Evento Canal-3 SP 2022, e algumas reflexões a respeito.

Agora em 21 de agosto de 2022 (justo no mesmo final de semana que ocorreu a Retromessa, encontro norueguês), ocorreu o Canal-3 Expo SP. E para quem conhece um encontro do Canal-3, no modelo como é, ver as fotos e os vídeos desse último evento geraram um grande assombro.

Se você clicou e veio pra cá, olhe esta foto aí embaixo.

Impressionante, né? Área de arcades, exposição de micros e videogames clássicos, muitos estandes de expositores e de lojas… Pra quem conhece os encontros do Canal-3 desde há muito tempo, este evento foi um baita salto.

Indico pelo menos este breve artigo do Ricardo Syozi, que saiu no Tecnoblog, e destaco aqui dois vídeos de dois canais do YouTube mantidos por amigos nossos, o KS Games e o DG, do canal Muambros. Mas há muitos outros vídeos no YouTube apresentando o encontro.

Opiniões e reflexões

Alguns fatos que esse encontro trouxe, e que me fazem refletir…

  1. Eu deveria ter ido nesse encontro. Essa é a minha primeira reflexão, e pronto. Como disse ali em cima, fui surpreendido e fiquei xatiado (escrito errado de propósito!) por não ter ido.
  2. As ondas chegam no Brasil com um certo atraso. A onda retrogamer está começando a refluir na Europa e nos EUA, mas no Brasil, estamos subindo a onda. E nós, do Retrópolis, esperamos sinceramente que esta onda continue alta por muito tempo.
  3. O retrogaming é o que enche evento. Muito mais gente tem interesse nos videogames, principalmente no intervalo que compreende o SNES e o PS3. Já a retrocomputação vem a reboque, e lanço mão do que foi dito numa das muitas conversas da última RetroRio (ilustrada por esta foto aí do lado), que gostemos ou não, micros clássicos são mais nichados do que gostaríamos de lembrar. Quando o Giovanni Nunes esteve na RetroMadrid, ele nos disse que a maior parte eram mesas de venda de itens relacionados a videogames.
  4. Mas pelo menos não há rivalidade ou concorrência: Olhos mais atentos nesses vídeos aí de cima (e nos muitos outros feitos pelos visitantes do encontro) verão a presença de pessoas conhecidas da comunidade: Marcus Garrett estava lá, assim como outros MSXzeiros, e tinha também o estande da revista Clube MSX. Nosso amigo Franclim, do Odyssey Clube estava lá também. Alguns MSX estavam lá presentes, inclusive – mas eu queria ter visto ZX-Spectrum, Amiga e Apple II lá também. Pena que não foi. E os micros são sempre muito bem-vindos em encontros retrogaming. Como me foi dito pelo Carlos, do canal Megadriveanos: “MSX é como nota de R$ 100,00. Em qualquer lugar, sobre qualquer ponto de vista é muuuuitíssimo bem vindo“. Estendo essa observação para todos os micros clássicos nos encontros de retrogaming. No nosso caso (RetroRio), limitamos um pouco a entrada de videogames (se bem que teve um Dreamcast e um PC-Engine presentes) justamente para não descaracterizar o evento, e também não lotar o evento em demasia. Nosso foco é o micro clássico, e nesse caso, o videogame vem a reboque, tanto que normalmente pedimos que sejam videogames da 1a e 2a gerações: NES pra cima, a gente prefere evitar. Não que a gente não goste, pelo contrário. Mas é porque senão teremos problemas.
  5. A profissionalização nos encontros chegou, pelo visto. Eu só vi pelos vídeos (ah, se arrependimento matasse…), mas fiquei muito impressionado com a organização do evento. Desde os banners do lado de fora do espaço, passando pela exposição de itens raros, a área de arcades, as lojas, os expositores… Não sei se o Canal-3 contratou uma empresa para organizar tudo, ou eles mesmos fizeram. Mas de qualquer forma, o evento foi realmente impressionante.
  6. Há um público interessado em retrogaming, e também em retrocomputação. E é mais gente do que nós, que somos do meio, imaginamos. Esta demanda está reprimida, ainda mais depois de dois anos de pandemia, tanto que esta nossa última RetroRio nos surpreendeu positivamente.
  7. O encontro do Canal-3 SP elevou o sarrafo para eventos de retrocomputação e retrogaming no Brasil. Tanto que o pessoal do Canal-3 RJ decidiu suspender temporariamente o encontro (seria no próximo dia 24 de setembro de 2022) para conseguir um novo espaço e estabelecer novas metas. O encontro do Rio certamente será menor do que o encontro de São Paulo, mas ainda assim, o sarrafo foi elevado a um nível bem alto – basta ver os comentários nos vídeos que foram postados no YouTube: Há muitos cariocas perguntando se haverá um encontro como esses aqui no Rio. Eu sei que a maior parte dessas pessoas desistirão quando verem que terão que comprar entrada, chegar cedo, etc (Ah não, não deu pra ir, fui levar meu poodle na tosa). Mas mesmo assim, elevou o nível e o Canal-3 RJ terá que, forçosamente, elevar a meta. E só aqui entre nós, eu não gostei do espaço usado pro último encontro do Canal-3 RJ que eu fui, apesar da ótima localização (bem no meio da Tijuca, bairro central do Rio). Então acabarei sendo beneficiado.
  8. A nossa última RetroRio foi um encontro maior do que esperávamos. Quer dizer, fizemos encontros bem bacanas no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, mas agora foi uma situação distinta: Agora era um dia, em vez de três. O local mudou… Mas todo o espaço planejado por nós, foi usado. Não sobrou mesa vazia, quase faltou. E olha que duas pessoas que reservaram espaço, não puderam vir. E isto nos preocupa para o futuro: Se o encontro aumentar, o espaço no Lar do Méier (que conseguimos sem maiores dificuldades) não comportará, e aí teremos que procurar por um novo espaço, com um custo maior, e talvez tenhamos que vender entradas (o que não fazemos há tipo… 20 anos), investir tempo na organização… Sendo que na RetroRio última, meu MSX exposto (o Toshiba FS-TM1, esse aí em cima) só me viu para rodar demos, apenas. Aquela caixa do lado do monitor é o meu Omega (que vocês devem estar lendo a série) e eu nem tirei da caixa até agora. Para quem foi, toda a arrumação do evento foi feita por mim e pelo meu comparsa nessas roubadas, o Rogério Belarmino, da Tecnobytes. Fomos no dia anterior para fazer todo o trabalho. A divulgação foi bem sucedida graças a esse rapaz na ponta direita da foto, o David. E eu acho que contei no Repórter Retro 084 sobre como coloquei ele nessa roubada…
A sensação do dever cumprido.

