RFyG nosso: Restauração do teclado do Paxon.

Este relato é um Rise From your Grave (RFyG), só que brazuca, mas não feito por mim, mas pelo amigo e ouvinte Fábio Santos. Bem, vocês devem lembrar que o teclado do meu MSX 1 Paxon PCT-50 (aqueeeeeele, lembram?) estava esquisito, cheio de pontos de ferrugem e com várias teclas sem funcionar. E pra piorar, o teclado é composto de uma placa metálica, onde estão as chaves de contato. E, abaixo dele, a placa de circuito impresso (PCB) onde as chaves de contato estão soldadas. Ou seja, as chaves estão presas na placa metálica e no PCB. Cada chave tinha pelo menos 3 soldas, se são tipo 60 teclas… 180 soldas a serem removidas e 180 soldas a serem feitas. Nada animador, pelo visto.

Pois então, numa conversa no grupo de WhatsApp de MSX, o Fábio Santos disse que encararia a empreitada de dar um trato no meu teclado, se eu quisesse. Sem pensar duas vezes, empacotei o teclado e mandei para ele pelos Correios.

O que temos abaixo é o relato dele e escrito por mim, sobre a situação do paciente e as suas respectivas ações para minimizar e resolver o problema. Vamos lá…

Antes de tudo.

São 34 fotos no total, que ele me repassou registrando todo o processo. Só que estão meio fora de ordem, então eu ordenei de acordo com a percepção que eu tinha, conforme ele foi me relatando. Algumas fotos estarão aqui, outras no Instagram, mas todas estarão, em toda a sua glória e resplendor, neste álbum no Google Fotos. Não deixem de ver.

A placa.

Quando o teclado chegou, o primeiro passo foi desmontá-lo. Logo, examinar tudo com calma para ter uma noção do que fazer. E ele começou a dessoldar todas as chaves de contato do teclado (mais uma vez, obrigado pela paciência!), para poder retirá-las e examiná-las com calma. Como você pode ver na foto aí embaixo, muita “sujeira”, muito resto de solda retirado da placa para poder tirar tudo.

Enfim, ele tirou todas. A placa metálica foi devidamente lixada, pintada e envernizada. Nas palavras dele, “aguenta mais uns 40 anos sem ferrugem”. Assim esperamos!

A placa de circuito impresso.

Conforme foi averiguado pelo Fabio, a placa de circuito impresso (PCB) estava intacta. Nenhuma trilha rompida, nenhuma corrosão, nada. O que é um alívio em termos de notícias.

As chaves de contato.

As chaves de contato é que eram as grandes vilãs de todo o processo. Várias estavam falhando, então foi necessário uma manutenção mais cuidadosa, uma a uma. Conforme você pode ver, inicialmente ele colocou todas as chaves em uma cuba ultrassônica, encheu de álcool isopropílico e botou pra vibrar.

Daí, foi para o teste, uma a uma. Como você pode ver abaixo, ele usou um multímetro para testes de continuidade, para aferir o funcionamento das chaves. E seis chaves não estavam funcionando corretamente. Bem, de várias, caiu para seis, já estou no lucro. Mas o Fabio é brasileiro, não desiste nunca, então continuou tentando.

E no final das contas, somente uma não teve jeito, estava além da recuperação total. Perguntado a respeito disso, eu sugeri colocar essa chave no SHIFT direito do teclado. Seria uma das teclas menos usadas em um MSX (tirando quando você for jogar Rollerball com o teclado), então ali seria menos problemático. E assim foi feito.

Ah, a barra estabilizadora da tecla espaço estava num estado bem ruim, bem enferrujada. Mas ele a limpou e tratou a ferrugem. Não houve a necessidade de fazer uma nova, aproveitou-se a antiga. Muito melhor!

As teclas.

Vocês devem lembrar que esse meu teclado parece uma galinha carijó, devido a um erro que cometi ao fazer o retrobright (mea maxima culpa), que é misturar teclas cinzas com teclas brancas. Aí, manchou tudo.

