Num momento de desabafo Radastan, do Bytemaniacos, resolveu falar sobre os motivos do fracasso comercial do Sinclair QL.
Resumindo um pouco ele comentou sobre o custo extra (cerca de £50 a mais) causado pelas unidades internas de microdrive (pois um usuário profissional compraria logo um drive de disquetes), a falta de uma porta para gravador cassete (tá, gosto para tudo… mas faz sentido), uma som decente (como o AY-3-8912 incluído no Spectrum 128K) e mais do que as escassas 8 cores (acreditam nisso? O QL tem apenas oito cores?).
E você? Concorda? Discorda? E quanto aos outros computadores? O que faltou no seu computador clássico predileto para ele ser a “máquina perfeita”? Deixem seu comentário a seguir…
Pro TRS-80 Color a resposta é óbvia: som. Poderiam inventar um cartucho com AY/FM/SID/SCC/seiláoque, mas como só tinha um slot… taí, outra coisa que faltou: dois slots.
Pros Commodore 8 bits e pros TI-99, um sistema de disco um pouco menos insano.
Pros japoneses (fora MSX), acharem que o resto do mundo importa. Ou seja, mais consideração com usuários que só usam o alfabeto latino.
Pro Apple II, um fundador que não odiasse o conceito de computação aberta.
Que nada Juan, o C64 merecia um BASIC decente. Não precisava ser excelentemente optimizado quanto o dos BBC Micro mas que ao menos desse ao usuário a capacidade de acessar os modos gráficos, tocar música, usar os drives e, claro, limpar a tela… A Commodore até colocou no C128 mas só para usar o VIC-II, esquecendo de dar acesso ao VDC. E o TRS-80 Color modelo 2 já deveria ter vindo com um qualquer coisa para produzir um som decente!
Juan, acho que dá pra colocar um PSG internamente no Color… Já aproveita e faz um piggyback para o 6809 com o PSG e buffers para não queima-lo.
Cara, se você acha o sistema de disco do C64 insano (o do C128 parece ser um pouco melhor), você precisa ver como funciona o do QL e o dos BBC Micro. 🙂
A Acorn, ao menos, deu uma OSCLI (sim! interface de comando de linha para o S.O. em ROM!!) simples com comandos “civilizados”, mas se voce for programar em BASIC, vai perceber que são todos no mesmo clube! 🙂
Um palpite (depois ponho outros)… o Apple IIGS deveria ter um clock superior aos míseros 2,8MHz e já vir com um drive de disquetes embutido (sem um drive ele é completamente inútil já que não tem porta de cassete).
O clock baixo foi exigência férrea do Jobs, que não queria o IIgs concorrendo com a linha Mac.
Se pararmos pra pensar que o System 6 e mesmo o 7 do Mac foram xupinhados do IIgs, concluímos que titio Jobs sugou a linha Apple II para promover o Mac até o último ciclo de clock. 🙁
Eu não sinto falta de um drive embutido – o que eu senti falta foi do espaço para um disco rígido. Mas ambos quase fomos atendidos: pouco antes da linha Apple II ser definitivamente atirada no lixo, o projeto Mark Twain (ROM 4) estava no forno, e atenderia nossos desejos por armazenamento embutido. 🙂
…o que remete ao meu comentário acima.
Pois é, eu falei no drive de disquetes interno para ficar contemporâneo! O Amiga e ST tinham suas unidades internas o que os tornava usáveis logo após serem tirados da caixa! E nem vou falar o fato dele vir com 256KB de RAM e até mesmo o disco de demonstração dele precisar de 512KB pra rodar
Esta do disco que exige 512kb de ChipRAM é algo que só a Commodore era capaz de fazer por você! 🙂
Pode parecer ridículo mas eu sentia falta do vermelho na palete de cores do Apple II, simplesmente não tinha.
Ter tinha: em GR e, mais tarde, DHGR. 🙂
Eu acho que as cores em NTSC ficavam melhores que em PAL…
Tu já viu a paleta de cores do Atari VCS 2600 em sistema SECAM?
Tá falando disto aqui?
http://www.randomterrain.com/atari-2600-memories-tia-color-charts.html
(terrível!!! =P)
Pra mim, qualquer micro clássico merecia um timer programável (não to falando de RTC) e controlador de DMA, ainda que opcional.
