A saga do Omega MSX Computer parte 8: It’s alive!

Então, acabou todo o processo de soldagem, montagem de cabos, componentes… Aí bateu aquela dúvida: Ligo ou não ligo? Eu já tinha plena convicção de que o micro não funcionaria de primeira. Motivos? Vários. Mas eu teria que vencer o medo e testar, mesmo que soltasse fumaça. Até que…

Minha esposa desejava ir num salão de beleza, bem longe de casa. Era para fazer um tratamento permanente, daqueles que nós, homens, não temos coragem de fazer (somos um bando de maricas mesmo), mas elas fazem sem nem pensar, se tiverem dinheiro reservado para tal.

Mas acontece que o salão era perto da casa de um amigo, que manja dos paranauês da eletrônica. Bem, juntamos a fome com a vontade de comer. Falei com ele sobre a minha ida, e ele disse basicamente um pode vir. E lá fomos nós, muitos quilômetros da nossa casa, para colocar o Omega funcionando e ela realizar o tão sonhado tratamento estético.

Esse amigo não conhecia o projeto Omega, então em vários momentos tivemos que olhar os esquemas elétricos da placa para entender o que estava acontecendo. Quer dizer, ele teve que olhar, porque para mim, mesmo olhando, os esquemas continuam sendo um mistério… Se bem que agora um pouco menos misteriosos. Vamos então à lista dos erros que eu cometi e me lembro:

  • Havia um RTC encaixado como DRAM. Lembra que eu contei na parte anterior, que peguei as DRAMs para o vídeo com um amigo, em São Paulo? Pois é, ele se confundiu e mandou um RPC501 no lugar de uma SRAM. A pinagem é a mesma, então eu também errei ao colocar lá. Dispensável dizer que queimou. Puft. Uma nova DRAM teve que ser adicionada.
  • Trocamos alguns chips 74HCT, se não me engano porque eu coloquei o chip errado. Estranho, eu fui bem cauteloso em colocar os chips certos. Mas acontece, e por algo além da minha compreensão (Deus?), esse amigo tinha chips equivalentes. Logo, sai um ou dois 74HCT, entram um ou dois 74LS (não lembro quais). Eles foram substituídos e eu fiquei devendo os chips e minha gratidão. Teve também um chip que foi trocado, acho que da SRAM. Mas este amigo tinha para substituir também. Ufa.
  • A maioria das soldas estavam bem feitas, mas algumas ficaram pavorosas. Confesso que ouvir de alguém tão experiente com solda, de que a maioria das soldas estavam bem feitas… Alegrou o meu coração. Mas nem tudo era perfeito, e algumas soldas estavam bem problemáticas. Por exemplo, o conector de 50 vias do cartucho 2 estava (e está) levemente torto. A recomendação que eu ouvi foi: Deixa do jeito que está, dessoldar é pior. E no futuro eu entenderia da pior maneira possível (aguardem as próximas partes). Mas houve um soquete que estava tão torto que não fazia contato com a ilha da placa! A solução foi então feita por esse amigo, que não dessoldou o soquete, mas encheu de solda por cima da placa, entre o soquete e a ilha. Resolveu o problema. Ele também refez a minha solda na barra de terminais, que fica no canto direito da placa. E sou obrigado a concordar com ele, essa solda estava HORRÍVEL. Eu não sei quanto a vocês, mas soldar barra de terminais, para mim, é o pior. E foi pior do que soldar o soquete do V9958, mesmo com pino do soquete pulando e tudo.
  • A memória Flash do Omega não estava gravada, logo gravamos uma ROM do projeto MSXMakers, com o software MSX Diagnostics. Aliás, se você tem interesse em montar o Omega, uma (ou várias) visita(s) ao site do projeto MSXMakers é muito necessário. Eles tem vários artigos interessantes a respeito do Omega e a respeito de outros projetos. Isto é, se o espanhol não for uma barreira para você – eu confesso que ficaria mais confortável se lesse em inglês, mas aí é um problema meu.
Omega ligado pela primeira vez.
Omega ligado pela primeira vez.

Então, finalmente ligamos o micro. E o resultado é esse aí do lado. Se você quiser ver em maior resolução, basta clicar na imagem. Bem, ele não reconheceu a memória. Na verdade faltava a BIOS gravada na Flash, mas estava funcionando! Ufa! Gravamos a ROM com o MSX Diagnostics, e o micro passou nos testes… Tirando uma inconsistência na memória (o MSX Diagnostics dizia que o micro tinha 4 Mb de RAM e ele tinha 512 Kb), estava funcionando.

Mas a imagem estava assim, meio esquisita. Vale lembrar que o Omega pode chavear entre NTSC e PAL, e no meu preciosismo, resolvi montar o micro com todos os conectores e circuitos. A piada de “Se não tem porta de cassete, então não é MSX” não cola aqui: O meu Omega tem porta de cassete, mesmo que nunca seja usada. Usei jumpers (retirados de placas-mãe velhas lá do trabalho) para definir as configurações, mas a imagem continuava desse jeito. E nos debruçamos boa parte do dia para entender o que estava acontecendo, sem sucesso.

Voltei, peguei minha esposa no salão (critiquei a ação feita por ela, claro), falei com um outro amigo sobre o que aconteceu… E ele disse: “Manda esse micro pra cá que eu resolvo“. Nem pensei duas vezes: Coloquei numa caixa (junto com outras coisas) e mandei para ele, pelos Correios mesmo.

E poucos dias depois, ele me manda as fotos que vocês vêem agora:

Basicamente, eu montei o circuito PAL sem precisar. E o que ele fez foi retirar um chip, um transistor e a imagem ficou estável e boa. E como a imagem desse danado é boa. Mesmo no vídeo composto, fica muito boa. Vejam as imagens e eu coloquei direto aqui dois vídeos que ele me mandou, e no futuro adicionarei no nosso canal do YouTube:

Ele rodou um teste de memória (o TESTMAP, não foi o TESTRAM, que muitos tem em cartucho), e ele apontou um erro lá pelo endereço &H8000, ou seja, no início da 3a página de memória. Estranho… Daí ele passou pro teste rodando softwares. Colocou o jogo abaixo, tocou vários arquivos VGM grandes (com o software VGMPLAY), e nenhum erro. Rodou vários outros jogos (Space Manbow entre eles), e nada. A conclusão que chegamos é que há algum problema do TESTMAP com ele. Vamos ver se esse problema aparece novamente, mas creio eu que não aparecerá novamente.

Então, todo o processo de montagem do Omega acabou, certo?

Ainda tem as capas de tecla, a saga do gabinete (que ainda não está concluída), novas adições, como a placa nova para a fonte e a extensão do FM. Então, a saga ainda não acabou. Maiores novidades em breve!

 

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

Um comentário em “A saga do Omega MSX Computer parte 8: It’s alive!

  1. Show de bola! Agora que a máquina já funciona, o restante é apenas trabalho, acabaram-se as incertezas! Ja pode abrir o Champagne! Parabéns!!!

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