Emulando um micro clássico em outro micro clássico

Momento de pagar promessas! Apesar de evitarmos falar de emuladores por aqui, mas desta vez resolvi (me) abrir uma pequena exceção para falar de emuladores de computadores clássicos que foram desenvolvidos para serem executados também em computadores clássicos (obviamente que de uma geração anterior ou, em alguns casos, até de um contemporâneo). A ideia central é mostrar que a emulação, em geral, não é nenhuma novidade que só se tornou possível nos últimos tempos pelo aumento, quase obsceno, do poder de processamento dos computadores. Val lembrar que a primeira versão do Microsoft BASIC foi feita em um simulador de ALTAIR rodando em um PDP-10.

Como a ideia é começar do princípio, literalmente, o primeiro emulador da lista é de Apple 1 (sim, aquele mesmo da caixa de madeira), escrito por Simon Owen para o SAM Coupé. Também são dele os emuladores de Commodore VIC-20, este também disponível para ZX Spectrum, e dos eslavos Galaksija e Orao! É claro que emular contemporâneos tem seu custo, não é possível fazer mágica e o próprio autor reconhece e informa que se você tiver uma Quazar Mayhem (Z80 a 20MHz, uau!) instalada no seu Coupé, as coisas realmente ficarão legais.

Tetris
SAM Coupé emulando um Galaksija

Permanecendo na família Sinclair, mas invertendo a história, é o Emulador de ZX81 para computadores MSX! Desenvolvido aqui mesmo por Rubens Pereira Silva Jr. (alguém sabe por onde ele anda?), comercializado pela KRON (que depois virou a XSW) e que transforma seu simpático EXPERT ou HOTBIT em um tão simpático quanto CP200 ou TK85 (já que as mensagens da ROM estão traduzidas) e com direito até a ler os cassetes originais destes computadores. Infelizmente o emulador não sabe usar o disco mas mesmo assim é bem legal ver Em Busca dos Tesouros e Valkirie rodando no MSX!

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MSX emulando o ZX-81. Olha mãe, TK85 a cores!

Já que o assunto é o ZX81, também é possível emulá-lo diretamente em seu ZX Spectrum! E, em uma espécie de recursividade quase irônica, certa vez cheguei a encontrar “pelas internetes da vida” um emulador de ZX Spectrum feito para o próprio ZX81 (sério, primeiro de abril já passou!) que de acordo com o autor conseguia até mesmo rodar joguinhos feitos para os speccy de 16KB e em alta resolução. Mas, mesmo não conseguindo encontrar referência deste cara, resolvi fazer a citação. Mas como toquei no assunto da recursividade, existe também um emulador de MSX para MSX turbo R! Foi desenvolvido por Timo Nyyrikki com o objetivo de emular o mais fielmente possível um MSX 1.1 (como é chamado por aqui) e com direito até mesmo a suportar arquivos CAS (imagens de fita cassete) que podem ser carregados diretamente do disco (ufa!).

Para encerrar com a família Sinclair e também com os Z80 algumas páginas bastante interessantes para quem quiser se animar de um espelho do Spectrum FAQ e que contém listas de emuladores/simuladores de ZX Spectrum para Acorn RISC OS, Atari ST/TT, Commodore Amiga , Sinclair QL e outras plataformas (inclusive MSX e Commodore 64 ganharam simuladores do BASIC)! E antes de chegar neles, sim as máquinas de 16/32 BIT, que tal alguns emuladores para os Atari XE/XL? Pesquisando eu achei emuladores de Commodore PET, de ZX-Spectrum (parece que não consigo deixar de falar deste sujeito!) e, acreditem só, de Apple II. Vejam só o emulador de PET, em ação:

De todos aqui o Commodore Amiga é, sem dúvida, a plataforma com a maior quantidade de títulos. Vá na Aminet e perca-se lá dentro! É claro que esta lista não inclui os emuladores para os modelos mais parrudos da família com processadores MC68060 ou PowerPC, para versões atuais do AmigaDOS e por aí vai… Irei ficar apenas com aquilo que rode em modelos “out of the box“, ou quase…

Quantos PC cabem em um Amiga?

Além dos emuladores para computadores de 8-bit, vale a pena citar para o Amiga o Shapeshifter que emula computadores Macintosh-II (pede OS2.1 e, no mínimo um MC68020 com 4MB de RAM e chipset ECS ou AGA) e o PC-Task que, como o próprio nome já denuncia, é um emulador de IBM-PC (de acordo com a documentação ele emula até um 80486 e é possível instalar Windows 95 nele — mas é claro que não em um A500 com drive de disquetes).

As opções de emulação de TRS-80 Mod III do 2ndlife

E fechando esta longa e entediante lista o 2ndlife um emulador de TRS-80 model III de autoria de Sander Berents e o MSX Emulator (ah, adivinhe do que é e ganhe um 1541!), escrito por Folkert van Heusden, para computadores Atari ST/STe/Falcon/TT!

E assim encerro este artigo agradecendo a paciência de quem chegou até este último parágrafo, esperando que tenham gostado do assunto e torcendo que alguém (João?) se anime em fazer um artigo sobre a emulação de videogames e arcades clássicos em micros clássicos (alguém topa? há bastante material!) e com dois comentários (i) como tem link quebrado perdido por aí na Internet e, (ii) Juan, só lá no Texas mesmo!

Sobre Giovanni Nunes

Giovanni Nunes (anteriormente conhecido como “O Quinto Elemento”) é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis, responsável pela identidade visual de todas as facetas do nosso Império Midiático.

0 pensou em “Emulando um micro clássico em outro micro clássico

  1. Fala Giovanni!

    “Excellent” artigo meu caro.

    O “gancho” para emulação de videogames em computadores clássicos é interessante pois a emulação de consoles tem um viés comercial, creio que desde o final da década de 80 / início 90.

    Digo “comercial” pois a partir de determinado ponto fazia sentido desenvolver jogos de videogame em computadores através de kits de desenvolvimento e emuladores, ao invés de desenvolver direto na máquina “alvo”.

    Aliás, creio que esta emulação para fins de criação de softwares comerciais de entretenimento deve ter começado já na década de 80, mas de forma bem incipiente, utilizando um console modificado conectado ao computador no qual se desenvolvia os jogos. E com certeza este era um computador clássico.

    É um tema bem legal mesmo.

    Abraços,

    1. Eu confesso que fiquei assustado com a quantidade de emuladores de ZX Spectrum disponíveis por aí e ao mesmo tempo curioso como outros hardware tão “simples” quanto não serem assim largamente emulados em outras plataformas (por exemplo, o TRS-80 em um MSX — mas se explica facilmente pelo fato de onde esta plataforma fez sucesso, os EUA, o MSX foi irrelevante e vice versa).
      No casos dos videogames, até hoje, os fabricantes disponibilizam “kits” de desenvolvimento (a SONY tinha um Playstation “tijolão” na cor preta, o Yaroze, a SEGA um Dreamcast que mais parecia um PC mini-torre e voltando mais no tempo a ATARI uma placa e cartucho onde você conectava o VCS2600 ao seu APPLE II para transferir e testar seu código), ma na parte de consoles creio que o João seja a pessoa mais indicada para falar já que eu parei no Gameboy… 🙂