Quinta do pitaco parte 2: As provas do crime.

Continuamos nossa série da quinta do pitaco, falando do que o Nishi colocou no twitter e no site dele a respeito dos seus projetos. Não iremos emitir julgamentos a respeito, ao menos não nessa parte. A ideia aqui é informar vocês de tudo o que está acontecendo, para depois opinar.

O site pessoal do Nishi (http://www.nishi.org) sempre é uma boa fonte de informações sobre o que ele pensa e o que ele planeja. É um site com três colunas de texto (e muito texto), com postagens pessoais (como a que ele fala do cartão de Natal do Bill Gates que não veio esse ano), entremeado com discussões sobre política japonesa e empreendedorismo, que já foi a religião que mais crescia no mundo, seguida de perto pelo crossfit e mais um pouco, pelas barbearias gourmet. A formatação é aquele estilo que japonês gosta… Já viu.

Pois então, nas resoluções de Ano Novo (#572), ele destacou cinco tópicos. E a que nos interessa, a terceira, está assim enunciada:

Terceiro, devemos realizar o desenvolvimento e produção de hardware e software MSX de próxima geração.

Isto passaria despercebido pela comunidade se não houvessem algumas postagens dele no Twitter que apontam o caminho para o que ele pensa. Vale lembrar que Nishi é um herói (ou vilão) para esta geração que está com filhos, cabelos brancos e contas para pagar. Ninguém nas novas gerações sabem quem ele é, tanto que ele tem 2701 seguidores na rede do passarinho azu. Apenas uma métrica, eu tenho 500 e meu perfil pessoal é mais abandonado do que lido, inclusive por mim. O perfil do Retrópolis (@retropoliscity) tem 632 seguidores.

Vamos às mensagens. Antes de tudo, estou traduzindo no Google Translator mesmo e para inglês, visto que a engine de tradução se dá melhor com o idioma anglo saxão. Eventualmente traduzi para o português. Todas as imagens são clicáveis, então você pode vê-las maiores.

Em 13 de janeiro de 2022, ele coloca a seguinte mensagem, com a foto que você vê abaixo:

MSX IOT cartridge
Now msx1 msx2 becomes MSX3
With Grove connector

Ainda tem mais essa foto aqui abaixo.

E por último, uma foto de um “cartucho” de IoT ligada em um SVI-728, da Spectravideo, com a seguinte mensagem:

Use the msx3 IOT cartridge by inserting it into msx
With Wifi

Vamos às primeiras manifestações:

  1. Vamos ao que eu entendi, então… Nishi quer fazer o MSX 3 sendo um cartucho de IoT, que terá rede sem-fio e um conector Grove, que na verdade é parte de um sistema de conectores para prototipação padronizada e modular (https://wiki.seeedstudio.com/Grove_System/).
  2. Podia ter usado um MSX japonês, né? Logo um SVI-728, da Spectravideo?

Sigamos:

Já no dia 14 de janeiro, tivemos um tweet em inglês, feito pelo Nishi (aliás, ele fala inglês bem, o que é uma raridade entre cidadãos da Terra do Sol Nascente), além de mais uma foto:

we will have at least three products in 2022 on Amazon.

  1.  msx engine 3 for oem and hobby system builders.
  2. msx 3 keyboard type (PRO and light)
  3. msx 3 IOT cartridge for msx1, msx2, or stand alone use.

Eu achei o teclado estiloso. A intenção dele, se entendi bem, é seguir com a sua visão inicial, da ubiquidade do padrão MSX, focando em IoT. Ele fala de um teclado a ser usado também e uma engine para ser usada por quem quiser fazer o seu próprio sistema, embutir seu MSX numa parede para jogar King’s Valley enquanto controla o portão da garagem, sei lá.

Uma coisa não podemos reclamar do Nishi: Ele continua com seu foco desde sempre. Ele é determinado. Não sabemos exatamente se é uma ideia boa, mas… Ele não perdeu o foco. Falamos desse projeto dele em duas oportunidades aqui no site, aqui e aqui.

E a comunidade?

É claro, começou o burburinho nos grupos e comunidades de MSX ao redor do mundo. E na boa, só quem não presta atenção nisso tudo, ou é hipster querendo aparecer ou está desligado (como a maior parte dos ghost readers de grupos de WhatsApp, Telegram, comunidades do Facebook e imaginem, a MSXBR-L). Não é o meu caso, conforme vocês verão no final desse (longo) texto.

Começou a chover pergunta pro Nishi. Se tem uma coisa que a comunidade MSXzeira é conhecida, é pela paixão pela arquitetura MSX. A gente fala com orgulho que este é “o mais mágico dos microcomputadores“, e ai de quem achar o contrário: Vai levar uma vaia.

Numa das respostas dele, veio esse texto, que eu resolvi arriscar na tradução para o português:

Estou usando o teclado na Amazon para o teclado MSX3. Existem vários produtos feitos em Taiwan, China e Japão, mas havia algo maravilhoso no Japão.