Sobre o QL e do Apple II eu não posso opinar… E o caso do MSX é diferente, eu não digo que tenha *faltado* algo, pois em 1983 ele já tinha “um festival de processadores e memória”… Se formos falar do que “pode ter matado o padrão”, certamente o V9938 (que deveria ter sido lançado com todas as features do V9958 já em 1985) e o V9978 que nunca saiu são os culpados mais prováveis. Outra hipotese plausível é a que o MSX2+ deveria ter sido lançado em 1986 com o nome de MSX2, e o Turbo R lançado em 1988, e isso teria não só garantido a continuidade do padrão MSX como teria ajudado na aceitação do Turbo R, que foi bastante mal aproveitado.
Agora se formos falar simplesmente do que foi feito “errado” no MSX a lista é enorme… Ele precisava de um padrão mais homogêneo (porquê mapear o expansor secundário de slots em um endereço de memória ao invés de outra porta de I/O? Porque o WAIT a cada ciclo M1 se _NENHUM_ MSX comercializado usou memórias que fossem lentas a ponto de precisar dessa gambiarra? Porque não investiram em um controlador de interrupção já que o barramento poderia suportar tantas expansões ao mesmo tempo [até 16 slots para as que necessitavam de comunicação via mapeamento de memória no address space do Z80, e até 255 portas para as que fossem controladas via portas de I/O]) o que acabou engessando o padrão de forma que era complicado adicionar recursos que não foram considerados quando a primeira especificação foi escrita. Pior: quando o padrão foi revisto (MSX2) algumas decisões somente complicaram as coisas (Porquê não já tornaram o MSX-Audio [que assim como o V9938 também era “assinado” pela MS e suportava samples ADPCM!] padrão em 1986 e porquê jogaram tudo no lixo em 1988 criando o MSX-Music? [uma gambiarra que era mais barata até no nome!] Já que o VDP foi customizado pela Yamaha, porque insistiram TANTO nos modos bitmapped [apenas um modo tiled requentado totalizando “2 modos” tiled contra 4 modos bitmapped] se a comunicação entre o VDP e a CPU não era rápida o suficiente? Porque não investiram em melhorias mais significativas nos modos tiled se havia VRAM suficiente nos MSX2/2+? [o que custava ter criado mais modos tiled, com 4,8 e ou 16 cores por pixel?] Porque só suportaram o scroll horizontal em 1988, se justamente ele era muito mais complicado de fazer via software? Porque não permitiram a exibição simultanea de 2 telas contidas na VRAM com ordem de prioridade se na grande maioria dos modos havia VRAM suficiente para desenhar pelo menos 2 telas simultaneamente? Porque perderam tempo com suporte a lightpen e mouse se esses acessórios já eram suportados de outras formas? [ao invés, por exemplo, de implementar corretamente o banco expandido de RAM ao invés daquela gambiarra do CASX] Porque não permitiram mais interrupções de vídeo? [especialmente interrupção por scanline])
Também não posso deixar de cutucar a equipe responsável pelo desenvolvimento do Turbo R: Porque não lançar o Turbo R com 2 VDPs (V9990/whatever e V9958) e simplesmente uma CPU mais rápida e 100% binário+timming compatível com o bom e velho Z80 ainda que fosse necessária uma demutiplexação de barramento (sim, eu estou falando do Z800) ao invés da gambiarra monstruosa que foi feita para os 2 processadores enxergarem toda a máquina e poder ficar passando o bastão uma para a outra (porque o R800 além de não suportar as instruções que não eram documentadas no lançamento do Z80 [e o Z800 as suportava] não executava as instruções com o mesmo timming do Z80 e isso dava pau porque os desenvolvedores foram obrigados a contar ciclos de clock nas instruções por causa da ausência de um timer programável)
O que faltou ao Apple II foi um chipzinho de som. Chegou muto tarde, apenas no IIgs (e aí ja´ era carne de vaca). A Apple também fez uma bela lambança na ROM com o tratamento minimalista e fracassadp das interrupções: a ROM mais atrapalhava que ajudava. Só o ProDOS conseguiu consertar a meleca mas, de novo, 15 anos depois. =|
Faltou floppy drive decente para o Apple aqui no Brasil. Foram os discos de 140Kb, mais que qualquer outra coisa, que foi o último prego no caixão.
