Nosso amigo Marcelo Sávio trouxe essa história interessante em um grupo privado de WhataApp, postou no Facebook, e decidimos publicar aqui, com todos os direitos reservados a ele. Esta é a história de um dos consoles de videogame mais desconhecidos, apesar de ser uma versão do famoso Coleco Gemini (e visualmente idêntico ao Supergame, da CCE) e compatível com o famosíssimo Atari 2600.
Fala, Sávio!
Nos anos 1970s e 1980s, várias empresas de mídia e entretenimento enxergaram o boom dos videogames e entraram nesse mercado.
A Warner Communications comprou a Atari em 1976. A 20th Century Fox criou a divisão Fox Video Games e lançou jogos para o Atari 2600. A CBS criou uma subsidiária (CBS Electronics) e lançou jogos para consoles e micros, além de distribuir os cartuchos e os consoles ColecoVision na Europa e na Argentina.
Foi então que entrou em cena a gravadora Columbia Records, do grupo CBS, que nos anos 1970s, tinha lançado a “Columbia House” um clube de música (LPs e K7s) por correspondência. Em 1982 resolveram lançar o Columbia Video Game Club, que utilizaria o mesmo princípio do Clube de Música, mas aplicado aos cartuchos de videogames.
Mais ou menos naquela mesma época, a Coleco informou à sua parceira CBS Electronics sobre um novo console de videogame que estava prestes a chegar ao mercado: O Coleco Gemini, que era um clone do Atari 2600 que a Coleco planejava lançar em meados de 1983.
Esse console seria baseado no recém lançado Módulo de Expansão nº 1 do ColecoVision, que permitia rodar jogos do Atari 2600 no console ColecoVision. A CBS Electronics achou que isso seria uma boa sacada para o nascente Columbia Video Game Club, e então um novo acordo foi firmado entre a Coleco e a CBS — desta vez, para fornecer uma versão rebatizada do Coleco Gemini a ser vendida através do clube: o Columbia Home Arcade.
Mas a Atari não deixou barato nessas investidas da Coleco: Em dezembro de 1982, a empresa do Monte Fuji entrou com uma ação judicial de US$ 350 milhões alegando violação de patentes e concorrência desleal. O processo da Atari buscava uma liminar preliminar e permanente contra a fabricação e venda do Módulo de Expansão nº 1 da Coleco.
A Coleco contra-atacou e processou a Atari em US$ 500 milhões, alegando violação das leis antitruste, e continuou não só vendendo o Módulo de Expansão como desenvolvendo o projeto do console Gemini. A Atari rapidamente modificou o processo para incluir tambem o Gemini na liminar, mas isso não impediu a Coleco de anunciar o Gemini em fevereiro de 1983.
As empresas acabaram negociando um acordo extra-judicial. Como o Atari 2600 (lançado em 1977) já estava no fim de sua vida útil e a Atari havia direcionado seu foco para o Atari 5200, ela não se importou em permitir que a Coleco lançasse um clone, desde que recebesse alguma compensação por isso.
Assim , em março de 1983, a Atari e a Coleco anunciaram que haviam resolvido a questão. Pelo acordo, a Coleco poderia continuar fabricando e vendendo seu Módulo de Expansão nº 1 e também lançar o planejado Gemini, compatível com Atari 2600. No entanto, a Coleco faria isso como licenciada das patentes da Atari, pagando royalties. A partir daí, tanto o Gemini quanto o Columbia Home Arcade estavam aprovados para venda.
O Columbia Home Arcade foi então lançado e oferecido aos membros do Video Game Club por US$ 49,95. O console vinha em uma caixa com o rótulo “CBS Video Game Club” e acompanhado de um cartucho do jogo Donkey Kong. A ideia era vender um console barato e ganhar na venda de assinatura de cartuchos pelo correio.
Mas esse console foi vendido por um curtíssimo período de tempo, pois logo depois, ainda em meados de 1983, o crash do mercado de videogames nos EUA despencou com o preço dos consoles e jogos, acabando com os planos de muitas empresas do setor, inclusive os planos da Columbia.
Estima-se que foram fabricadas cerca de 10.000 unidades desse console, porém a maioria ficou encalhada e acabou sendo descartada/destruída.
Abaixo temos fotos dos controles do exemplar que pertence ao Sávio (vocês viram a foto dele lá em cima) e também da propaganda do Columbia Videogame Club.
E aí, gostaram? Querem uma coluna do Sávio aqui no site? Se sim, falem aí nos comentários para a gente mostrar que o povo clama por seus textos.