Eu tenho uma opinião que, se não é mais polêmica que mamilos, talvez chegue perto: a distinção entre computadores e consoles de videogame é artificial e arbitrária. Acredito que um console é apenas um computador que foi cerceado em sua liberdade de expressão e autoritariamente obrigado a renunciar a suas potencialidades e rodar apenas um tipo de software.
O mesmo se aplica a alguns outros tipos de equipamento, como (mas não limitado a) wapuros e tituladores.
Caso em questão: este bixistranho que o Nightfall arrumou desta vez, o CreatiVision da VTech de Hong Kong (fabricante também, entre outras coisas, do notável clone de Apple IIc Laser 128). No caso, a versão que foi vendida na Austrália, de nome Wizzard. Processador 6502, chip de vídeo 9918 (o mesmo do MSX e do TI-99/4A) com os esperados 16 KB de VRAM e magérrimos 1 KB de RAM. Bem, é mais do que o Texas.
Com aparência muito parecida ao Intellivision, tanto no formato e encaixe dos cartuchos (clique aí do lado para conferir) quanto nos controles com keypad, o atributo mais curioso está exatamente nestes últimos: ao acondicionar, bem intellivisiomente (e colecovisiomente) os controles nos seus recessos no topo do console, você fica com o que? O que? Hein?
Sim, um teclado QWERTY completo, com Control, setas, espaço, Enter e o escambau! Aí você bota um cartucho de BASIC, faz seus programinhas e grava e lê de fita cassete, como qualquer micro doméstico de bem e pagador dos seus impostos do início dos anos 80. Naturalmente, não é uma Brastemp, mas é bem melhor que aquela expansão da Spectravideo para o Atari 2600, com a vantagem adicional que o console já vinha com essa capacidade de fábrica. Inclusive um conector para um teclado externo opcional, para os dedos da pobre criança aprendiz de BASIC sofrerem um pouco menos e nublar ainda mais a já vaga fronteira entre consoles e computadores.
UPDATE: O console foi reparado e testado com um cartucho multi-ROM! Clique aqui para o p0rn!