Explicações
Segundo li e principalmente vi (devo ter assistido quase todos os vídeos sobre retrobright que há no Youtube), a ideia da caixa de papelão grande e do rolo de papel alumínio foi para maximizar a radiação ultravioleta do sol. Logo, a sugestão era forrar a caixa de papelão com papel alumínio, e colocar as peças dentro. Ao colocar a caixa no sol, o papel alumínio refletiria a radiação e “iluminaria” melhor a peça. Na prática, pouco adiantou o papel alumínio + a caixa de papelão. Logo, acho desperdício, não acho que seja necessário.
A água oxigenada é barata. Cada frasco me custou menos de R$ 2, isso sem procurar muito em várias farmácias. Tem gente que compra aqueles frascos de 1 litro, mas eu comprei 4 frascos pequenos (conforme vocês podem na foto que está no primeiro post da saga). E ela é fundamental para o processo.
A glicerina é opcional. A ideia é usá-la para umedecer o plástico. Esse processo pode fragilizar o plástico, então a glicerina serve para não deixar ele ressecar. Acabei usando muito pouco.
O Vanish também é opcional. Aliás, coloque bem pouco, tipo uma colher de chá. O dito cujo serve para limpeza, e creio eu, acelera a reação que transforma a água oxigenada em ozônio, então não é preciso muito. Usei só porque eu já tinha ele aqui à mão.
Por sua vez, o rolo de papel filme foi fundamental. Espalhei o creme com pincel, dando um especial reforço em alguns pontos onde estava mais amarelado. Aí envolvi tudo com papel filme, sem miséria. O papel filme deixa passar a radiação UV, mas retém a água oxigenada (e o ozônio), evitando que ele se esvaia na atmosfera. Efeito estufa, sabe? Isso mesmo.
Alguns sugerem usar uma caixa e uma lâmpada UV para fazer o retrobright em um lugar fechado, tipo dentro de casa. O 8-Bit Guy usa uma dessas, inclusive. Eu preferi não arriscar. Há um custo de aquisição dessa lâmpada, eu só iria clarear um único micro apenas (e alguns teclados depois), e depois que um conhecido empenou um gabinete de FM-Towns por excesso de radiação UV… Eu resolvi apelar ao bom e velho Sol. Como nessa época do ano (fiz em agosto) pega pouco sol em alguns lugares da casa, fui até um canteiro de obras próximo (mas não sem antes falar com o proprietário – meu pai) e coloquei as peças “cozinhando” ao sol por algumas horas. De tempos em tempos eu ia lá e virava a peça, pra pegar um pouco dos lados, ver se melhorava.
E o teclado?
O teclado foi um caso à parte. Esse teclado é composto do seguinte “sanduíche”:
- Teclas.
- Presilhas que fazem o contato.
- Peça plástica, que dá rigidez ao conjunto.
- Malha de borracha, que amortece a digitação.
- Placa de circuito impresso, que faz os contatos.
Tudo isso preso por (vários) parafusos. A malha de borracha é um pouco grossa demais, logo o teclado é duro. Mas funciona. Os direcionais são desproporcionais, a barra de espaço, grande e presa por aquele arco de metal mais presilhas laterais… Nada de muito novo. Mas decidi clarear o teclado.
Na outra vez, eu peguei a parte que era composta dos itens 1, 2 e 3, passei a mistura do retrobright e coloquei no sol, removendo logo em seguida. Ficou bom, mas poderia ter ficado melhor…
Agora, fiz diferente, que foi remover todas as teclas, inclusive a barra de espaço. Coloquei todas em um pote de boca larga (um esses potes de doce), enchi de água e coloquei sabão em pó. Deixei de molho. Removi posteriormente a água, lavei e enxaguei. Aí parti pra mistura propriamente dita.
Peguei um saquinho ziploc “genérico”, coloquei todas as teclas dentro e joguei água oxigenada pra dentro. Tirei a maior parte do ar e fechei. Daí, fiquei remexendo bem o saco, para espalhar a mistura, e coloquei no sol.
Depois de um tempo no sol (junto com o gabinete), retiramos, e aí vem a prova da existência do ozônio: O saco estava estufado, e parte do creme tinha vazado pela lateral, indo pro fundo da caixa revestida de papel alumínio. Ou seja, a reação química gerou gás ozônio. Pesquisando um pouco, encontrei sites falando de tratamento de piscinas com peróxido de hidrogênio e radiação ultravioleta. Logo, é esse o caminho.
Infelizmente o clareamento não ficou igual, e tive muito trabalho para limpar as teclas – muito creme na parte de trás. Se eu tivesse mantido-as na placa, passado o creme com o pincel e envolvido com papel filme, o resultado teria sido mais uniforme e mais simples de limpar depois. Tem teclas que ficaram muito boas, outras nem tanto. E eu tive que lavá-las com cuidado, secar uma a uma, usar um palito para remover o creme preso nas partes de trás, e depois secá-las com uma turbina de avião um secador de cabelo, propriedade da minha esposa.
Mas tive problemas, e isso fica para amanhã, no fechamento da saga.
Considero esse tipo de trabalho como um tipo de restauração de objeto antigo. É muito legal ver um objeto que carrega uma história recuperando-se um pouco da ação do tempo.
Boa saga dessa de alvejamento de gabinete.
Só cuidado com essa no artigo sobre o Vanish:
“O dito cujo serve para limpeza, e creio eu, acelera a reação que transforma a água oxigenada em ozônio…”
Eu não consultei da composição química do tal produto, muito menos de reações adversas em misturar com outras substâncias (e das advertências na própria embalagem). Melhor consultar que “crer que acelera a reação…”
Pelo que relatou nada ruim ocorreu nessa mistura.
Obs cuidado com o ozônio pois é tóxico quando em maior concentração aos quem se atreverem a utilizar um ozonizador. http://www.philozon.com.br/sobre-o-ozonio/dados-de-seguranca/
Obrigado pelo toque, Marcelo. Como disse, o Vanish acaba acelerando o processo, mas vou te ser honesto… Usei muito pouco.
Fiz um retrobright numa caixa de disquetes esses dias, com um dos lados muito amarelado. Bem, ficou bom, mas foi muito tempo no sol. Bem, acabei retirando-a do processo e decidindo repintá-la. Maiores detalhes no futuro.