X64, o CPC envenenado.


A última RetroMadrid não foi só palco para exibição do VRoBIT, máquina que pretende ser compatível com o MSX original, e que eu tenho uma opinião muito particular... Também tivemos a primeira mostra da CPC-X64, uma placa-mãe para Amstrad CPC que traz várias novidades, substituindo vários chips por FPGAs e CPLDs, mas que é para por dentro do seu CPC velho de guerra. Ou seja, remove a placa antiga e coloca a nova.

O que tem nela? Bem… O conteúdo da CTC-AY e mais um pouco. Ainda não tem preço definido, mas se você tem uma “telha” como o CPC 464 e quer dar um upgrade, é algo para se observar.

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

9 pensou em “X64, o CPC envenenado.

  1. Sobre sua opnião muito particular do Vrobit estou rundo até agora. Dei uma boa olhada no projeto e achei interessante com algumas ressalvas. Mas fiquei curioso em saber por que achou tão ruim.

    1. Bem, eu resumiria em dizer que o VRoBit não é um MSX, no sentido estrito da palavra.

      Até onde eu vi (e confesso, não vi muito), vi um gabinete bonito, inspirado no Sony XV (que é um dos MSXs mais bonitos que conheço). Mas o que temos dentro, até onde vi, é um hardware onde você conecta uma Powergraph, e ele detecta e “emula” uma Powergraph. Se você digitar BASIC no DOS dele, você não vai pro BASIC, mas você tem que carregar um outro software para cair no BASIC.

      O problema é que todo mundo que quer fazer um “MSX 3”, quer acabar com o intervalo (grande) entre o MSX e os PCs atuais. O que eu acho uma tremenda estupidez. MSX é MSX, PC é PC. Não dá para querer que um seja o outro.

      Mas claro, minha opinião é passível de questionamento, como “o que define um MSX ser um MSX?”. E aí vamos para o campo filosófico, que pode chegar até aos mais puritanos que dizem que uma placa pra micro clássico com ESP8266 (que atinge 80 Mhz) é um erro, pois não é o micro clássico que está executando-o, mas um chip que serve a ele e é muito mais rápido do que ele (sim, eu já ouvi tal besteira de um desenvolvedor de hardware).

  2. Não conheço as suas razões da sua opinião desfavorável do tal Vrobit mas, no meu caso, não gosto de nenhum dispositivo moderno que seja vendido como uma “versão atual” reimplementação, “nova encarnação”, etc. de micros ou videogames clássicos mas que no fundo não passam de emuladores (normalmente baseados em arm-raspberry pi-android-linux) dentro de gabinetiezinhos estilosos. Nesta categoria incluo o ZX-Vega e este Vrobit.
    Já as soluções baseadas em FPGA e/ou CLPD’s , como o novo ZX Spectrum-Next, Zx Speccy Arlequin, Zemmix Neo MSX, C64 direct, Chamelleon, etc. são uma história totalmente diferente por não serem meros emuladores e sim verdadeiras clonagens dos hardwares originais utilizando tecnolgias modernas (sintetização programável de hardware) e portanto merecem todo o respeito e apoio dos entusiastas da retrocomputação. Esta é minha opinião pessoal, contudo reconheço o valor e a importância dos emuladores, principalmente como ferramentas auxiliadoras no desenvolvimento de novos softwares para micros clássicos ou mesmo pela praticidade e disponibilidade de uso à qualquer local e momento que eles proporcionam somente tenho repulsa quando é feita uma maquiagem ao redor de um emulador para que ele seja vendido como uma nova versão ou implementação (ou herdeiro legítimo) de uma máquina clássica.

    1. Jaime, sua opinião se assemelha muito à minha.

      Eu respeito o trabalho em fazer o VRoBit, mas pra mim, e até onde entendo, ele não é um MSX, no sentido estrito da palavra.

      Quanto aos emuladores, concordo que eles facilitam e muito o desenvolvimento (estava eu mexendo com um ainda há pouco, inclusive), mas daí substituir o micro clássico… Discordo.

