Você já ouviu falar do “Jonathan Computer”?

Anos 1980, a Apple tinha 15% do mercado. John Sculley. Steve Jobs e outros estavam tentando avaliar o que fazer para que usuários de DOS largassem-o para seguir rumo a um Mac. Daí, veio uma ideia que eu acho brilhante até hoje:

frogdesignprototypes-jonathan-blackmodulesEm linhas gerais, John Fitch, engenheiro de hardware da Apple, pensou em um design modular, baseado na arquitetura “aberta” do Apple II (e contrário à arquitetura fechada do Mac). Logo, um backplane com as operações básicas, de Entrada e Saída, e conforme a necessidade, módulos capazes de executar software para MS-DOS, Mac, Unix e Apple II seriam acrescentados. Precisou de um módulo com drive de disquetes, ou HD? Só encaixar. Ah, quer por um módulo de rede? Coloca ali e saia usando.

O conceito era o Jonathan Computer, que foi apresentado como um mockup em junho de 1985. A proposta era completamente oposta à filosofia que começara a tornar-se vigente na empresa da maçã, e Jean-Louis Gassé, então vice-presidente de desenvolvimento de produtos (posteriormente saiu da Apple e fundou a Be Incorporated) disse que o lucro era pequeno (duas ou três vezes menor), se comparado ao Macintosh II.

O projeto não foi à frente, infelizmente, mas na minha opinião, este era uma das ideias que fazia a Apple ser revolucionária (hoje em dia é outra história). O artigo completo está no Stories of Apple, e vale a pena ser lido.

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

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  1. Grande Jean-Louis Gassé! Se ele tivesse levado essa ideia para a Be e colocado o BeOS para rodar nessa maquina, ele teria atropelado a Apple e até a Microsoft na época. Pena que o projeto ficou preso dentro da Apple, o BeOS não se tornou um sistema operacional muito conhecido e tudo que restou hoje é um projeto que se arrasta a anos e nem sequer chegou no primeiro release estável: HaikuOS (https://www.haiku-os.org).
    É de dar dó…

    1. Mas a Apple “boicotou” Microsofticamente o BeOS nos Mac, foi algo que ajudou muito no processo de virar mais um “gueto” que um nicho. O problema de hardware “roda-vários” é que ele precisaria ser absurdamente barato para competir com os “roda-um” e mesmo assim tomar cuidado para não cair na armadilha onde OS/2 e FreeBSD se meteram.

      1. O BeOS até chegou a ser lançado para várias plataformas, inclusive IBM PC mas não se popularizou, morreu quando a empresa foi comprada pela Palm. Tentaram revive-lo pela primeira vez com o Zeta da yellowTAB, sem popularidade, falência. A segunda sobrevida do sistema é o Haiku mas com código aberto e esperando colaboradores, tá lá, andando a passos de tartaruga.

        Já o OS/2, a IBM jogou literalmente tudo no lixo depois da versão Warp e hoje é mantido pela eComStation.

        O FreeBSD ainda é muito utilizados em servidores WEB, por ser um sistema muito robusto e estável. Até hoje sai versões novas dele e tem a versão desktop: PC-BSD, mantido por comunidade. Esse é um UNIX tão bom que hoje roda os jogos no PlayStation 4!

        Fonte: https://www.reddit.com/r/LinuxActionShow/comments/1qx8ci/ps4_runs_freebsd_kernel/