Bem, o Fabio deu uma bafejada de ar quente nas teclas, e melhorou a coloração das teclas. Já ajudou muito!

O gabinete (do teclado).

Aí, foi uma limpeza no gabinete do teclado, com uma aplicação de dióxido de titânio para revitalizar a cor do gabinete. Eu não sabia que esse produto sequer existia, mas o povo do tuning de carros usa e gosta muito. Bem, eu não sou tão interessado em carros quanto sou em computadores, então para mim é novidade.

O gabinete do teclado ganhou uma nova vida com a aplicação do produto. Ficou lindo! Nas palavras do próprio Fabio, “Esse vermelho vivo é muito bonito. Um micro todo nessa cor deve ser um charme”. E é mesmo!

Remontagem, postagem e testagem.

Bem, o teclado foi remontado (conforme na foto abaixo) e remetido novamente a mim, num SEDEX  que chegou aqui em 3 dias.

Quanto ao teste… Está funcionando! Muito bem, por sinal. O único inconveniente é que o teclado é duro. Mas entenda, duro para um usuário de teclados mecânicos (estou digitando essas linhas a partir de um IBM Model M). O Fabio me deu a dica de remover as teclas e colocar, com cotonete, um pouquinho de graxa de silicone em cada tecla. Eu tenho graxa de lítio aqui, posso inclusive fazer a aplicação mais facilmente (aerossol). Alguém sabe se eu posso usar essa graxa em vez da graxa de silicone?

Conclusão.

O trabalho do Fabio foi simplesmente fantástico. O teclado funciona muito bem agora (tirando o SHIFT direito, mas também, né, milagre é mais demorado), já fiz algumas experiências com ele. Meu Paxon está agora quase todo completo (tenho um dos joysticks originais dele funcionando), o que me traz muita alegria. Novamente, meus kudos ao Fabio Santos pelo trabalho muito bem feito!

E novamente, se você quiser ver todas as fotos (são 35), estão neste álbum no Google Fotos. Não deixem de visitar.

Mas não acabou, em breve teremos mais um relato com o Paxon, dessa vez tentando aproveitar as entradas RF dele. Aguardem!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

7 pensou em “RFyG nosso: Restauração do teclado do Paxon.

    1. Ele é bonito mesmo. Agora preciso por graxa de silicone nas chaves… Mas será que graxa de lítio resolve?

      1. Tem que dar uma olhada na base da graxa, pra evitar reagir com os plásticos. Minha sugestão eh circular pelos foruns de montadores de teclados mecanicos.
        Achei no google um link que pode ser util.
        https://switchandclick.com/what-lube-to-use-for-mechanical-keyboard-switches/
        Quando remontei meu teclado LABO, uma das teclas estava agarrando mas tudo que eu tinha à mão na época era silicone branco. Funcionou bem, mas certamente existe solução melhor, rsrs.

        1. Esse link é bem completo.

          Mas sabe que eu fui procurar graxa de silicone e achei na Amazon, a R$ 21,60 mas com frete grátis para os clientes Prime. Acho que vou resolver meu problema logo e engraxar as teclas. 😀

          Em tempo, tá aqui o link.

  1. Placa teclado: PCB passiva, talqual HotBit nenhuma lógica ali… finda num cabo/conectorzão 22 veias.

    1. O teclado é um sanduíche composto de placa metálica (cheia de ferrugem) e o PCB embaixo. Sendo que as chaves estavam presas na placa metálica e soldadas no PCB. Cada chave tinha 3 pontos de solda. Ou seja, se o teclado tem tipo, 50 teclas (tem mais), são 150 soldas a serem desfeitas e 150 soldas a serem refeitas.

      Realmente, nenhuma lógica ali… Mas um trabalho filhadamãe para dessoldar tudo e ressoldar tudo, e sem o computador para testar. Ou você acha que eu iria mandar pelos Correios uma caríssima TV de 12 polegadas do Rio para Santos? Não mesmo.

      1. Esse teclado é antítech dos Joysticks ColecoVision/Creativision: quando falham, neles substitui ou desmonta só a parte/contato que travou.

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