      1. Ok Ricardo mas digamos que este mesmo Vrobit tivesse sido feito baseado em tecnologia FPGA, por exemplo, tivesse sido baseado na implementação One Chip MSX, ou melhor, no recente Zemmix Neo: Você o consideraria um novo MSX? Eu o consideraria um MSX sim e sem nenhuma ressalva! Aliás se alguém ou algum grupo resolver criar um projeto de um novo MSX baseado no Zemmix Neo mas com um gabinete bacana como esse do Vrobit eu apoio e reservo o meu na mesma hora, claro que somente se o valor estiver dentro de uma faixa de preço coerente (no máximo uns R$ 1500,00). E você, o que pensa sobre um hipotético crowfunding para um novo MSX nestes moldes?

  3. Jaime, existem já projetos de recriação de hardware de MSX em FPGA. Basta olhar pro lado e ver aquele MSXzeiro que tá feliz da vida por ter comprado um Zemmix Neo BR e tá jogando.

    Mas se você olhar um Zemmix Neo BR (ou OCM, q é o meu caso), ele tem nada além de um MSX “normal”. Ele é um MSX 2+ c/ 4 Mb de RAM, com turbo (até 12 Mhz), e se n me engano, c/ FM e SCC embutido – isto se estiver usando a atualização do firmware feito pelo KdL. Inclusive o meu OCM boota agora com o “logo” MSX3 q ele fez – só pela zuera. Mesmo assim, o OCM/Zemmix Neo n tem nada de novo, nenhum modo gráfico novo, som melhorado, endereça mais memória, nada.

    Eu queria muito q a Tecnobytes fizesse um financiamento coletivo pra fechar a placa-mãe de MSX deles, mas como eles são poucos (3 no total) e tem outras demandas (Oazem Conserta, projetos e a vida pessoal que insiste em nos tirar do q queríamos fazer o tempo todo), n tiveram como ver isso ainda. Eu acho válido, e n sou contra uso de FPGA, pelo contrário. Ontem eu estava brincando c/ um projeto do Luca q envolve um ESP8266, quero ver se tenho algo pronto p/ mostrar na RetroRio (mas de novo, a vida pessoal q nos atrapalha). E eu acho sensacional. Q venham mais e mais.

    Mas acho q essa definição filosófica, do q define um micro clássico sê-lo, deveria ser estabelecida. Pq já vi gente dizendo q seu celular rodando emulador é MSX, por exemplo, e honestamente… Não é. Por isso a necessidade de um marco comum.

    Quanto ao VRoBit, parece-me q é uma placa-mãe com ARM rodando um sistema operacional “moderno” e q emula o MSX. Olha, eu acho muito melhor projetos como o MSX-ARM (https://www.msx.org/news/en/msx-arm-turbor-upgrade-kit-development) e o MSXPi (do meu amigo e nosso ouvinte, Ronivon Costa – https://www.msx.org/forum/msx-talk/hardware/msxpi-msx-raspberry-pi-interface-under-development). Apesar de q o gabinete q ele fez ficou bonito. Mas é só isso.

