Toda saga tem um fim. E essa é a parte 2.

Na parte 1 dessa longa saga, contei de tudo até a compra dos itens… E aí vamos ao envio, e aí começa o suplício.

Deixei o pacote consolidado lá no depósito da empresa (Buyee) por um bom tempo, até que resolvi tentar enviar para o Brasil. Meu objetivo era enviar via marítima (SEA). O frete seria mais demorado, mas bem mais barato. Mas todas as opções que apareciam, eram apenas o envio por courier: FedEx ou DHL: “Será que eles mudarão isso? Deve ser por causa da pandemia…”

Mas o tempo foi passando e nada de aparecer a opção de envio por via marítima. Numa conversa com um amigo que também tinha comprado itens com eles, fiquei na dúvida e resolvi contactar o suporte do Buyee. E aí eu descubro, para o meu choque, que aquele pacote só poderia ser enviado por courier.

Vale lembrar que no envio de itens pelos Correios, há um limite de perímetro, ou de cubagem. Basicamente soma-se todas as dimensões da caixa para ter uma noção do tamanho. Se ultrapassar certos limites, tem que trocar o modo de envio. Lembram do meu texto sobre o Paxon PCT-50, esse MSX aí do lado? Então, eu excedi o limite de perímetro por alguns centímetros, e por conta disso, tive que trocar de SEA para EMS. A história está aqui, recomendo a leitura se você ainda não leu. Então, eu estava especulando que o limite de perímetro teria sido excedido.

PS: Eu uso muito essa expressão, “vale lembrar que”… Vale lembrar que eu uso muito ela, tanto na forma escrita quanto na forma falada. Melhor mudar isso um dia desses.

Resolvi contatar o Buyee para saber. Pergunto o motivo, e eles me dizem que o pacote é “frágil”. “Ué, desde quando?” Desde o momento em que consolidei o pacote num só. Um dos itens estava rotulado como frágil. Logo, todo o pacote se tornou frágil. Pesquisei para saber qual era o item rotulado como frágil e… Era o poster. Sim, esse item aí do lado. Por causa desse bendito poster, o pacote agora era rotulado como frágil, e só poderia ser enviado via courier.

Como sou brasileiro e desisto nunca, decidi tentar argumentar com os japoneses, sempre tão zelosos das regras colocadas por eles mesmos. Minha tentativa era desfazer a consolidação de pacotes, para enviar o poster no courier e o resto via marítima. Nada feito, o erro foi meu, etc e tal.

Logo, a opção era enviar por courier para o Brasil (que seria um valor absurdo) e pagar a tributação (mais um valor absurdo). Lembre-se que couriers já cobram a tributação antecipadamente, para realizar o desembaraço aduaneiro. E a regra é clara: “Mais rápido, mais caro“. Depois eu descobri (na verdade eu não tinha lido nas regras deles) que o Buyee não realiza o reempacotamento, que é o ato de tirar os itens das suas respectivas embalagens e colocar em outras, menores. Logo, se o vendedor enviar uma figurinha do álbum da Copa dentro de uma caixa de sapatos, eles colocarão a caixa de sapatos dentro de uma caixa maior e enviarão para você.

E aí, eu comecei a fazer contas, sobre quanto dinheiro eu teria que empenhar para receber os itens… E era na casa dos 2000 reais. O pânico começou a tomar conta de minh’alma, e comecei a pensar se não compensava descartar tudo. Mas novamente, lembrando o lema que deve permear a vida de todo habitante desse país verde e amarelo, fui procurar por alternativas. E conversei com um amigo, mais versado do que eu nas artes arcanas do envio internacional. E aí, ele me falou para conversar com um amigo dele. O diálogo se deu em março de 2021.

