A saga do Omega parte 20 (ainda não é o final): As teclas e os problemas do Omega Blue.

Omega blue em processo de montagem no gabinete.
Omega blue em processo de montagem no gabinete.

Nessa penúltima parte dessa saga, falarei sobre a questão das teclas do teclado, e como resolvi com esse Omega (no outro, ainda não). Também falarei dos problemas que tive, o que incluem alguns chips queimados. E no final, vamos ver como ficou tudo, o que ficou faltando ser feito, o resultado final e minha conclusão.

As teclas.

Como todos sabem, o MSX tem algumas teclas que são exclusivas: SELECT, STOP, CODE e GRAPH. Então… Como obter essas teclas? O STOP pode ser “contornado” usando o PAUSE dos teclados de PC, mas as outras… Não tem muito jeito.

Então eu tive uma ideia: Como comprei um conjunto escuro de capas de teclas, decidi também adquirir um conjunto de teclas lisas, sem nada escrito. As teclas são grafite, com a inscrição em preto, o que facilita o meu processo artesanal de gravação a laser das teclas.

Uma gravação a laser significa que o desenho será queimado na peça. E com isso, nunca será queimado em branco, por motivos óbvios: Será queimado, logo será preto! Então, é uma questão de alinhamento do conteúdo ao canhão laser e a escolha da fonte a ser usada.

Se você notar bem na foto acima, há algumas teclas brancas, de tamanho 1U, no teclado. Eu comprei teclas brancas, lisas, desse tamanho e com capas transparentes. Aproveitei para realizar experiências de gravação a laser e ficou… Esquisito.

Decidi que deveria usar teclas maiores e mais escuras. Comprei um conjunto de teclas no tamanho 1,25U, apesar de que eu usaria apenas três (SELECT, CODE e GRAPH), e ainda há uma tecla morta no Omega, ao lado do SELECT, então teria que ter uma tecla ali, que não seria usada. Mas como diz meu pai, “seguro morreu de velho e o desconfiado ainda está vivo“. Comprei mais teclas do que precisava, justamente para quando eu visse que não ficou bom e teria que gravar novamente.

Em tempo, a medida 1U é a largura de uma tecla comum, como A, B ou C. Logo, as medidas das teclas são múltiplas do 1U: 1,25U, 1,75U, 6,25U ou 7U… Ah, fica a dica: esteja atento à barra de espaço, e ao kit estabilizador (já falo dele). Se não me engano a barra de espaços é 6,25U, e o kit estabilizador deve ser dessa medida. Atenção, porque há kits para a barra de espaços com comprimento de 7U, então esteja atento. Eu peguei um kit com barra de espaço com tamanho de 7U, consegui com colegas do curso técnico de mecânica do trabalho para dobrar… E não ficou bom. Tive que providenciar outra haste metálica pra estabilizar a barra de espaços.

No final das contas, quem olhar o teclado do meu Omega, verá que essas teclas são um pouco mais escuras do que o teclado normal, e verão a inscrição que a minha gravadora a laser fez. Ficou bom, poderia ser melhor… Mas é algo para pensar depois, se vale a pena tentar melhorar.

Quanto ao Omega transparente, eu achei um conjunto de teclas brancas lisas para gravar. No futuro, numa próxima compra na AliExpress eu as adquirirei e gravá-las-ei. Essas teclas lisas são bem caras, então vou deixar juntar mais coisas para adquirir tudo junto.

PS: Se você for ver conjuntos de capas de teclas personalizadas para Amiga, na WASD Keyboards, você vai cair pra trás com os preços. Isso só contribui com a afirmação que faço, de que “tudo para Amiga é caro“. Inclusive teclas.

Kit estabilizador.

Conjunto estabilizador para teclado.
Conjunto estabilizador para teclado.

Você já notou, assim como eu, que se você pressionar em um canto as teclas grandes (SHIFT, ENTER, BACKSPACE e barra de espaço), a tecla desce desnivelada. O mais gritante é a barra de espaços, que inclina de uma forma surreal, basta pressioná-la por um dos cantos.

A maneira de evitar que isto ocorra é usar um conjunto de estabilizadores de teclas, que são garras plásticas que encaixam embaixo das teclas e usam pequenas hastes de metal para estabilizar o movimento: Se você pressiona a tecla em um dos cantos, esse conjunto faz que a tecla desça toda por inteiro. A parte ruim é que colocar essas presilhas e a barrinha de metal é um procedimento lento e muito, mas muito chato.

O Omega tem local na placa do teclado para encaixar os kits estabilizadores. No Omega transparente, coloquei em todas as teclas grandes. No Omega blue, somente na barra de espaços – por enquanto. Eu adquiri um kit (novamente, na AliExpress) para usar, mas só coloquei a princípio na tecla que mais importa.

Você pode até achar esses kits em sites de comércio eletrônico nacionais, mas pode ter certeza que os vendedores são chineses. Mesmo os kits vendidos em mercados como o da Amazon, na sua maioria são importados. No meu caso, não adiantou muito, se eu comprasse de um site aqui, esperaria o mesmo tempo se eu comprasse a partir de um fornecedor “do lado de lá” e ainda pagaria mais caro. Então, se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha: eu recomendo que compre logo na AliExpress ou em outro fornecedor do outro lado do mundo. Há alguns bem estilosos, com presilhas transparentes e barras douradas… Mas são mais caros. Se você preza pelo seu dinheiro, recomendo que compre por lá o mais simples e aguarde chegar.

