Como foi a Campus Party 2013?

E agora, algo completamente diferente. Assim, várias sketches do Monty Python começavam, e acho que é uma boa maneira de começar essa sequência de coisas a contar a vocês. Vou dividir em uma por dia (óbvio), e todas tem IBAGENS para você ver e se divertir. Para começo de conversa, vamos falar da Campus Party 2013. A propósito, esse Atari 2600 estava do lado de fora, no stand do Seguro BB Auto, e foi autografado pelo Nolan Bushnell. Bacana, não?

A Campus Party 2013, sexta edição do evento, ocorreu entre os dias 28 de janeiro e 3 de fevereiro de 2013. Esta é a terceira vez em que compareço. Na primeira vez, fiquei muito interessado em aproveitar a banda larga e baixar coisas que me interessavam. Na segunda, meu interesse era mais conversar, fazer contatos e distribuir cartões do Retrocomputaria. Nessa terceira edição, meu interesse era participar da mesa redonda sobre a história dos games, e ir ao encontro da Videomagia. O que houve, então?

Bem, como vocês sabem, falei de ambas as edições de forma longa e explicada, no Guanabara.info e no Retrocomputaria Plus. Olhe só o que escrevi:

Para a edição de 2013, somente esse (longo) post será redigido, mesmo porque esse relato é uma espécie de desagravo ao que foi feito pela organização do evento.

Na minha honesta opinião, esta foi a mais fraca de todas as Campus Party que participei. Em termos de público, de palestras, de gente interessante… Foi realmente fraco e pobre, o evento. E discuto os problemas abaixo:

Preço

O primeiro e principal fator é o preço. Vamos às entradas, para vocês entenderem:

  • Em 2011, a inscrição para campuseiro era de R$ 130 (promocional), ou R$ 150. A barraca e o direito de usar o camping custava R$ 20.
  • Em 2012, a inscrição para campuseiro era de R$ 150 (promocional), ou R$ 300. A barraca e o direito de usar o camping custava R$ 30.
  • Em 2013, a inscrição para campuseiro era de R$ 300. A barraca e o direito de usar o camping custava R$ 75.

Ou seja, há uma discrepância grave aí. Suponhamos que um jovem se preparou ao longo do ano para ir à Campus Party, e comprou o ingresso assim que ele foi disponibilizado. Se calcularmos certo, a inscrição para campuseiro, partindo do preço promocional subiu 15,38% entre 2011 e 2012, e 100% entre 2012 e 2013. O camping, então, subiu 50% entre 2011 e 2012, e 150% entre 2012 e 2013. Se corrigirmos os valores pelo IGP-M (FGV), teríamos o seguinte:

  • A inscrição promocional para campuseiro em 2011, hoje, seria de R$ 148,82. A barraca e o direito de usar o camping custaria R$ 22,90.
  • A inscrição promocional para campuseiro em 2012, hoje, seria de R$ 162,07. A barraca e o direito de usar o camping custaria R$ 32,41.

Fonte: Calculadora do Cidadão (BCB)

Logo, os valores foram reajustados muito acima da inflação, o que encareceu o evento para quem vai. Ora, se o público-alvo é o estudante universitário, na faixa entre 18 e 30 anos, na sua maioria eles ainda não ganham salário e tem severas dificuldades financeiras. Uma subida de preço de 100% na inscrição e 150% no camping não são nada convidativos para um orçamento bem limitado.

Resultado? Enquanto que em anos anteriores os ingressos se esgotaram rapidamente, na Campus Party 2013 sobraram 369 ingressos. Só olhar no site da Campus Party. E não é só isso, tínhamos a clara percepção de que o evento estava mais vazio. Estive lá na sexta-feira, dia 1 de fevereiro, e um amigo podcaster (abraço, Fatfr0g) disse-me que aquele era o dia mais vazio de todos.

Soube através de uma amiga que trabalha na empresa organizadora, de que a Campus Party Recife foi um fracasso, financeiramente falando. Um outro podcaster que conheço disse que não era bem assim, que o evento foi muito bom... Mas o que eu soube era “inside information“, logo, me desculpe, sua informação tem menos peso do que a minha. Nada contra 2 Campus Party no Brasil (por mim, podia ter até uma Campus Party Rio Branco, no Acre), mas temos que pensar com a frieza dos números: Se dá prejuízo, então não dá para fazer.

