Então, a história do CP-500 ainda não acabou. Se você não leu a parte 1, clique aqui e vá ler. Senão, continuo a história aqui embaixo.
Pois então, esse pequeno monstro ficou ancorado por muito tempo no calabouço do Oazem, e fico imaginando quantas vezes eles deve ter tropeçado no CP-500 e xingado-o… Mas nas palavras do mestre da testa comprida: Para arrumar esse micro é preciso um daqueles dias em que você tem tempo e está inspirado para fazê-lo. E vocês sabem, a intersecção entre ter tempo e inspiração é praticamente um conjunto vazio. Ou seja, o CP-500 parecia que estaria destinado a nunca mais funcionar. Até que…
O Fabio Santos, no grupo de WhatsApp de MSX, colocou uma foto de uma placa-mãe de CP-500 que ele estava restaurando, inclusive conseguiu puxar o sinal para ligar num monitor mais novo (não, não era VGA)… E eu tive a ideia: E se esse micro chegasse nas mãos do Fabio?
Como eu pretendia ir a São Paulo de carro no final de julho, eu poderia dar uma esticada até Santos para depositar aquele baú na casa do Fabio. Isso tudo, claro, caso ele topasse encarar a tarefa de restaurar esse CP-500. Falei com ele… E ele topou.
Viva!
Saímos no final de julho do Rio para São Paulo, com a mala do meu carro tomada por diversos itens para serem entregues no caminho: São José dos Campos, São Paulo e Santos – eu me senti o próprio transportador (Jason Statham), mas pelo menos não sou careca no momento. Aí embaixo você vê como estava a mala do meu carro.
Só sobrou aquele pequeno espaço entre a caixa azul e a bolsa com mais… Gabinetes dentro. Ainda entrou bolsas com roupa, mochilas, etc. Foi até a tampa.
Chegando lá em Santos, depositei o baú na casa dele, conversamos um tanto… E ele disse que iria mexer no bicho. Daqui, segue o relato dele, com fotos e vídeos enviados por ele a mim.
De cara, ele já disse que a parte digital era possível dele revisar, mas o problema seria monitor e fonte. Bem, ele ligou, nada de boot. Estava muito sujo, muito mesmo. Então ele parou para limpar o dito cujo. Alguns capacitores da fonte estavam secos, precisavam ser trocados mesmo.
Olha o estado desses capacitores.
Na manutenção, o bicho já passou a dar boot, mas a imagem da placa que gera o sinal para o monitor estava esquisita (conforme vocês podem ver nessa foto aí embaixo). E a fonte? Bem, começou que ela não entregava 5V, e depois ainda queimou um fusível.
Mas o Fabio é brasileiro e não desiste nunca, então ele partiu para a restauração de tudo. E logo ele trocou as memórias, consertou a placa que gera a imagem e já temos algo que se aproveite! Ah, o teclado (outrora muito elogiado por mestre Renato Degiovani) estava 100% funcional.
Mas a fonte merecia uma reforma daquelas, trocar os capacitores todos e aí, ver se os disk-drives tinham salvação. Só que para testar os drives, era preciso um par de disquetes de 5 1/4 polegadas… E quem tem disquetes desses hoje em dia? Nem eu tinha (mea culpa). Revirei tudo em casa, não achei aquela caixa de 5 1/4 polegadas milagrosa (achei até uma de 8 polegadas, acredita?). No trabalho tem disquetes desse tamanho, mas… Pandemia, né?
Um dos drives por dentro. Sujo pra valer.
Consegui acionar meus contatos, e descobri alguém que teria como gerar os disquetes para dar boot nesse CP-500. O Fabio conseguiu arrumar 2 disquetes de 5 1/4 polegadas e mandou pelos Correios para essa pessoa – não revelarei quem é pois ele não me autorizou, mas é um ouvinte nosso. Muito obrigado!
Enquanto isso, o Fabio partiu pra troca de capacitores (recap) e manutenção dos drives, e teve arqueologia aracnídea envolvida. Não, não foi uma aranha, foram várias. E também encontrou um casulo de barata! Minha vizinha fugiria de pavor só de ver o casulo… Mas segundo ele, o CP-500 está em um estado incrivelmente bom – dada a situação dele.
Na fonte, ele me disse que trocaria os 4 capacitores gigantes da placa, se os 5v retornassem, ele recolocaria as memórias originais, e o trabalho todo se resumiria a limpeza e a troca desses 4 capacitores. Os drives foram totalmente limpos e lubrificados, dois jumpers foram refeitos (estavam oxidados), mas ainda faltava a trava de um dos disk-drives. Provavelmente os drives leriam os disquetes, mesmo sem as travas. Mas seria melhor se tivesse as travas.
Aí, os 5v da fonte voltaram! Viva! Mas os 12v morreram. Eita. E continua a batalha… Até que uma semana depois de que eu fiz o depósito do item na casa dele, o Fabio me manda três vídeos, que estão aí embaixo:
No dia seguinte, ele me fala: O CP-500 está há quase 5 horas de testes sem desligar, e eu estou torcendo para não ter que trocar os soquetes da RAM, e de outras conexões. A placa está estável, mas algum mau contato aparece eventualmente, vou tentar isolar. De resto é bem bacana de usar. O CRT está em perfeitas condições, sem nenhuma marca de burn in.
E alguns dias depois os disquetes chegaram, a máquina foi montada, testada e vocês podem contemplar essa bela foto aí embaixo, do CP-500 dando boot no DOSPLUS, um dos vários sistemas operacionais feitos para o TRS-80.
E qual será o destino desse CP-500?
Bem, eu nunca escondi de ninguém que eu sou fiel e monogâmico, como diz o Juan. Logo, minha coleção se pauta por ser de um padrão de micros apenas, o MSX. Então, esse CP-500 será vendido. O Fabio será pago pelo serviço (quem trabalha de graça é relógio de corda) e eu agora preciso trazê-lo de volta de Santos para o Rio de Janeiro. Mas já estou em negociações com um potencial comprador, então é possível que esse micro nem volte para casa, mas já seja entregue no seu novo lar. Vamos ver.
Então, gostaram desse relato de um RFyG? Mais fotos estão nesse álbum do Google Fotos aqui, incluindo poeira e aranhas. A playlist dos vídeos no YouTube é esta aqui, e fica aqui minha eterna gratidão ao Fabio Santos por ter encarado esse B. O. e o resolvido.
O CP 500 porventura aceita o kit MSX 2+ ? 64k RAM? Drive é o mesmo controlador?
PODIAS TER ESSE MSX MONOBLOCO EXCLUSIVO, Ô PÁ!
TOP! Não sou fã da linha TRS, mas ver um deles de volta a vida é sensacional. Parabéns meu caro!