A saga do Omega MSX Computer parte 1: Como tudo começou.

mão esquerda

Bem, como eu já falei em diversas ocasiões aqui no Retrocomputaria Retrópolis, eu e o ferro de solda tínhamos uma relação conflituosa. Eu fui uma criança que não tinha lá muitas habilidades motoras: Sempre fui aquele que não cortava tão bem aquela figurinha redonda, ou aquele jovem na aula de Artes que se sujava com o nanquim e pintava tudo errado. Fui uma criança traumatizada por cadernos de caligrafia (então imagina como é a minha letra), e alguns dizem que isto tem a ver com ser canhoto… E finalmente me tornei o adulto que não sabe descascar uma laranja, só corta ela em quatro e come os gomos (e eu gosto muito de laranja).

Mas chega de falar da minha parca habilidade manual, vamos falar da superação. Todo mundo gosta de histórias de superação, né? Então, ao longo do tempo eu comprei todos os apetrechos para trabalhar com solda. E tome ferro de solda, sugador, suporte, rolos de solda, macarrão termoretrátil… Como eu sempre falava, ferramentas eu tenho, habilidade não (Mestre Yoda inspirou). Mas é claro, eu precisava de prática.

Ao longo do tempo, fui investindo tempo, treinando, removendo componentes de placas, soldando de volta… De forma um tanto quanto errática. Até que veio um Daewoo MSX 2.

O Daewoo MSX 2

Na minha coleção, eu sempre priorizei ter o MSX de mais alta classificação. Logo, se eu tenho um MSX 1 de um fabricante, e eles fizeram um MSX 2, quero pegar esse, e salvo alguma situação muito específica (como o MSX 1 ser muito bonito, ou ter destinos distintos), eu comprava o MSX 2 e vendia o MSX 1. Yamaha, Sony, Hitachi e Toshiba são exceções: Tenho 2 Yamaha porque um foi vendido no Japão e o outro, no Oriente Médio; Tenho 2 Sony porque eu gosto muito das soluções de design do Sony HB-201. Tenho 2 Hitachi porque o 2o, o MB-H50, é muito bonito e comprei ele de um amigo MSXzeiro que estava de mudança pro exterior; e por último, tenho dois Toshiba porque um (HX-10D) é um que MSX eu gosto desde sempre, e o outro (FS-TM1) tem uma história engraçada… E é “um FS-A1 branco”.

Logo, faltava um MSX com o logo no gabinete. E é claro, eu queria um Daewoo CPC-300 na coleção. Apareceu uma oportunidade para comprar um exemplar desse MSX 2, no caso um vindo do Egito. Ele é um Bawareth Perfect MSX2, ou seja, um Daewoo distribuído pela Bawareth Enterprise for Trade, uma empresa saudita. O teclado é árabe, a cor é… Marfim. E tem o nosso logotipo amado no gabinete. Como não querer um micro desses? Apesar da música de um canal que toca na abertura (vocês verão no vídeo aí embaixo), é um MSX com o logotipo na carcaça. Uau.

O egípcio (de Alexandria) me enviou via FedEx (ele só trabalha assim), tive um certo gasto de imposto (courier é assim mesmo), e o micro veio com vários problemas de funcionamento. Eu já sabia que a caixinha do RF não tinha mais o pino conector, mas francamente… Tô nem aí pro RF. Então, lá fui eu tirar todos os chips dos soquetes, escovinha nos pinos, limpa contatos e esfregação… No teclado, joguei muito limpa contatos e álcool isopropílico. Apertei as teclas para fazer com que o líquido entrasse no mecanismo, e deu certo: As teclas voltaram a funcionar! Me senti um restaurador, só que não era, visto que a imagem não estava boa.

Então, eu decidi tentar algo mais ousado, que era trocar todos os capacitores da placa analógica. Convenhamos, a placa analógica desse micro é bruta. Ou seja, aguentaria minhas barbeiragens. Então examinei quais eram os capacitores, montei a lista e fui às compras – foi razoavelmente rápido resolver tudo. Eram treze capacitores, de diferentes valores, e eu tratei de dessoldar tudo, colocar os novos (nas posições certas) e soldar tudo de novo.

Imagina se eu tive sucesso? Imaginou? Sim, acredite, eu tive sucesso! Consegui dessoldar todos os capacitores da placa analógica e soldei todos os novos no lugar! Uhu, viva! Só que isso não resolveu o problema do micro, a imagem ainda estava esquisita (momento daquele toque de trombone triste)… Bem, a ajuda providencial de um amigo (obrigado, Clécio) localizou o problema, que era apenas o V9938 mal encaixado. Só isso. O processo foi mal documentado no nosso Estragão, então um vídeo e duas fotos que eu achei, estão aí embaixo.

Mas voltemos à solda. Descobri que soldar não era tão misterioso assim. Requeria habilidade, claro, e muita atenção. Mas eu seria capaz de fazer algumas tarefas… Ou até montar um micro, quem sabe? Mas aí a história fica para o próximo post. Sim, será uma série mais longa. Aguenta que virá muita história aí!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.