, e muitos fazem o corte na hora.

Mas vamos aos problemas, que eu aprendi gastando mais do que eu gostaria – e espero que vocês não gastem como eu:

  1. Fez errado, perdeu, tem que cortar de novo. E nisso, tem partes do gabinete que estou cortando pela 3a, 4a vez… E não sei se explico isso tudo para vocês.
  2. Tem que ver exatamente a espessura do acrílico que é pedida. Se o projeto é para acrílico de 3 mm, use acrílico de 3 mm e pronto. Não adianta querer cortar em acrílico de 4 mm, achando que “vai dar”. Não, não vai dar. Acrílico é rígido o bastante para não alargar um pouquinho. O jeito é cortar de novo ou alargar os buracos com uma microretífica, o que eu realmente não aconselho – e sim, eu já fiz isso.
  3. Melhor levar o projeto para que eles cortem do que comprar o acrílico para cortar em outra loja. O custo é muito menor. Mas aí, você vai ter que aprender a mexer um pouco com CAD (ou enganar bem) para os devidos acertos.

E aí… Haja paciência, por que nem sempre você vai fazer os cortes e vai dar certo. Na maioria dos casos, não vai dar certo. E nisso, o tópico 1 das desvantagens fala alto: Basicamente, joga fora e faz de novo. No momento em que vocês leem esse post da série, estou indo fazer a 4a ou 5a sequência de cortes para o gabinete. Com a ajuda de um amigo cadista, fiz modificações no arquivo, mas mesmo assim não deu 100% certo, então… Lá vamos nós de novo.

Essa saga do gabinete eu vou contar em um próximo post… Ou não. Eu a acho chata. Mas queria dizer que optei pelo gabinete slim do Omega, esse cuja imagem está lá em cima. O motivo é simples: Ele é pequeno, o que torna ele um ótimo MSX para eventos: Já tem FM (se eu colocar a placa FMPAC), é um MSX 2+ com 512 Kb de SRAM, saída S-Vídeo (que alguns deliram), RGB (aí sim!) e vídeo composto, 2 BIOS para chavear… Bem, no momento ele cabe na caixa de papelão onde a placa-mãe voltou, quando ela foi excursionar na casa de um amigo, para reparos.

Mas ainda assim, houveram algumas modificações:

  • Quero colocar a placa da fonte e a placa do FMPAC, que estão disponíveis no site MSXMakers.
  • Quero por botões de liga-desliga, reset e o botão para chavear a BIOS (três no total). Há micros mais baratos, não MSX, cujo usuário não tem nem um botão de power ou de reset para desligar e/ou resetar. Quero essa vida de Sinclair para mim não.
  • Quero que o LED de ligado esteja visível.
  • Vou pintar o gabinete, já que eu não gosto de acrílico transparente.

Logo, tive que modificar o projeto. Logo, aumentei o número de espaçadores de acrílico (o Kiselev foi pão-duro, muito poucos espaçadores e você os perde com uma facilidade incrível), posicionei círculos nas laterais onde encaixariam os botões, e ainda aumentei em 5 mm a altura das laterais, mesmo correndo o risco de ter problemas com os parafusos usados e os espaçadores – aliás, outra novela. Essa imagem que vocês vêem abaixo já contemplam duas das três modificações, ainda não aumentei em 5 mm nesse desenho. Mas como eu precisava apenas das laterais, farei só o corte das laterais e dos espaçadores.

Bem, espero que agora eu consiga fechar a novela do gabinete. Se você ficou curioso com os diferentes gabinetes do Omega, o próximo post será a respeito das fotos de gabinetes que eu encontrei, e meus devidos comentários a respeito. Espero que gostem!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

Um comentário em “A saga do Omega MSX Computer parte 9: Tantos gabinetes, tantas ideias…

  1. Se ficar igual ao da primeira foto já vai ficar lindão! 👍👍

Os comentários estão fechados.