A saga do Omega parte 21 (o final): As conclusões a respeito de todo o projeto.

Então… Como está o Omega blue? O micro está assim hoje:

Omega blue hoje.
Omega blue hoje. Tá bonito, né?

Note as teclas mais escuras: Essas eu comprei lisas e gravei o conteúdo nelas. Não ficou lá muito alinhado, mas eu posso refazer o processo depois, tenho teclas sobrando. Eu coloquei uma tecla vermelha no lugar do STOP, mas achei feio e ela foi pro lugar do ESC mesmo. Volta o PAUSE pra ser o STOP.

Por ocasião que eu escrevo estas linhas, o Omega blue está na verdade desmontado. Ele retornou da “garantia” (novamente, obrigado, Clécio), e eu estou me preparando para remontá-lo, espero que pela última vez. Mas era exatamente assim que ele estava antes de enviá-lo para reparar o problema que ocorreu – e eu mencionei na última parte. Logo, é capaz de termos no futuro um poslúdio (parte 22!) falando sobre a montagem (espero que definitiva) nesse micro. Por enquanto…

O que ainda falta fazer?

  1. Broca escalonada.A tampa antiga tem três inconvenientes furos, que eram onde os LEDs ficariam. Eu tenho uma tampa nova, já cortada, em acrílico azul. Logo, eu tenho que furar a tampa nova nas posições dos LEDs (usarei uma broca escalonada, como essa aí do lado), fazer as gravações a laser e transferir os LEDs para a tampa nova. Já vi que será um pouco complicado tirar a rosca pelo encaixe, mas nada que um pouco de jeito não resolva.
  2. Pretendo gravar a laser na tampa nova os textos indicativos. Logo, POWER, CODE e CAPS para os LEDs; quero também marcar os botões de reset e chaveamento de BIOS; e escrever os itens traseiros. Acredite, de vez em quando eu confundo o RGB com a fita cassete… Se bem que, até agora, eu só usei os Omega no S-Vídeo e eventualmente no Vídeo Composto. Já que tenho uma gravadora a laser com potência bem baixa (3 W), estou pensando em fazer isto. Já fiz na tampa que será substituída, e foi de forma bem improvisada. O resultado foi bom… Tirando que eu troquei o CAPS pelo CODE! Só rindo mesmo… Mas nada que uma troca de encaixes não resolva.
  3. Também verificarei se o soquete da bateria não está com solda fria. Como esse micro é novo e usa baterias do tipo CR2032, então eu faço questão de que funcionem, preservando o relógio interno. Não vai vazar. Então, quero que mantenha os dados. Mas eu desconfio de que o Omega blue andou perdendo a configuração… Na última vez que eu vi, não tinha perdido. Mas é algo a se averiguar. Pode ser que não seja necessário.
  4. Colocar as barras estabilizadoras nas teclas que faltam: BACKSPACE, SHIFT, ENTER, TAB, etc., o que é uma tarefa chata de ser feita.
  5. Lembra daquele amigo do trabalho que tem uma impressora 3D e imprimiu a caixa da fonte? Então, eu pedi a ele para imprimir a guia dos slots. Essa guia é uma peça plástica para instalar dentro do micro e garantir que o usuário, ao colocar um cartucho, não irá acertar algo que não deve. É uma forma de proteger a placa. No Omega transparente, não dá para colocar sem mexer no projeto, algo que eu ando sem vontade de fazer. E, para piorar, o Omega transparente tem uma fratura no canto inferior direito da tampa de cima. Logo, desmontou, corro o risco de quebrar. E se quebrar, eu vou ter que cortar uma nova tampa. Deixa quieto. Mas no Omega blue, dá certinho. E esse amigo tem filamento azul.
  6. Como eu falei anteriormente, eu terei que desbastar o acrílico no buraco do botão de chaveamento da BIOS (botão mais à direita na foto abaixo) um pouco mais embaixo, em pelo menos 1 mm. Assim ele ficará mais baixo. Se você olhar de perto, verá que esse botão está forçando um pouco o teclado para cima, e com isso força o conjunto todo. O encaixe não ficou ideal, logo a placa do teclado está levemente erguida no canto inferior direito. Não pretendo mandar cortar uma tira de acrílico azul somente para corrigir a posição desse botão. Quer dizer, se não der jeito, aí eu vou ter que reposicionar o botão – de novo e mandar cortar – de novo. Espero que não.
  7. Agora terei que substituir a fonte. Fonte nova, cabo novo, essas coisas. Mais um trabalho. Segundo o Clécio, a desconfiança recai sobre um capacitor da fonte que está inclinado. Logo, pode ser que, com isso, ele esteja interferindo no funcionamento da fonte, e com isso enviando pulsos aleatórios para a placa. Mas para trocar o capacitor, só quebrando a caixa e tirando-a de lá de dentro. Não ando muito disposto a fazer isso, vou trocar logo a fonte – perdi a confiança nela.
Ficou mais bonito pessoalmente do que na foto, acredito eu.

Logo, quando eu tiver a guia dos slots pronta, aí sim eu vou remontar o micro para trocar a tampa, fazer as alterações necessárias e finalmente encerrar o projeto.

