Bem-vindos ao episódio 98 do Retrocomputaria.
Sobre o episódio
Falamos de Apple. Falamos de Macintosh. Falamos de Apple Macintosh. Mas só se tiver 68K; se tiver PowerPC ou Intel, é em outro podcast.
Nesta parte do episódio
Evidente que começamos lá na Apple em si. Passamos pelo desenvolvimento, pela mudança de rota (e citamos Jef Raskin e Canon Cat, antes que reclamem) até o famoso lançamento em si. Do computador em si, falamos das especificações, da relação da Apple com quem queria programar pra ele e, evidente, Hypercard e desktop publishing.
Links do podcast
- Site da McIntosh Labs, e por isso o Macintosh ganhou o “a”
- Andy Cunningham e a importância do lançamento do Macintosh como evento
Música de fundo
Tem o chime clássico de Mac e mais umas músicas aí.
Outras formas de ouvir
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Esse lance de o que você ver na tela ser exatamente o que vai sair impresso é bem interessante. Tive um professor que tinha um PowerMac e usava uma régua de verdade para medir o tamanho dos desenhos, fórmulas e espaçamentos na tela.
Uma coisa que me impressiona com relação ao Mac original é… caramba! Como uma máquina porcaria dessas conseguiu revolucionar o mundo?
128KB de RAM?
Telinha de 9 polegadas preto e branca?
Resolução de 512 x 324?
Pela bagatela de US$2500?!?!?!?!?
O irmão mais novo dele, o Macintosh 512K (US$2750), era a “mesma porcaria” com mais RAM. Competia com o Atari ST (US$999 com monitor colorido), com o Amiga 1000 (US$1285) e até com o Apple IIGS (US$999) que a própria Apple sabotou para não matar o Macintosh.
E, de maneira bizarra, o único que sobrou vivo foi o Mac :-/
Os caminhos misteriosos do mundo…
Pra ser justo, a resolução não era ruim pra época, a telinha pequena e em preto e branco sim.
É a mesma mágica de sempre: o que faz um computador ser relevante é o software que ele roda. O mesmo sucesso teria sido possível se eles tivessem continuado o investimento da interface gráfica na linha Apple II com o GS. Também explica o porque do Atari 2600 ser um videogame genial mesmo com aquele hardware bastante simples e do sucesso do IBM-PC, onde vc podiar rodar todo tipo de software; de planilhas, editores de textos, compiladores a aplicações gráficas excelentes como Print Shot e Banner Mania.
O Mac era um produto revolucionário para a época… era diferente de todos os computadores que existiam, pois tinha tudo integrado numa peça só, era portátil (transportável), e tinha programas que atendiam o que as pessoas queriam fazer.
Quando o Jobs voltou pra apple ele repetiu exatamente a mesma receita, fez um computador com tudo integrado, de visual bacana, fugindo das carcaças quadradas (que temos até hoje, rsr).
Ou seja, nem em 1984 nem em 1996 o MAC foi um computador melhor do que os que já existiam, mas caiu no gosto do pessoal por fazer algo diferente.
Por volta do minuto seis, quando comenta sobre o Apple III: O podcast se chama “Drop III Inches” (https://podcasts.apple.com/ca/podcast/drop-iii-inches/id879945508?mt=2) e na Wikipedia diz que a orientação da Apple era: “Tilt the front of the Apple III six inches above the desk and then drop it to reseat the chips” (https://en.wikipedia.org/wiki/Apple_III)
A tese de doutorado do Jef Raskin era sobre um computador gráfico chamado “QuickDraw” (em homenagem o Bill Atkinson usou este nome para a biblioteca gráfica que desenvolveu em Pascal para o Lisa e em assembler de 68000 para o Mac). Como professor da Universidade da Carlifórnia o Jef pode fazer intercambio na Xerox Parc onde teve a oportunidade de usar o computador Alto.