Enfim… Podemos dizer que o encontro do Canal-3 SP é a nossa RetroMadrid? Talvez sim. Para o bem e para o mal. Para o bem de quem visita, para o mal de quem organiza… Dá muito trabalho, gente. Vocês não fazem ideia de como é cansativo. Mas é muito recompensador ouvir o que ouvi nessa RetroRio, várias pessoas apertando minha mão e dizendo: “Ótimo evento“, “muito bom“, “adorei”, ou ainda “Fessô, chama a gente pro próximo evento que a gente adorou!” (sim, foi uma aluna minha, essa doidinha que aparece na foto aí de baixo). Valeu a pena o esforço.

Ricardo e seus alunos.
Ricardo e seus alunos.

Ah, sobre os alunos, são bons alunos mesmo. E como disse o João Cláudio FIdélis, “Devem ser bons mesmo, porque eu nunca vi você elogiar um aluno!“. E sim, não é comum eu elogiar aluno. Mas aí é o meu eu professor, e não o meu eu retrocomputeiro!

Bônus: Fotos e vídeos do evento do Canal-3 SP

Agora, se você chegou até aqui, mais algumas fotos e vídeos do encontro do Canal-3 SP que vocês não verão por aí. Todas as fotos e vídeos são cortesia do amigo Luis Jacob.

Uma visão da área de arcades e pinball.

O sorteio do Zemmix Neo, prêmio da rifa do encontro MSXSP.

Uma visão geral do evento.

Pulseira de controle do evento.
Pulseira de controle do evento.
Luis Jacob (no canto direito) no encontro do Canal-3 SP.
Luis Jacob (no canto direito) no encontro do Canal-3 SP.
Luis Jacob (temporariamente na cadeira de rodas) com o poster emoldurado do evento.
Luis Jacob (temporariamente na cadeira de rodas) com o poster emoldurado do evento.
Moacyr Alves e Paulo Sergio Maluf. O amor é realmente lindo.
Moacyr Alves, nosso primeiro entrevistado (episódio 15!) e Paulo Sergio Maluf, provando que o amor é lindo e sem fronteiras.

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.