A saga do Omega MSX Computer parte 16: Continuamos falando de gabinete.

Como vocês viram na parte anterior, (lembram dela?) o gabinete acabou sendo de acrílico transparente mesmo, apesar de eu não ser lá muito fã de ver o que está dentro da máquina. E depois de muito tempo, decidi assumir o visual transparente do gabinete e pronto.

E não é que ficou bonito? Olha… Ficou legal, ainda mais com os botões de metal (dos quais eu falo no próximo episódio). Este gabinete, como falei, deu muito trabalho. Como eu me baseei no gabinete original, não deveria ter muito problema… Mas como vocês sabem, eu tive que mexer no projeto, para fazer algumas mudanças, que foi basicamente acomodar os botões de power, reset e chaveamento de BIOS, e também a placa com o FM e a pequena placa da fonte, que converte +5V em +5V, +12V e -12V. Se você olhar aí do lado, verá que eu tive que puxar com “cabos jumper improvisados” uma maneira de alimentar a placa de FM. Vocês vêem a gambiarra aí do lado, e tem ainda essa foto aqui que ajuda a dar uma luz ao drama. Calma que depois de um puxão de orelha de um amigo (obrigado, Marco), eu troquei por cabos jumper dignos do nome – mas tive que comprar cabos mais compridos, de 30 cm, já que os cabos de 20 cm não resolviam.

Mudanças no gabinete… E alguns cabelos brancos.

Nisso, eu tive que subir o gabinete alguns centímetros, e ele agora tem exatos 56 mm de altura (contra 41,5 mm do gabinete original, um aumento de 34,93%). Só que não foi só isso que atormentou meu sossego, foi todo o resto.

Omega marcando presença na MSX Curitiba 2023. Olha só o bolo de dois andares que ficou.
Omega marcando presença na MSX Curitiba 2023. Olha só o bolo de dois andares que ficou.

Quando você sobe a altura do gabinete, vários fatores tem que ser levados em conta. Nesse caso, os parafusos usados tiveram que ser maiores; os espaçadores que separam a placa-mãe do teclado deveriam ser maiores também… Mas a distância vertical do teclado para a tampa deveria ser a mesma. E por aí vai.

Os botões.

Outro problema que tive foi onde acomodar os botões. Eu precisava colocá-los em um ponto onde tivesse espaço para que lá eles estivessem, sem esbarrar em chips ou nas torres formadas por parafusos + espaçadores que se espalham pela placa – são sete. Se você olhar na foto aí do lado, verá que o botão de chaveamento da BIOS está numa posição… Estratégica. Logo, foi necessário abrir no LibreCAD e reposicionar. Eu ainda aprendi a mexer um pouco com o LibreCAD, já que eu n usaria AutoCAD para tal, e como em meus computadores é tudo código aberto, e eu não sou desenhista de CAD… Mas dos botões eu falo na próxima vez.

Acrílico.

Confesso que, se eu tivesse parado e investigado isso com mais calma, tinha economizado trabalho e muito corte em acrílico. Agora tenho uma caixa cheia de sobras de acrílico, que não servem para muita coisa, além de experimentações com uma gravadora a laser Daja DJ6 (que comprei na Black Friday de 2022 e olha… Valeu a pena!). E aí, tem acrílico transparente, azul, preto, branco… Sim, eu pensei em fazer tudo em acrílico branco. Mas o aspecto leitoso do gabinete me pareceu terrível. Preto seria legal, se não ficasse com marcas de dedos por qualquer motivo – o fundo do Omega 1 ficou preto mesmo, mas o resto é transparente. O Omega 2 acabou sendo azul, mas… Sobre ele eu falo no futuro.

Voltando ao gabinete: Eu passei por algumas pessoas que cortam acrílico, virei um visitante assíduo da Rua dos Inválidos, no centro do Rio – onde há várias lojas que cortam acrílico (se precisar de dicas, me pergunte). Mas quem deu jeito MESMO foi um outro profissional que trabalha com corte em acrílico próximo à minha casa: Levei a tampa do gabinete para ele, falei das medidas… Ele pediu tempo para fazer com calma. Modificou tudo e fez. Deu certo. Mas esqueci até hoje de pedir a ele o arquivo (CDR) que ele usou.

Formatos.

Se você quiser o arquivo DXF do gabinete maior, só pedir. Ah, ainda tem isso, a questão dos formatos… O povo corta tudo em formato vetorial, o que é bom. Mas eles só conhecem Corel Draw e seu formato, CDR. Na primeira vez que levei um arquivo no formato DXF (AutoCAD), o corte saiu estranho, tamanho fora de escala… No final das contas eu passei a mexer no arquivo no LibreCAD e exportá-lo em SVG, que é um formato vetorial que abre no Corel, no Inkscape, etc. Se bem que uma vez eu converti de SVG para CDR num desses conversores online, só para garantir.

Parafusos, espaçadores e porcas.

Vamos aos tamanhos de parafusos e espaçadores:

  • No projeto original, ele corta vários espaçadores de acrílico, no tamanho de 3 mm. Onze (11) serão necessários: Sete para a placa e quatro para os slots, dois para cada slot.
  • Parafusos para o gabinete… Seriam os parafusos cabeça chata, M3 (3 mm de diâmetro da rosca,  o parafuso é um pouco mais fino), de 30 mm. O projeto fala nesses parafusos, cujo topo é reto, e ao olhar de lado, parece um triângulo de cabeça para baixo. Eu deveria usar sete desses. Mas como eu aumentei o gabinete, teria que usar parafusos maiores.Afinal, o parafuso deveria ir da parte de fora do gabinete, passar pela chapa de acrílico de 3 mm (base do gabinete), espaçador de acrílico de 3 mm), placa-mãe do micro, espaçadores (sim, mais de um, falo depois), placa mãe do teclado… E ainda ter comprimento para colocar mais um espaçador acima do teclado, para assim poder por mais um espaçador e prender a tampa do gabinete. Olha aí do lado o sanduíche de espaçadores, placas e acrílico.

