Campus Party 2012, e o Retrocomputaria por lá – parte 3

Moacyr Alves: Jogo Justo, ACIGames, colecionador... E fudeba.
Moacyr Alves: Jogo Justo, ACIGames, colecionador... E fudeba.

Feito isto, vamos aos games… Que sempre é uma área muito requisitada. E não poderíamos deixar de prestigiar nosso amigo fudeba Moacyr Alves, que além de presidente da ACIGAMES, idealizador da campanha do Jogo Justo e outros títulos… É o curador das área de Games da Campus Party! E com base nessa amizade é que levei uma bronca dele por ter levado tanto tempo para ir lá… “Mas eu cheguei só hoje, cáspite!” Ah, caso você não lembre, entrevistamos o Moacyr no episódio 15, partes A e B.

As palestras eram bem interessantes, sobre desenvolvimento de games, mas como eu já saí dessa vida de programação, vamos aos simuladores e brinquedos presentes. Como sempre, alguns simuladores bancados por empresas. O irônico foi ver a Azul (empresa de transporte aéreo) com um simulador… De corrida. Era um carro de fórmula, com cockpit, volante e telas (sim, eu disse TELAS) simulando uma corrida. Seria mais lógico eles patrocinarem um simulador de vôo. Mas vai entender…

Simulador de vôo na Campus Party.
Simulador de vôo na Campus Party.

E bem do lado, um simulador de vôo que nos fez gastar um tempo falando com as pessoas que o desenvolveram. É impressionante a capacidade do ser humano de transformar um hobby em algo realmente grandioso. E pelas fotos que vocês podem ver, o simulador é todo baseado no Microsoft Flight Simulator X, numa tela imensa, e o mais sensacional: Com um painel completamente funcional na frente. Todos os mostradores, marcadores e visores FUNCIONAM. Outra conquista impressionante foi ver que um dos membros do grupo tomou para si a (hercúlea) tarefa de pegar as imagens de satélite do Google Maps e transformar em cenários para o FS X. Só que ele fez isso com TODA a América Latina. Impressionante. Tivemos uma longa conversa com os responsáveis, trocamos cartões, e o Sander inclusive conversou sobre a possibilidade de uma parceria comercial com a empresa de um deles… E ainda, por fim, um deles é entusiasta de retrocomputação, tem um TK-2000 e disse que vai ouvir o Retrocomputaria! Viva! A propósito, aqui segue um vídeo do simulador em funcionamento.

Estande da Intel
Estande da Intel

Ainda nos games, uma curiosidade foi ver a inversão de 2011 para 2012. Como pude comprovar em 2011, a Campus Party foi território da AMD. Se vocês observarem minhas fotos do ano anterior, verão um estande da AMD com 10 telas LCD e gente jogando Street Fighter IV, processadores Fusion, placas ITX tocando vídeos full HD… E a Intel? Bem, ela estava apenas como parte do estande da CCE.

Nesse ano, a virada foi completa: Nada de AMD, e a Intel simplesmente dominou. Desde as máquinas reservadas para o campeonato de games, numa parceria dos sujeitos de azul de Santa Clara com o pessoal de verde de Sunnyvale. Sim, a Nvidia. E na área de expositores, aberta ao público, basta dizer que a Intel tinha o maior estande de todos. Está aí as fotos que tirei e que não me deixam mentir. Desde desafios de overclocking (que no meu tempo, era melhor para se fazer com AMD), passando por campeonatos de games (só reconheci o Starcraft 2), Intel Extreme Masters… Realmente eles entraram de sola. Tentar recuperar o mercado perdido? Não sei. Mas investiram pesado em 2012.

E, falando em overclock, me lembra casemod. E casemod me lembra as coisas que vimos por lá. Vou tentar fazer uma lista do que achei interessante:

  • Speed Racer casemod
    Speed Racer casemod

    O primeiro que registrei em foto foi um casemod temático, do Speed Racer. Tinha até um Mach 5 em cima, e usava 3 monitores. Pelo que soube, era de um dos organizadores da Campus. Como sou fã de Speed Racer desde antes de mexer com computadores… Já viu.