O MSX3 quer adquirir peças excelentes de todo o mundo a um preço baixo, mas também acho que é uma boa oportunidade de mostrar ao mundo a força do Made in Japan.

Parece que ele quer produzir no Japão mesmo, trazer um tanto do elemento nacionalista de volta, a produção local, etc. Lembremos que a Apple tem uma única fábrica nos EUA (Texas para ser exato), que produz o Mac Pro e a Intel está investindo US$ 20 bilhões em duas fábricas de chips nos EUA (Arizona). Logo, nada de muito novo aí, e nem sempre é para evocar sentimentos nacionalistas: É incentivo fiscal mesmo. Imagina o quanto de isenção de impostos a Apple e/ou a Intel ganharam pra montar essas fábricas… No caso dele é muito menor, mas é capaz de ter rolado um trocadinho aí.

Numa das respostas, ele falou sobre o cartucho de IoT dele:

The big difference with this guy is the link with the WEB. Even if the power of the main body is off, the IOT sensor of the cartridge is alive with the local power supply and it is uploading.

Então será um cartucho de IoT que pode funcionar junto com um MSX ou de forma autônoma. Lembrei do MSX-Pi, do leitor, ouvinte e amigo Ronivon Costa, e do Chameleon, para Commodore 64.

Questionado a respeito, ele disse (e eu traduzi para português):

Um espanhol disse: “Estou no msx há 30 anos, então do que você está falando agora?” Isso é verdade. Porém, o mundo mudou tanto que decidi fazer MSX novamente. Sou membro do corpo docente de universidades estrangeiras e nacionais há cerca de 15 anos, mas me concentrei principalmente em estudos de mídia. Retomar após uma longa ausência aos 60 (Continuação)

Se você olhar para isso, parece que audiófilos e críticos poderão dizer que isso é bom.

Eu gostaria de fazer o meu melhor para obter IOT, supercomputadores e vídeos de áudio de alta qualidade a preços acessíveis em todo o mundo. Se for esse o caso, acho que podemos sobreviver em um mundo diferente de WIN, MAC, XBOX e PS.

Acho que dá pra clarear um pouco da visão dele para o MSX daqui pra frente. Vale lembrar que nem tudo é dinheiro. Pessoalmente, eu estou saindo da minha zona de conforto depois de mais de 20 anos, justamente por insatisfação, e estou me desafiando a mudar muita coisa na minha vida profissional por conta disso. Mas… Divago.

O último tweet foi no dia 16 de janeiro (domingo), dizendo que estava cansado de responder tantas mensagens… Eu não disse que MSXzeiro é tudo apaixonado?

Mas ele continuou, e em inglês, respondeu:

MSX is not competing with Win nor MAC.
MSX is not competing with IOS nor Android.
MSX is not competing with XBOX nor PSs nor Swtch.
MSX3 will fall into the group of Raspberry and Jetson. But since MSX3 is FPGA based, we are tested our imagination and engneering waht to do.

O que é um problema… Porque o mundo é do Raspberry Pi. E ele apenas deixa a gente viver nele.

Além disso, recomendo que olhem o perfil dele. Entre alguns tweets, Nestor Soriano (Konamiman) falou com ele sobre a UNAPI para o wi-fi do MSX 3 (o que seria muito bom), e o Nishi disse que iria dar uma olhada nisso. Um podcast espanhol sobre MSX, o Conexion MSX, perguntou se ele lhes daria uma entrevista, e ele mandou um “Vamos conversar a respeito“. E sim, tivemos a mesma ideia que vocês tiveram. E não, não falamos nada a respeito ainda.

Bem, ele estava dialogando via tweets com gente de tudo que é canto até poucas horas antes do fechamento dessa matéria. Muita coisa sendo falada e ele respondendo… Não dá para pegar tudo. Recomendo que vocês olhem, leiam e acompanhem.

E agora? Bem, amanhã eu falo o que eu acho dessa história toda.

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

3 pensou em “Quinta do pitaco parte 2: As provas do crime.

  1. Ricardo, o teclado da foto não faz parte do produto etc, é apenas um teclado bluetooth qualquer.

    Provavelmente está apenas sendo usado como prova de conceito.

    Um teclado para MSX deveria ter outras teclado, como SELECT, STOP etc.

    Se um teclado próprio de MSX faz parte do projeto MSX 3, eu não sei, mas o que sei é que o teclado da foto é um teclado qualquer.

    1. Bem, baseado no que eu li, parece que esse é um exemplo de um possível teclado que viria com o MSX 3. Ou ele faria uma versão embutida num teclado, como o Raspberry Pi 400, não sei… Aí é com o Nishi. Mas sim, eu vi que é um teclado bem genérico. Mas é possível que ele não consiga customizar o teclado por uma questão de custo muito alto e vai com um teclado de PC mesmo…

      Aí é com o Nishi.

  2. Sujeito apenas percebeu que retrocolecionismos e bugigangófilos têm fetiche adolescente nele.

    E nada de embarcados ou indústria remanejável… bem maçante, é já basta de “fan(atic) service”.

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