    E olha q esse post era sobre o CPC turbinado. 😀

    1. Ricardo, acompanhei (através deste blog) o desenvolvimento e as primeiras impressões do Zemmix Neo e me parece uma iniciativa sensacional! O dispositivo parece ter tudo para cumprir os requisitos que definem o que é a definição de uma verdadeira máquina MSX . Embora não tenha tido a oportunidade de testar um sei por experiência própria o que é uma implementação FPGA de um hardware antigo pois possuo há alguns anos um dispositivo MCC 216, fabricado pela empresa americana “Arcade Retrogaming” e como o mesmo é multiplataformas (reconfigurável no boot) venho revivendo a experiência de jogar clássicos do Amiga (apenas ECS), ZX Spectrum (inclusive com ResiDos e os novos modos gráficos proporcionados pela nova ULA “UlaPlus”) e também pude conhecer máquinas a que não tinha tido acesso até então (Commodore 64 e Atari XL 800). Como você bem sabe a experiência de usar uma reimplementação de hardware antigo em tecnologia FPGA é virtualmente indistinguível da experiência tida no hardware original, não vou afirmar que é 100% idêntica pois muita coisa acaba tendo de ser sintetizada empiricamente (análise exaustiva do comportamento dos circuitos originais em razão da falta de documentação oficial “datasheets e manuais de serviço” de muitos dos circuitos ).
      Então, ao meu ver, a tecnologia FPGA resolveu e simplificou a questão do hardware para se “reviver” plataformas clássicas, mas, isto ainda não é tudo pois existe também outros aspectos envolvidos na recriação da experiência de uso de hardware antigo e isto passa por outros aspectos ligados à memória afetiva que as pessoas tem destas máquinas clássicas tais como a forma e as cores dos gabinetes, caixas e manuais e até mesmo pequenos detalhes como os “clics” e a resposta tátil do teclado, ruídos de drives, relês, etc. Claro que muitas destas características, por razões de viabilidade econômica, praticidade ou técnicas, não poderão ser repetidas (teclados originais, monitores e drives originais ) mas outras podem (com algum custo e esforço) perfeitamente ser incluídas (gabinete “estiloso” em plástico injetado, embalagem e manuais, etc.)
      No fundo uma iniciativa destas não seria nada mais do que uma versão do “ZX Spectrum Next” para a plataforma MSX.
      Na sua resposta você menciona que o OCM ( e por tabela o Zemmix) não acrescentaram novos modos gráficos, capacidades sonoras, etc.e eu concordo com você que se este novo hardware trouxesse estas novas melhorias isto por sis só acabaria sendo um enorme argumento de vendas que poderia viabilizar um possível financiamento coletivo para o desenvolvimento/construção da nova máquina. Creio que se for adicionada (via FPGA) a sintetização do cartucho equivalente “Powergraph V9990” (desejada por muitos mas possuída por pouquíssimos) isto por si só já alavancaria a adesão de dezenass (ou mesmo centenas) de financiadores ao projeto. Acredito que não seria algo fácil mas tecnicamente perfeitamente possível haja visto quejá existem implementações FPGA de vídeo games com hardware muito mais complexo como o SNES)
      Infelizmente acho pouco provável que algum dia um projeto destes ocorra pois a base de adesão à um hipotético crowfunding provavelmente acabaria sendo ridiculamente pequena, mesmo levando-se em conta a comunidade internacional de entusiastas do padrão.
      Enfim isto tudo são só exercícios de imaginação de minha parte talvez muito ingênuos e equívocados mas gostaria de saber a sua opinião sobre essa possibilidade, se estou mesmo equívocado em supor que um financiamento coletivo visando financiar a construção de um lote de novas máquinas MSX (baseadas no Zemmix mas com gabinetes, embalagem, manuais, etc.) seria algo já nascido destinado ao fracasso total por falta de apoio da comunidade?

  4. Pois é, o troço começou num post sobre CPC e acabamos (di noovuu) no meu querido MeXeXix.
    Parte da idéia do VRobit é interessante. Afinal se o R800 é um z80 melhorado e teoricamente o v9990 pode ser parte do projeto do E-VDP3 (o famigerado V9978) que nunca foi à linha de produção em série, não se poderia em um exercício seguindo-se a evolução tecnológica que aconteceu com outros circuitos (como as cpu’s intel) extrapolar o que poderia haver com o z80, o V9958, o PSg e por aí vai mantendo a retrocompatibilidade?
    Eu sei que é um terreno prá lá de pantanoso e necessariamente a conclusão que uma pessoa chega não é a mesma de outras!
    Mas prá manter a chama viva, e levando-se em conta que um projeto destes envolve retorno para cobrir não só os gastos financeiros, mas uma pequena parte do seu esforço pessoal, eu creio que qualquer um que for por uma empreitada destas vai ter de considerar opiniões divergentes, e quanto menos houver, maior a chance de sucesso.
    Mas é apenas a minha opinião e vale tanto quanto a de qualquer pessoa, mesmo a do Nishi, que na verdade não bolou quase nada. Ele simplesmente partiu do SVI-318 da Spectravideo e muito pouco de hardware mudou. O que mudou mesmo foi o software.
    Abração à comunidade de retro!

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