O QL foi uma proposta fantástica do Sinclair, mas a execução ficou à desejar. Ele já estava se afastando dos computadores e dando atenção ao carro elétrico dele nesta época. Muita coisa que ele levou a culpa, foi decisão de terceiros (Sinclair já não controlava mais a empresa). A idéia dos 2 microdrives não foi ruim, o timing é que foi. A proposta do QL era rodar os aplicativos em cartuchos de ROM e usar os MicroDrives para armazenamento de dados – mas os floppy drives começaram a ficar baratos e a direçaõ do projeto não se tocou que, de um ano para outro,tudo mudou.
Pô, o pessoal que usava Apple pagava quase MIL DÓLARES para um sistema de armazenamento de 140Kb por mídia. Me chega o Sinclair e me dá 128Kb pelo quê? 5 ou 6% do que usuário de Apple pagava? O povo lá na UK tava controlando estoque da lojinha usando fita cassete no ZX de 48Kb, e esta mais ou menos este povo que o Sinclair imaginou que o QL iria servir.
As 8 cores do QL não é, na minha opinião, a pior coisa do mundo. O QL não foi projetado para rodar jogos em casa, a idéia era competir com o IBM-XT, nao com o Tandy 1000. 🙂 E usar apenas 4 bits por pixel (lembrar do atributo flash, que gasta um bit) era importante porque a ULA do QL tinha que dar conta da geração de vídeo sem ferrar muito com o barramento do 68008 (que batia 4 vezes na memória para ler um registrador de 32 bits).
Ninguém pensou no QL para rodar jogo, mas para rodar o GEM ou equivalente. 🙂 Numa interface gráfica desta época, ter resolução era mais importante que ter cor, e quanto mais resolução e mais cor, mais tempoa ULA rouba o barramento de dados da boca do processador (pra gerar o vídeo).
De mais à mais, todos os micros mais “profissionais” na UK tinham mesmo só 8 cores, ver a linha BBC Micro.
Alías, e dentro da filosofia do QL, o que faltou foi um slotzinho com maior capacidade, ou então um segundo slot pra cartucho – e então você poderia comutar entre aplicativos sem ter que desligar a máquina: você socava o ICE (o GEM do QL) no slot, e ficava sem ter onde chamar o seu aplicativo – e para armazenar programas, o microdrive era uma lástima.
Em tempo, o SuperBASIC do QL é muito bom. Dos dialetos BASIC que conheço, o único que chega perto é o do BBC Micro (que é excelente, diga-se de passagem!). Ter uma máquina 32 bits pra rodar seu interpretador BASIC foi bom negócio, eu diria que o QL é a melhor BASIC Box que já botei minhas mãos.
No QL, o que faltou não foi feature. Falou foi Sinclair mesmo. Fizeram um monte de economia idiota no QL (como o teclado, que poderia ter vindo do japão por menos de 1£ à mais, mas confortável para digitar – o teclado do QL é aceitável e até bom para hobbystas, não pra quem vai digitar o dia inteiro nele!).
Dois cartuchos e um meio de alternar entre o software deles? hum, muito interessante!!! Pena que o QL não é assim!
Dá uma fuçada sobre o BBC Micro. Meu, os caras eram insanos. 🙂
O QL *também é* assim. Mas só botaram UM slot físico no micro. As demais ROMs teriam que vir pelo barramento de expansão (como na interface de drive).
O S.O. da máquina aceitaria mais “slots” de boa.
Acho que no MSX, se tratando de realidade e mercado brasileiro e o fato dele ter chegado aqui quase 3 anos após o resto do mundo, teria sido uma boa sacada se ele tivesse 80 colunas nativo e CP/M, isso acho que mudaria totalmente o cenário do uso de MSX em pequenas e medias empresas em detrimentos dos caríssimos IBM/PC.
Parece que a coisa foi planejada, né?
Pro MSX faltava 80 colunas e CP/M. Pro Apple II, falta um disquete minimamente decente (os de 140Kb já tinham dado o que podiam há quase 10 anos!)
No mercado internacional acho que a Panasonic deveria ter encontrado uma solução de um chip zilog de 16 bits e um chip de video mais eficiente que o já ultrapassado V9958.
Mas de qualquer forma acho que no máximo alongaria a vida por mais alguns anos já que os anos 90 foram aquele holocausto de plataformas que todo mundo conhece…
Os disquetes de apple II tinham 280K pois eram 140 de cada lado. 280 pra 360 nao tem muita diferenca… o disk II era rapido e tinha um circuito simples comparado aos drives IBM. Resumindo era um drive melhor que os outros e estao todos aqui metendo o pau.