Só que lembram que eu aumentei o gabinete? Então, não tinha parafuso cabeça chata grande o bastante. A solução foi usar parafusos “panela”, que são aqueles cuja ponta é arredondada – parece uma panela mesmo. Os maiores “cabeça chata” que achei eram de 30 mm, mas consegui parafusos “panela” de 40 mm. Ironicamente, numa loja de ferragens perto de casa. Que Mercado Livre que nada… Cheguei a pensar nos parafusos de 50 mm, mas aí o parafuso que prendia a tampa do gabinete não enroscaria completamente: Seriam mais 10 mm dentro do último espaçador, e ainda tinham os 3 mm do acrílico. Sim, tem que levar isso em conta. Uma baita de uma engenharia.

  • Parafusos para o slot: Os parafusos M3 que eu tinha em casa eram muito pequenos: Eu precisaria de parafusos de pelo menos 10 mm, mas eu tinha parafusos menores do que isso. Esse parafuso deveria passar pelo acrílico de 3 mm, pelo espaçador de acrílico de 3 mm, passar pela placa-mãe e ainda enroscar uma porca. Teriam que ter 10 mm pelo menos. Mas eu não poderia usar parafusos muito grandes, pois ali encaixariam os cartuchos.

Seriam necessários quatro desses parafusos. Como eu não sabia que a loja de ferragens aqui perto de casa me surpreenderia, decidi pelo método ogro: Serrei os parafusos com uma microrretífica, mais ou menos na medida que eu precisava. Admito meu pecado, mas não irei mudar: O micro está montado, então atura ou surta.

  • As porcas… Eu precisaria de cinco delas: Quatro delas prenderiam os slots, e uma prenderia a placa do teclado. Essas eu comprei no Mercado Livre mesmo, novamente por desconhecer a facilidade que eu tinha a 10 minutos a pé de casa. Não sei se eles tem porcas desse tamanho, mas já tinha comprado e pronto. Acabou que até hoje não coloquei a porca que prende o teclado, e que fica debaixo da barra de espaços. Bem… Vai ficando do jeito que está.
  • Espaçadores… Usei espaçadores de nylon mesmo. O ideal é, num gabinete transparente, usar espaçadores de latão. São mais bonitos e estilosos. Mas como eu pensava em pintar o gabinete, foi ficando… Hoje, com a mudança de planos (e o gabinete ficou transparente mesmo), o ideal era trocá-los por espaçadores de latão… O que não pretendo fazer. Tem até uma abraçadeira (cruelmente chamada por alguns de “enforca-gato” – coitado dos bichanos) atada um um desses espaçadores, prendendo um fio. Dane-se, que fique assim. Cheguei a comprar espaçadores de 50 mm, pensando em cortá-los na medida ideal (tolo, eu), mas só depois descobri que eles não eram vazados de ponta a ponta. Então, tive que comprar espaçadores nas medidas necessárias. Acabei usando, em cada “torre”, dois espaçadores, de 15 mm e de 10 mm. Não comprei espaçadores de 25 mm, mesmo porque eu decidi me virar com o que eu tinha. E ainda usei espaçadores de 10 mm entre o teclado e a tampa do teclado.
  • Detalhe especial: Por baixo do teclado, tem um parafuso, que eu mencionei aí em cima que tinha que entrar uma porca de 3 mm. Só que eu acrescentei uma placa FM, que precisa ser calçada pelos espaçadores, para não ficar solta. Como resolver? Bem… Usei 2 espaçadores de acrílico (2,5 mm cada, em média), e um espaçador nylon de 3 mm – sim, eu comprei espaçadores desse tamanho também. Esses estão embaixo da placa de FM. Entre a placa de FM e o teclado, está um espaçador de 15 mm. E finalmente, acima do teclado, deveria estar uma porca. Deveria, do verbo não está. Um dia, quando eu abrir o gabinete, eu coloco. Ou não.

Pra facilitar a vida de vocês, segue a lista:

  1. Parafusos M3 cabeça chata de 5 mm de comprimento: 7.
  2. Parafusos M3 panela de 40 mm de comprimento: 7.
  3. Parafusos M3 cabeça chata de 10 mm de comprimento: 4.
  4. Espaçadores de acrílico (2,5 a 3 mm) de comprimento: 13.
  5. Espaçadores de nylon de 15 mm de comprimento: 7.
  6. Espaçadores de nylon de 10 mm de comprimento: 12.
  7. Espaçador de nylon de 3 mm de comprimento: 1.
  8. Porcas de 3 mm: 5.

Se alguém quiser montar o gabinete e precisar de parafusos e/ou espaçadores, pode entrar em contato, ainda tenho deles sobrando… Vendo pelo preço de custo, só para salvar o meu prejuízo!

O resultado final é o que vocês veem na foto. Usei muito este Omega agora para testes por conta do meu novo projeto literário, tanto que nem tirei a GR8NET dele ainda…. Mas desse projeto literário eu falo em outra ocasião.

E os botões? Bem… Aí eu falo depois, junto com alguns detalhes úteis. Mas a saga está próxima do fim, gente. Alegrem-se! E como sempre, as fotos estão no álbum do Google Fotos, inclusive as novas, que comentarei em breve por aí.

 

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.