  • Teve também alguns que já vi antes, como um clássico, feito em gabinete de madeira, com a frente toda em acrílico transparente, e os HDs mais gravador de DVD em gabinete separado. Esse eu já vi em 2011, mas dessa vez foi possível registrar fotos melhores – eu perdi o receio de usar flash nas fotos.
  • Ainda vimos uma “heresia”, que foi aquele jovem que tinha uma workstation Sun, gabinete torre média, lindo… E montou um PC dentro. Merecia uma vaia.
  • Vários casemods bonitos, bem pintados, com efeitos relacionados a watercooling (corantes azuis ou verdes que reagem à luz), várias placas de vídeo ligadas em paralelo (Hybrid CrossFire, SLI-X ou como queiram). Alguns ostentando SSDs da OCZ para o seu sistema (grande coisa, tenho um desses dentro do meu notebook). Outros, é claro, com casemods de beleza discutível, como aquele montado em caixa de papelão, e outro… Montado em cima de uma caixa de pizza. Horrível? Sim. Mas tinha 3 placas de vídeo que somadas, custavam mais caro do que o meu notebook. Ah, e vimos um monitor CRT na Campus – o que é algo quase assustador, em tempos de onipresença dos LCDs. TVs LED e LCD de 42 polegadas também são mais comuns, além de gente usando 2 monitores (como esse aqui, que o segundo monitor fica em pé). Originalidade é uma palavra de ordem nessa área, apesar de termos muita gente copiando.

Vamos fechar com 4 casemods bem impressionantes que vimos por lá.

  • Casemod do Capitão América
    Casemod do Capitão América

    Começamos pelo casemod do Capitão América, onde o autor pintou todo o gabinete de branco, vermelho e azul, usou iluminação, tampa de acrílico, papel de parede do Sentinela da Liberdade… E 2 bonecos do Steve Rogers, dentro do gabinete. Quer ver como ficou? Está aí do lado.

  • Outro que ficou bem impressionante foi o casemod d’ O Poderoso Chefão. Aqui, eles fizeram um gabinete com janelas para acomodar placa-mãe, ventoinhas para refrigerar o conjunto, iluminação… E um carro de gangster, em escala, girando dentro do gabinete. O The Godfather Mod (esse é o nome) realmente impressiona pelo trabalho bem-feito.
  • Sorria!
    Sorria!

    Mais um que me deixou de queixo caído foi o casemod do Coringa. Mas o casemod foi baseado no Coringa do jogo Arkham Asylum. O boneco do Coringa foi feito em fibra de vidro, cuidadosamente pintado, e está como que saindo de uma caixa, com explosivos à frente e ele, pronto para usar o detonador. A riqueza de detalhes e soluções criativas é impressionante: O detonador é a fonte de alimentação (1000 W) do casemod; o sistema de watercooling é todo feito com água com corante verde, o que nos traz a lembrança do produto que o Palhaço do Crime usa para atacar suas vítimas; o boneco tem um crachá (roubado) do Hugo Strange, um vilão menor, mas que decobriu a identidade secreta do Batman; o monitor LCD estava decorado com cartas do Coringa e do Morcego; uma placa de acrílico com o símbolo do Arkham também sendo apresentado. Muito bem feito, não é à toa que o criador ganhou vários campeonatos de casemodding.

  • Homem de Ferro
    Homem de Ferro

    Mas, sem sombra de dúvida, o mais impressionante de todos os casemods é o do Homem de Ferro. O Sandman (desculpe, não sei o nome dele com exatidão) levou 2 anos e gastou mais de R$ 4000 para montar, em tamanho natural, essa estátua do Homem de Ferro, e colocar dentro dela uma placa-mãe nem tão impressionante… Mas todo o conjunto o é. Ele usou um Arduino para controlar coisas como a abertura da máscara, o piscar das luzes dos olhos, da mão direita e do reator do peito. Ah, ele controla a abertura das panturrilhas da armadura também. Temos muitas fotos, como vocês podem ver no álbum. Temos também um vídeo. Quer ver o site? Está aqui o link.

Já quase concluindo a resenha sobre a Campus Party, tivemos como sempre a área externa, com os estandes para os meros mortais que não tem o passe dado pela credencial. Vimos impressoras 3D trabalhando no estande do Terra, e pessoas posando para que câmeras captassem suas formas e as imprimissem em pequenos bonecos de plástico. Curioso, ainda mais sabendo de projetos como a impressora RepRap, e o trabalho do Garoa Hacker Clube.