Esse amigo dele estava, junto com outras pessoas, fretando um conteiner para enviar um monte de coisas via navio para o Brasil. Bem, eu queria os itens, não era problema para mim se demorasse. Se não fosse tributado, melhor. Conversamos, e aí eu tive que fazer o seguinte estratagema:

  • Os itens seriam enviados via FedEx para um endereço em Los Angeles, Estados Unidos.
  • Lá, eles seriam agrupados aos itens que seriam enviados no conteiner, que seria enviado via marítima para o Brasil, mais especificamente para o porto de Santos.
  • De lá, seriam remetidos para ele, e depois ele enviaria para mim.

Como o custo do conteiner não é de graça, nós (eu e o Rogério) pagaríamos o FedEx entre o Japão e os Estados Unidos, e o transporte no conteiner, de Los Angeles para Santos. Não seria nada barato, mas com certeza sairia bem mais barato do que enviar direto para cá, via courier. As dimensões da caixa final eram de 46 cm x 23 cm x 82 cm, com peso de cerca de 6 kg. Pela quantidade de itens, achei a caixa grande demais e pesada demais. Pelo visto, o Buyee tem japoneses mais espertos que os japoneses dos outros.

E… Como hoje em dia toda história se encerra numa trilogia, termino essa saga na parte 3, a sair em breve. Não pense que não houveram emoções fortes, pelo contrário! Parafraseando aquele funk, “É agora que o bicho vai pegar!“. Até lá!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

4 pensou em “Toda saga tem um fim. E essa é a parte 2.

  1. Quero ver o desenrolar dessa história. Importar micro velho (é o seu PC!) é uma aventura com altas confusões.

    Meu MSX Esfiha (Sakhr AX170) adquirido no eBay veio via courier (UPS/DHL) direto do Egito, ou seja:
    Produto: U$ 37
    Frete: U$40
    Taxa de importação: 60%
    ICMS: 18%
    Serviços Administrativos da DHL: R$100
    Total: R$890.

    E como não aprendo nunca, comprei do mesmo vendedor um ZX Spectrum Plus (que ainda está a caminho), e a facada foi quase tão dolorida quanto.
    Mas o que posso fazer? Peguei uma infecção crônica de retrocomputabacilococos depois que comecei a escutar um certo podcast.

    1. Já até imagino com quem você adquiriu esse MSX-esfiha… Foi com um vendedor de Alexandria, Egito? O meu Daewoo MSX 2 veio de lá, e te dizer, o micro não veio 100%. Rolou um limpa-contatos nas teclas, troca dos capacitores da analógica e recolocar o V9938 no soquete. Hoje funciona direitinho.

      Courier é caro mesmo. Te recomendo visitar fóruns (como o do MSX.org) procurando gente disposta a vender itens, olhar sites de vendas como eBay, Yahoo! Auctions (através de algum atravessador) e buscar informações a respeito. Minha coleção foi quase toda montada assim.

      Boa sorte!

      PS: Adorei a “infecção crônica de retrocomputabacilococos”. Sensacional!

  2. Foi quase! Esse vendedor é do Cairo e o cara é muito bem atencioso. Meu ZX Spectrum + chegou funcionando perfeitamente (assim como o MSX-Esfiha). Tô começando a ver o Yahoo Auctions (usando o Buyee como atravessador). Quem sabe não arrumo o meu próximo micro (acho que um Atari 800XL) por lá (se minha mulher ver isso é capaz de eu ir dormir no sofá, de novo).

    1. No meu caso, o Daewoo veio mezzo funcionando, mas graças a ele tive coragem de usar o ferro de solda e dali veio o Omega… E o resto é história, que eu estou contando em partes aqui no Retrópolis (e preciso escrever a parte 7, 8, 9…).

      Se vc olhar a parte 3, verá q eu estou defenestrando o Buyee da minha vida. Um amigo comprou via Remambo (https://www.remambo.jp/), já q eles fazem reempacotamento, e isto é algo fundamental para economizar no frete. Em breve terei notícias a respeito, saberei se é uma boa opção.

      Mas você quer logo o difícil, um Atari 800XL no Japão? Cáspite! 😀

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