Aliás, você vê claramente que a questão financeira influenciou no evento ao observar outras questões relacionadas ao evento, a saber:

  • A praça de alimentação, localizada no setor aberto ao público, tinha apenas 5 restaurantes. Em outros anos, havia mais opções. Provavelmente subiram demais o preço do aluguel.
  • A refeição ali, estava bem cara. Um prato e refrigerante no Montana Grill Eventos custava R$ 40. Na boa, caro demais.
  • O serviço de microônibus ou de vans que levava campuseiros entre o Terminal Rodoviário do Tietê e a Campus, em 2013 foi encerrado. Não foi tanto um problema para mim, mas para muitos foi um estorvo a mais.
  • Na área dos campuseiros, não vi gente vendendo alimentação, um a um. Sabe aqueles ambulantes que você vê em jogos de futebol, shows, etc? Pois é, em outros anos eu vi, mas nessa eu não vi.
  • Camping vazio. Várias barracas desocupadas, e muita gente com aquela cara de #foreveralone.
  • Pouca gente no canto dos podcasters. Encontrei algumas pessoas conhecidas, mas você claramente nota que muita gente boa faltou, ou somente deu uma passada por lá.
  • Atividades como o Cubo Geek foram cortadas fora, infelizmente.
  • Bancadas de casemod mais vazias, menos itens a serem fotografados. Sempre gosto de fotografar para mostrar aos meus alunos… Mas esse ano, serão menos fotos.
  • Ouvi reclamações de muitos cabos Ethernet com defeito, ou como me disseram, “parece que reaproveitaram os cabos de 2012 todos, sem nem testá-los“.

Você via claramente que a Campus estava com problemas nessa questão.

Ampliação do espaço

O segundo fator foi a ampliação do espaço. A sensação de vazio aumentou por causa da área para bancadas ter sido ampliada. Logo, nos cantos, havia bancadas INTEIRAS vazias. Isso aumentou a sensação de vazio.

Internet

Um dos diferenciais da Campus Party é a banda larga disponível. Em 2011 eram 10 Gbits/s, em 2012 foram 20 Gbits/s, e em 2013, 30 Gbits/s. Mas nunca vi o gráfico atingir o topo. Nunca consomem todos os recursos, isso é fato.

Mas hoje em dia, a Internet banda-larga está mais acessível a todos: Um amigo tem 35 Mbps em casa, e ele mora a 1500 metros da minha casa. Logo, Internet rápida, que era um atrativo (desci uma ISO do Ubuntu 10.10 em 2011 a taxas de 7 Mb/s, em média), deixou de sê-lo.

Excesso de wireless e a falta de uma estrutura própria

Como a Campus só oferece Internet por cabo, quem queria conectar-se através de um smartphone, tablet, caixa de música ou caderno de anotações, iria precisar de uma conexão wireless. E a Campus não fornece. Logo, dessa forma, você tem que conectar-se a um roteador wireless de outra pessoa. E aí começa o suplício.

Simplesmente TODOS OS CANAIS WIRELESS ESTAVAM OCUPADOS. Sim, os 14 canais. Logo, você só conseguiria conexão se tivesse sorte e ao lado de um roteador. Resultado: Há 2 edições que a única conexão à Internet que tenho na Campus Party é o 3G do meu celular. E só. Tanto que em 2013 nem notebook levei, só tablet.

Descaso com imprensa

Pela primeira vez em 3 anos, não tive credencial de imprensa. Entrei assim em 2011 e 2012, pois me identifiquei como editor do Guanabara.info. Mas em 2013, achei que não seria correto me inscrever como editor, já que não publico nada desde o afastamento de Steve Jobs, em agosto de 2011. “Não seria honesto”, pensei. Como em 2012 o Retrocomputaria foi convidado a gravar no Cubo Geek, logo intui que somos conhecidos, e que poderíamos (tentar) entrar como Retrocomputaria. Não deu certo.

Minha credencial foi trocada para uma de campuseiro (obrigada, amiga que não revelarei o nome!), mas o Sander Souza não teve a mesma chance, e recebeu um email negando-lhe a credencial, faltando pouco menos de 1 semana para o evento. Ele ainda argumentou, enviando emails para a organização, repassando links como os que tem lá em cima, sobre o que escrevi… Nada adiantou. Ele entrou graças à ajuda do nosso amigo curador da área de games Moacyr Alves.

Em compensação, um amigo nosso em comum se inscreveu como imprensa, dizendo que era editor de um site um pouco conhecido na Internet, e foi aprovado. Detalhe: Ele nunca acessou tal site. Ele fez essa traquinagem somente para provar que o credenciamento, da forma como foi feita, foi estúpida. Não verificaram se ele tinha escirto algo por lá. As credenciais ficaram para a última hora, e soube que teve gente que deu uma de “armless joe“, e conseguiu entrar na Campus como imprensa, argumentando que não recebeu o email de confirmação ou não. Isso, na minha terra, chama-se falta de organização.

Outra foi que o cubo de vidro da imprensa foi deletado. Em 2011 e 2012 havia o espaço privado da imprensa, para pessoas de veículos que cobrem a Campus Party possam trabalhar tranquilamente. Também havia um garrafão com água e sempre havia brindes dos patrocinadores. Um deles, um pendrive de 2 Gb, está espetado num hub USB, ligado ao meu roteador wireless. Mas esse ano… Nada.