Entre outros itens interessantes, tinha o robô lançador de bolas de pingue-pongue (os profissionais lembram que é tênis de mesa, mas vá lá), o que me decepcionou um pouco, já que eu imaginei que seria um robô que rebateria as bolas, e não lançasse bolinhas incessantemente. Que seja… Mas a propósito, alguém sabe por que o Wal-Mart estava por lá? Nem eu sabia.

Ainda tivemos Space Invaders com Kinect e uma tela semiesférica. Explicando cada um:

  • Em um estande (acho que do SEBRAE), Space Invaders com Kinect. Estranho? Veja só a nossa descrição: O que tivemos foi um painel coberto por um grande lençol branco, onde era projetada a imagem de um jogo ao estilo “mate todos os alienígenas”. E quem é o canhão? Você mesmo, e aí entra o Kinect: Você é o canhão, e ao agitar os braços, “você” atira. Para mover o canhão, basta mover para os lados. E com isso, derrubar o máximo número de alienígenas. É legal? Bem… Confira no vídeo tosco que eu fiz.
  • Um dos projetos expostos mostrava uma semiesfera de vidro, com uma imagem sendo projetada nela. No caso, o curioso é que a tela exibia uma foto do planeta Terra, que poderia ser mudada, para a Lua ou mesmo Marte. Como? Mantendo a mão sobre o topo da esfera. Sim, a tela era multitoque! E nos divertimos girando a esfera para os lados, além de ouvir sobre as aplicações daquela experiência, dadas pelo mui simpático representante.

Ainda vale o registro de três curiosidades do evento, para encerrar:

  • A Fundação Mozilla levou vários balões (também conhecidas como bexigas), distribuindo-os como parte da campanha por uma Web mais democrática, mais justa… E mais uso do Firefox. Chrome mordendo os calcanhares, né?
  • "Eu Quero Te Dar Um Beijo"
    "Eu Quero Te Dar Um Beijo"

    Ainda houveram essas moças aí do lado, de bela aparência, portanto mochilas e com essa placa pendurada: “Eu Quero Te Dar Um Beijo”. Calma aí, eu sou homem casado, e minha esposa é brava!

  • A última é de caráter pessoal, e ocorreu logo que chegamos na Campus: Um senhor veio até nós pedir ajuda para desbloquear o celular dele, e para mexer num tablet chinês, simplório como ele só. Dispensável dizer que o Sander odiou a tela resistiva, e tentamos de tudo para desbloquear o celular. Na conversa, além de termos ganho lanche, descobrimos que ele era o proprietário dos restaurantes que estavam ali instalados, no pavilhão dos campuseiros, e que o seu sonho é, quando se aposentar, vir morar no Rio de Janeiro. Mais especificamente, no simpático bairro de Jacarepaguá, justamente onde resido. Pena não termos conseguido resolver o problema do celular, mas o tablet foi feito.

Conclusões

Estou ficando velho. Não baixei um mísero megabyte na rede de alta velocidade da Campus Party. Não liguei meu notebook. Também, não havia espaço para abrir o meu datacenter, e nem nada interessante o bastante. Nesse aspecto, o encontro foi um fracasso.

Mas o evento valeu e muito pelo networking realizado: Muitas conversas, muitos contatos, convite para gravar alguns podcasts… Reencontrar amigos, conhecer pessoalmente gente que você conhece de trocar emails, falar sobre vários assuntos, fotografar e filmar, rir e conversar… Sob esse aspecto, a Campus Party foi um sucesso.

Logo, em 2013 (se houver Campus Party depois do fim do mundo), é possível que eu leve apenas o Touchpad e um HD externo. Também levarei mais cartões, alguns DVDs com cópia do material do Retrocomputaria, minha garrafa térmica para beber água… E mais alguma coisa que vier na telha. E ficarei mais dias, se o trabalho permitir.

No mais, nada mais. Até mais e… Fique com a minha galeria de fotos nesse link.

Além, os vídeos disponíveis no nosso canal, no Youtube. Divirtam-se!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

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