Foi contratado na Apple para cuidar das publicações e logo ficou frustrado com a variabilidade do Apple II. Ele argumentou que para vender milhões da computadores eles teriam que ser todos iguais e tão fáceis de se usar como uma torradeira. Veja uma versão de 1980 da sua redação: https://web.stanford.edu/dept/SUL/sites/mac/primary/docs/cbm.html
O presidente da Apple ficou impressionado e pediu para o Jef aplicar suas idéias ao projeto Annie que a diretoria queria desenvolver: um computador para jogos bem mais barato que o Apple II. O Jef incluiu as idéias de sua tese também e achou que os projetos deveriam usar nomes de maçãs e não de mulheres de modo que trocou o nome da máquina para Macintosh.
Uma complicação é o que o Steve Jobs ficava tentando matar o projeto. O Jef achava que ele simplesmente não entendia o que ele estava querendo fazer e se visse algo parecido funcionando passaria a apoiar. Ele pediu para seus contatos na Xerox Parc para mostrarem o Alto para o Jobs.
O Jobs ficou impressionado e a Apple fez um acordo onde a Xerox recebeu $200 mil em ações da Apple (vendidas com grande lucro por ocasião do IPO da Apple) em troca do licenciamento da tecnologia da Parc. Ele levou parte da equipe do Lisa para uma segunda visita (esta sempre mostrada nos filmes) onde os diretores da Xerox mandaram seus funcionários responderem todas as perguntas técnicas.
Muitos detalhes sobre o projeto Mac estão em http://www.folklore.org/ e no livro que evoluiu deste site.
continuando: A diretoria da Apple achava o Jobs muito inexperiente para liderar o projeto Lisa na qual estavam apostando o futuro da empresa. Ele teve que buscar outra coisa para fazer e resolveu assumir o projeto Macintosh. Só que ele queria mostrar que podia fazer uma Lisa melhor que a Lisa e entrou em conflito com o Jef que não gostava do mouse e de janelas apesar de ter usado o Alto como exemplo do que queria fazer.
O Jef acabou saindo da Apple e fez uma placa para o Apple II chamada SwyftCard por $90 (basicamente uma ROM) que transformava o Apple II numa aproximação do que ele queria que o Mac fosse. Dai a Canon se interessou pelo projeto e ele desenvolveu o Cat. O produto foi muito bem recebido por secretárias e as divisões de máquina de escrever e de computadores da Canon começaram a brigar para ficarem com o produto. O presidente achou melhor cancelar o Cat para eliminar o conflito.
https://en.wikipedia.org/wiki/Canon_Cat
Se não existe número para a regra dos haters, creio que deveria ser o 88. Por que? Procure no Google por “extremismo simbologia 88”.
Particularmente, me lembro bem dessa questão do “88” por causa de uma coincidência extremamente infeliz.
Sou aluno do curso de Química da USP (Capital), cuja atlética (AAAARK) tem, desde sua fundação, o nome de uma judia (Profª Drª Ana Rosa Kucinski) e, a atlética, foi fundada no ano de 1988. Por isso, já tivemos reclamações devido ao fato de o pessoal da atlética fazer agasalhos e camisetas que citam “1988” ou “desde 1988” e afins
O legal do nome dessa associação é que sigla e grito de guerra ao mesmo tempo. Quanto à coincidência infeliz, me parece que enquanto mantiver os dígitos do século tá sussa.
“Quanto à coincidência infeliz, me parece que enquanto mantiver os dígitos do século tá sussa.”
Realmente, tanto que o pessoal da Atlética, só se deu conta da infeliz coincidência (que alguns colegas que, como eu, são mais interessados em História já tinham reparado, mas acharam melhor não ficar explicando para não ter que ouvir, mais uma vez, que deveriam ter cursado História) quando foram encomendar uma nova blusa de moletom e, alguém (provavelmente da confecção) reclamou que a expressão “desde 1988” tinha muitos caracteres para se posta nas mangas e, por isso, escreveram “19” em uma manga e “88” na outra.
Não precisa dizer que, assim que o moletom chegou, nossos colegas do curso de História, viram alguns de nós com ele e começaram a reclamar nas redes sociais.
Aliás, alguém precisa dar um toque no Robert Kubica:
Soma à Constituição de 1988!
Pra explicar Haters, teve o filme “Talk Radio”. Recomendo.