Confusão quanto aos palestrantes

Se em 2011 tivemos Steve Wozniak e em 2012 tivemos o Kul Wadhwa, da Wikipédia, em 2013 tivemos “Buzz” Aldrin (o segundo homem a pisar na Lua) e Nolan Bushnell, fundador da Atari. Muito bom. Mas ambos foram deslocados para o início da semana (3a e 4a, respectivamente). Normalmente o grande palestrante fica para o sábado de noite, para fechar o evento. Mas isso não ocorreu.

Além disso, o enfoque foi mal-colocado. Quando se falou em Nolan Bushnell, só sabiam dizer que ele “empregou” Jobs e Wozniak na Atari, enquanto que na verdade o Jobs negociou e Wozniak criou uma versão do Breakout para a Atari (o Jobs roubou o Woz, levando a maior parte da grana ao invés de dividir, mas isso é outra história). Quem assistiu, disse que não teve nada de interessante.

Nível das palestras

Falando em palestras, o nível era muito baixo. Olhei o conteúdo, e poucas me interessaram. Verdade seja dita, as palestras do último FISL que fui, também estavam abaixo da expectativa. A maioria em níveis muito básicos, conteúdo para iniciante. Fizeram alguns debates na forma de confrontos, como Star Wars x Star Trek, que foram ridículos. Na boa, comparar idiomas intergalácticos, entre Klingon e Tusken (o que é falado pelos Tusken Raiders, em Star Wars: Uma Nova Esperança), é estúpido. Nem perdi tempo. Outras palestras,como a do diretor da Mozilla, para “samplear” vídeos, foi tosca e de uma ideia quase infantil.

A mesa redonda em que participei é que foi legal, mais pelos outros do que por mim. Se você quiser ver, ela tá aí embaixo:

Afinal, teve coisas boas?

Sim, teve. Muitos bebedouros (logo ninguém passou sede), sem apagões ou quedas de luz (apesar da chuva forte na sexta), menos furtos de notebooks, algumas demonstrações bacanas (como os simuladores)… Mas não era um evento para ficar todos os dias. Eu iria morrer de tédio.

E agora?

Bem, como em todos os anos, os boatos de uma Campus Party Rio de Janeiro se intensificam. Olha, para mim seria ótimo, pois daria para ir de casa de ônibus, sem carro. Afinal, o Riocentro fica a 6 km da minha casa. Mas apesar de ter uma central telefônica imensa da Oi do lado e ter um monte de hotéis na Barra da Tijuca (que é perto), o evento, sendo pobre como foi, não vai atrair ninguém. É preciso repensar isso tudo.

IBAGENS

Bem, divirtam-se com as fotos da Campus Party 2013 aí embaixo. Se quiserem ir no link para ver as fotos, cliquem aqui. Qualquer coisa, falem aí nos comentários:

Campus Party 2013

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

0 pensou em “Como foi a Campus Party 2013?

  1. É … preço é um fator preponderante , TEM Q conviDAR a escolas e faculdades , estudantes de tecnologia e extensoes , tem gente que é do ramo mais nem sabe que a campus party existe.
    Incentivar , campeonatos e batalhas digitais de diversas modalidades e plataformas , onde os competidores teriam a honra e a alegria de participar e ganhar uma etapa na Campus Party como se fosse [ Monaco F1] , [ Indianapolis ] , { Lemans } , [ Libertadores ] . [ Eurocopa } [ Copa do mundo } [ BOXE EM LAS VEGAS ] e etc …SE POSSIVÉL PREMIOS EM DINHEIRO …. sem contar os Blogueiiros e Jornalistas On-Line , amadores e profissionais de imprensa digital , atuando com cobertura entrevista e etc …. PARA SE TER UMA IDEIA EXISTEM NO BRASIL + DE 70 LIGAS DE AUTOMOBILISMO VIRTUAL [ PLATAFORMA DE PC ] , com uma media de 100 pilotos , SEM CONTAR PS3 E XBOX E EU DISSE SOMENTE AV-AUTOMOBILISMO VIRTUAL PENSA NA QUANTIDADE KAUOFIDATI …..OU ENTÃO CARAS QUE GOSTAM DE FUTEBOL DIGITAL [ SERÁ QUE TEM MUITO ] HEHEHE…
    SIMULAÇÃO DE VOO : IVAO BR TEM 20.000 MEMBROS A VATISIM TEM 7.000 MEMBROS OU SEJA O QUE FALTA POR INCRIVÉL QUE PAREÇA É UM MARKETING + EFICIENTE E DIVIDIR UM POUCO ESSE PÃO ….ABRAÇOS