Os problemas.

Mas não seria uma montagem de um Omega se não houvessem problemas. No caso desse em particular, um problema ne surpreendeu: No final de 2023, ele estava funcionando, eu estava pondo os LEDs, vendo como tudo seria para finalmente consolidar o micro em um gabinete… Alguns dias depois, ele parou de funcionar. Eu ligava, via sincronismo na tela mas nada de imagem.

Falo com o antigo proprietário, que me vendeu o micro. Ele fala: Traz ele aqui para que eu veja. Afinal, está na garantia (quem me dera ter uma garantia dessas em qualquer outra empresa)… E aí, foram várias idas e vindas até a casa dele (que felizmente fica a 15 minutos de carro da minha casa), entendendo, testando e levando CIs para substituir.

Uma das três GAL, a Flash ROM e dois 74HCT faleceram. Logo, o micro não funcionava. A Flash foi trocada por uma que eu tinha em casa. A GAL eu tive que comprar no ML para efetuar a troca (e tem que ver a gambiarra que ele fez pra gravá-la). Já os 74HCT… Eu achei em casa, mas ele também conseguiu.

Eu tive que levar soquetes também. Este micro, ao contrário do Omega transparente, é todo soldado. Dado que os Expert tinham muito problema com mau contato nos soquetes, eu entendo o trauma do antigo proprietário, que soldou tudo… E teve que dessoldar alguns CIs. No final, eu nem tinha soquete o bastante para por na placa, acabei comprando barra de soquete torneado mesmo…

Agora, qual foi o real motivo do problema? Não sabemos até agora. Foi culpa da fonte? Não sei. Talvez. Acho improvável que a fonte tenha causado todo esse dano, mas vai saber? Talvez alguma sujeira de solda na bancada, que tenha fechado curto e queimado esses componentes? Afinal, eram distantes uns dos outros… Pode ser também, mas não temos certeza.

Ainda tivemos uma dúvida, que o cartucho FM Sound Stereo, da Tecnobytes, não funcionou. Daí, leva o micro de novo, pede para ver… E o problema era sujeira no conector. Apenas isso. Uma boa limpeza resolveu.

No final, os chips foram trocados e o micro funcionou… Até outro dia.

Em fevereiro de 2024, no período do Carnaval, ocorreria a edição 2024 da MSXVDP, o encontro de usuários MSX do Vale do Paraíba. A gente chama de MSX Folia mesmo. Então, alguns dias antes, eu estava conversando no telefone com uma das mentes em baixa resolução que cometem esse site e podcast… E me deu vontade de ligar o Omega blue. Fui lá, conectei tudo, liguei e…

O LED de power desatou a piscar. Sim, piscar loucamente. Desligo correndo. Fico apreensivo, mas aguardo encerrar a conversa. Ligo novamente, mesmo comportamento: LED de power piscando. Desligo. Desmonto o micro todo – algo que eu não queria, mas foi necessário. Liguei a fonte de teste que tenho usado. Apertei o botão de power da fonte e… Nada de imagem. Mesmo problema de antes.

Praguejo bem alto, a ponto de chamar a atenção da minha esposa, que estava entrando em casa naquele momento. Algo aconteceu que o micro deu problema. De novo. Converso com o antigo proprietário… Que pede para que eu leve o micro lá pra ele ver (sim, estava na garantia!), e pediu para levar o outro Omega (o transparente) junto. Assim ele tiraria os chips, colocaria no outro e verificaria qual estava com defeito.

Saio de casa com os 2 Omega, fonte, caixa de componentes e toda a tralha. Levo lá na casa dele. Entrego, conversamos um pouco… Volto para casa. No dia seguinte, estou indo pro trabalho (reunião de retorno), e ele me avisa que eu posso buscar o Omega transparente, que ele identificou o problema do Omega blue. Faço um desvio (dane-se a reunião, vou chegar atrasado), vou até a casa dele, e conversamos – ainda bem que ele está em home office e era a hora do almoço.

Uma das três GAL queimou, apenas isso. Testamos o micro com o osciloscópio, medimos tudo… O Omega transparente estava liberado, e o Omega blue ficaria com ele mais um pouco, para regravar a GAL e passar por testes. Como teríamos ainda o Carnaval pela frente e o micro não iria para a MSXVDP, peço apenas que faça com calma os testes.

Fonte acomodada dentro da sua caixa.
Maldita seja essa fonte.

A conclusão que chego é que a fonte é a culpada. Pelo visto, ela é que causou os dois momentos de pânico, queimando componentes pela placa. Dispensável dizer que não a usarei mais, já que eu perdi a confiança nela. Uma opção que tenho é usar uma fonte como essa aqui, remontando o conector MIKE (deve ser mais fácil) e usando-a como a fonte desse Omega. Chega de dores de cabeça.

Bem, na última parte eu falarei da conclusão e do fechamento desse micro. Não sairá na semana que vem, visto que o tempo livre se esvaiu entre os meus dedos. Mas é minha intenção encerrar esse projeto. E se você quiser ver todas essas fotos que estão aqui e outras em maior resolução, clique aqui e vá lá pro álbum do Google Fotos, com tudo junto.

Até a próxima!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.