Sobre a gravação a laser, eu descobri que não devo passar imagens com fundo transparente para o software que opera a gravadora: A aplicação não sabe o que é isso, logo pra ele, vira fundo preto. Se vocês lembram da caixa da fonte antiga, ela tem uma linha reta. Essa linha existe porque a imagem estava com fundo transparente. Pelo menos eu parei a tempo, e refiz com fundo branco. O logotipo que eu queria imprimir era esse aí de baixo (fonte 3270, valeu Ricardo Bánffy).

Omega MSX 2+ logo
Houveram outros detalhes que eu não contei, como diferenças milimétricas no corte do acrílico que me fizeram ter que meter ferro de solda quente em ranhuras do acrílico para encaixarem. Isso se deve a diferenças de corte feitas em locais diferentes. O certo era cortar tudo no mesmo lugar, mas como houveram acertos a serem feitos… Eu não iria gastar mais dinheiro e desperdiçar mais acrílico à toa.

Outro detalhe foi o uso de lima e broca de madeira em baixa velocidade para desbastar buracos pequenos demais. Por não lembrar mais dos detalhes sórdidos e traumatizantes, deixarei vocês sem esses relatos.

Então… Valeu a pena toda essa empreitada?

Se você pensar no dinheiro gasto, não valeu de forma nenhuma. Como se fosse uma obra, eu gastei a mais do que tinha previsto e levou mais tempo do que o planejado. Saiu caro, e eu nem quero calcular quanto gastei, para não dar gastura.

Se você pensar na satisfação pessoal, de dizer que eu tenho um MSX montado por mim mesmo (with a little help from my friends, claro), a resposta é um sonoro Sim. Poder dizer isso… Não tem preço. São dois MSXs novos, com componentes de prateleira na sua maior parte (V9958 e GALs ainda são antigos, mas há soluções em vista), com teclados mecânicos ótimos para digitar, compactos, saída S-Vídeo… Eles se tornaram rapidamente alguns dos meus MSXs favoritos.

Em termos de aprendizado, foi bom? Foi ótimo. Para quem não soldava nem fio há cerca de três anos, foi um avanço e tanto. Aprendi muito e exercitei muito a minha (pouca) habilidade motora. Hoje eu concordo com a frase do amigo Lord Spy: “Tá nervoso? Vai soldar.” Acaba sendo um exercício mental. As horas dedicadas me ensinaram muito sobre algo que eu tinha interesse mesmo antes de ter um MSX, mas ficou adormecido por um longo tempo. Além disso, ouvi muitos vídeos do YouTube que eu só queria ouvir, não fazia questão de assistir. Então eu os ouvia enquanto soldava. E assim foi o processo.

E os próximos passos?

Eu não montarei um terceiro Omega. Não está nos meus planos. Claro que, se eu montasse, eu o colocaria num gabinete no formato de peixe e chamaria ele de Omega 3… Mas eu vou livrar vocês dessa visão real – vou deixar só vocês imaginando. Existem outros projetos, como o Terrible Fire MSX ou o Omega com componentes SMD, atualizado pelo merlinkv. Se eu sou fiel e monogâmico, não contem comigo para montar outros micros. Se não quero encarar nem MSX mais, imagina outro micro não-MSX.

Penso em me voltar para projetos menores, tipo cartuchos e coisas do tipo. Não pretendo me embrenhar no desafio de projetar hardware, já tem muita gente infinitamente melhor do que eu. Estou satisfeito se conseguir montar uns projetinhos e colocá-los funcionando, e aprender a achar os erros que (certamente) cometerei.

Um desafio será a solda de componentes SMD. Numa das últimas intervenções, usei fluxo de solda para ver como é… E facilitou mesmo. Como sempre digo, eu tenho tudo que é básico em termos de ferramenta, só não tenho habilidade! Mas soldar SMD… Ainda é um mistério para mim.

Ganhei do amigo Manoel Neto uma placa lisa de uma ObsoNET, que tem alguns componentes em SMD. Estou pensando em montá-la. Também estou com uma placa MIDI parcialmente montada (só faltam 2 chips). Soldei um soquete de 28 pinos e falta um soquete de 24 pinos. O objetivo é testar os chips – AliExpress é um paraíso pra chips falsificados. Pretendo seguir por esse caminho.

Agora vou me dedicar a projetos menores, e quero voltar a programar no MSX – o comichão voltou com força. Mas a vida, aquela bandida, vem e dá na sua cara, lembrando que as férias acabaram (boo), o podcast voltou à ativa (e serão mais 11 episódios em 2 partes, como todo ano), então as responsabilidades retornam e o tempo escasseia.

Recentemente, eu decidi focar e encerrar projetos. Logo, um deles era o processo de montagem dos Omega. O outro é um novo projeto literário que eu espero poder divulgar em breve. O terceiro é o fechamento do milli, meu editor de textos. Tem outros projetos de programação rolando, mas não vou parar de escrever aqui no Retrópolis, sempre que puder.

Bem, é isso. Fechei esse projeto. Se você encontrar comigo em algum encontro de MSX daqui pra frente, é capaz de ver um dos Omega por lá, ou até os dois. Afinal, eles se tornaram micros muito práticos para eventos. É só chegar junto, bater um papo que eu mostro tudo. Mas não vou abrir eles não, o trauma ainda tá forte!

E como sempre falo, se você quiser ver todas essas fotos que estão aqui e outras em maior resolução, clique aqui e vá lá pro álbum do Google Fotos, com todas as fotos que você viu na série, e mais algumas – são mais de 100.

Até a próxima!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.