NABU: Questões técnicas e (alguns) segredos revelados.


Falamos no artigo anterior sobre o NABU Personal Computer, e nesse eu gostaria de me ater a questões mais técnicas, deixando para o próxmo as novidades criadas, e no último deles a história (mal contada) a respeito dos itens que estão à venda e que tomaram a mídia (minimamente) especializada de assalto.

Só um comentário: Um amigo disse que nos grupos de Facebook, quando o assunto foi mencionado, o que ele encontrou foi quase que exclusivamente piadas de quinta série. Ninguém querendo falar a sério a respeito da máquina, e sim a grande maioria no famigerado hue hue hue br, devido ao nome do micro. Bem, aqui não faremos esse tipo de piada, vamos falar desse projeto bem interessante.

Se você viu isso tudo sobre o NABU e pensou em Videotexto, Rede Cirandão, Minitel e outros sistemas de teletexto, você pensou certo: a NABUnet guarda muitas semelhanças com estes serviços, com a diferença de que este era implantado por uma empresa privada, e os outros eram implantados por operadoras de telefonia (como as teles do sistema Telebrás, a Embratel ou a France Télécom). Poderíamos vê-lo como um teletexto com gráficos? Sim, bem possível. Olha só como era o menu de acesso inicial do NABU abaixo:

Dá até para contar as cores do TMS9918 aqui: Color 4 para azul escuro, color 5 para azul, color 3 para verde, color 6 para vermelho escuro, color 13 para magenta… Afinal, o chip de vídeo é o mesmo do MSX 1! E a fonte parece muito com a fonte usada no MSX, na SCREEN 0.

E as semelhanças com o MSX não estão só aí. Antecipando uma informação que vocês ouvirão nos episódios 143 e 144 do Retrópolis (em breve, para download e no nosso canal do YouTube), saiba que a ASCII teve participação no projeto NABU. Pior, houve a rede NABU (NABUnet) no Japão.

Como disse no post anterior, trago verdades. E provo o que disse. Olhem as fotos abaixo:

Nesta imagem, temos o cartucho adaptador para acessar a rede NABU, para MSX 2.

Nesta outra imagem, temos o cartucho em uso, em um Toshiba HX-34 (MSX 2), e o micro está estrategicamente colocado em cima de um NABU Personal Computer! Note na segunda imagem que NABU NETWORK está claramente legível para quem não lê japonês (como eu). E como eu soube disso? Bem, ouça o episódio 143 do Retrópolis…

Curiosamente, o NABU aparece como um verbete na MSX Wiki. Sim, a postagem inicial foi feita ainda em 2016, e com atualizações recentes (2022). Notou como a máquina é bem parecida com o MSX, em termos de hardware? Bem, adianto que há um motivo simples para isso: O MSX é um micro montado com “componentes de prateleira”, facilmente encontrados no mercado. Logo, existem vários outros micros que guardam similaridades com o MSX… Como o NABU Personal Computer.

Agora, sabe o que mais descobrimos a respeito dessa máquina? Vamos lá:

  • O nome técnico dele é HCC: Home Cable Computer.
  • A porta ADAPTOR é usada para acesso à rede. Como? Bem, era necessário um cable modem, para fazer a conexão. Sim, podemos supor que sem este cable modem, o equipamento é inútil.
  • O teclado dele é composto de chaves da Alps, do tipo SKCC, montado sobre uma base de metal e a conexão é serial, RS-422 (DIN-6, conforme eu atualizei no artigo anterior).
  • Ele foi vendido ao preço de 950 dólares canadenses em 1982 (R$ 3.496,54). Hoje em dia, seria um total de 3062,63 dólares canadenses, ou R$ 11.274,66. Curiosamente, era o mesmo preço de um Commodore 64 no Canadá.
  • Mas é claro, não bastava ter o equipamento (que por si só, é caro). Você também pagaria para usar a rede, algo como 8 a 10 dólares canadenses.
  • Havia um módulo de RF que convertia os sinais da conexão a cabo no sentido para o micro, e também convertia as requisições do micro a serem enviadas ao servidor.
  • Havia quatro placas de circuito para síntese de frequência, entrada e saída de dados e conversão de RF e filtros passa-banda de bobina helicoidal dupla.
  • As velocidades de download pela linha de TV a cabo eram de até 6,4 Mbps, pouco mais da metade do padrão Ethernet (10 Mbps). Dado que o tráfego era de arquivos na ordem dos Kbytes… Era bem rápido!
  • Existe um documento técnico bem detalhado sobre o equipamento e a rede, e está disponível aqui. Cortesia do Daves Old Computers, que mencionamos no artigo anterior.

Bem, imaginamos que você ficou curioso em conhecer ele em mais detalhes. Calma, não falaremos como importar o seu (ainda). Mas aqui temos os esquemas dele (num site com uma diagramação de muito mau gosto, diga-se de passagem), procure ali do lado direito. São várias imagens em PNG, e entre elas eu destaco uma, que está aí embaixo, mostrando simplificadamente como a rede funcionava:

O Communications Adaptor é que fazia a mágica da conexão com a rede de TV por assinatura (que certamente era bidirecional), repassando ao micro.

Ah, já que eu falei de MSX… Sabiam que teve jogo da NABU Corp para MSX? Sim, tem um… Esse aqui. É o Heli-tank, um jogo de 1984 (então se prepare que não é nada bonito), feito pela NABU Corp e publicado pela ASCII. Na prática, é um jogo de tiro que guarda semelhanças com Berzerk e Robot Wars. E este é o único jogo feito por ela para MSX. Originalmente seu nome era… Mania. Sim, esse nome mesmo, e foi adaptado para MSX.

No próximo artigo, vamos falar de novidades feitas para essa máquina. Até lá!

PS: Outras fontes que indicamos é o verbete sobre o teclado do NABU, no Deskthority e a página do Museu da Computação da Universidade de York, trazendo detalhes e softwares para o NABU. Sabia que mais de 100 softwares foram feitos para ele?

 

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

Um comentário em “NABU: Questões técnicas e (alguns) segredos revelados.

  1. Deixa ver se eu entendi!

    Podemos dizer que NABUnet era o rascunho das BBS?

    Interessante, seguindo nos artigos.

    Até

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