Repintando um gabinete de um micro clássico, parte 2: O processo.

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Continuando a nossa série de pintura, é claro que eu acabei fazendo muita besteira no processo, então como já disse, as fotos estão fora de ordem porque todo o processo foi demorado, até me vencer pelo cansaço. Acima temos algumas fotos de como a peça ficou depois da limpeza do redutor de alto desempenho. Essa faxina eu fiz na casa dos meus pais, por ocasião do Dia das Mães. É, minha mãe fazendo o almoço e eu e meu pai arrancando tinta…

Ah, todas as imagens são clicáveis, então tem versão maior para vocês verem com mais detalhes.

Uma coisa que você precisa é de jornal. E os jornais, nos tempos atuais de Internet, andam tão magrinhos… Mas a madame providenciou uma edição do Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o único jornal que ainda vem em quantidades generosas de páginas na sua edição diária.

Forrei a região, e essa é a primeira dica: Forre tudo. Por mais que você vai pintar com tinta spray, não seja econômico. A tinta em spray voa com facilidade devido à circulação de ar, e adere a diversas superfícies. Logo, forre tudo, senão você terá que sair limpando até o chão com redutor, ou com uma daquelas pastas de limpeza pesada. Se você usar uma bancada como apoio, forre tudo próximo, inclusive a parede – eu ainda tenho uma mancha escura na textura da parede de fundo da casa, que preciso tentar tirar um dia desses.

Se a coisa estiver feia e você não tiver um Diário Oficial à mão, pode tentar esses jornais mais baratos. Pelo menos você ainda lê sobre futebol, mulher pelada e violência a um custo baixo. Senão quiser nem isso, parta para os jornais que são distribuídos gratuitamente. Pegue logo três ou quatro, diga que é para os colegas de trabalho… Eu já fiz isso.

E para remover a tinta? Nessas idas e vindas, peguei um pincel velho, um copo velho de vidro, já rachado (se fosse de plástico o redutor iria destruir), coloquei o produto e de lá fui passando. Incrível como mesmo a tinta de fábrica sai fácil. E assim foi. Você esfrega e depois lava para remover a tinta. É uma opção, mas providencie um local para escoar a água com a tinta dissolvida. Lavei na rua do condomínio, então tive que varrer a água para uma galeria de águas pluviais, 5 metros de distância da minha casa. Outra opção era usar panos velhos para remover a tinta.

Queria eu passar apenas uma leve pincelada de redutor, para tirar a camada superior da tinta, mas minha esposa querida e amada (e porque não, enxerida) resolveu se meter e dar um banho de redutor na tampa do gabinete. Ficou na chapa, ou como alguns dizem, no metal. Claro que isso rendeu uma discussão, a clássica fala “deixa que eu faço essa k-gada toda que eu quero aprender“, entre outras.

Mas como disse a vocês, eu pintei e repintei essa tampa mais vezes do que eu gostaria de lembrar. E troquei inclusive o redutor para outro, de maior desempenho (não estou ganhando nada, mas olha aí para o lado que você vai ver qual é o produto que usei). Aí eu tive a ajuda do meu pai no processo. Passamos o produto, e esperamos ele fazer efeito. Não lembro se era 5 ou 10 minutos, mas esperamos ele secar – e é rápido. Aí viemos com a espátula (conforme está na embalagem) e raspamos. Pronto, limpeza muito mais rápida e mais seca.

Assim, limpei toda a superfície da peça, deixando-a no metal, limpa. Depois lavei-a para tirar os resíduos e sequei com o jornal. A tampa continha alguns pontos de ferrugem, então era necessário removê-los. Peguei uma lixa de metal 220 (era a que eu tinha em casa) e lixei os pontos da tampa com ferrugem. Era um perto do encaixe da frente, e alguns pontinhos menores. Lixei bem e lavei. Depois, sequei com jornal mesmo e apliquei um produto para converter ferrugem (esse aí do lado). Aguardei algum tempo. Lavei e lixei de novo. Apliquei o produto. Lixei e lavei novamente. Pronto, agora estava liso e a ferrugem (aparentemente) tinha ido embora. É hora de começar a pintar.

Como estava fazendo acrobacias com a pintura e aprendendo com o processo, resolvi fazer algumas gracinhas na tampa: Que tal pintá-la de grafite, e fazer 2 faixas coloridas, da cor prata? É que eu já tinha 2 sprays em casa, um prata e um preto, e pensei em usá-los também. E se pintar as laterais de prata e a tampa de grafite? Era possível, mas iria parecer um carro alegórico, não um MSX. E se eu escrevesse um texto na tampa? Acabei não fazendo, mas vou explicar como fazê-lo.

Mais uma dica: Tinta em spray é prático de usar e seca mais rápido do que a tinta a óleo normal. Também não precisa misturar com redutor, dissolver, aplicar primer, essas coisas. Mas a tinta spray não rende se você pintar uma peça grande. Logo, ela é ideal para pinturas pequenas. Só nessas minhas acrobacias, foram-se 2 latas de spray grafite. DUAS. Então, não rende. Cuidado.

E emendo com mais uma dica, uma das mais importantes: Não use tinta spray como se usa inseticida, num movimento caótico. Esse é um dos maiores erros. Use jatos de tinta em passadas horizontais (ou cruzadas, alguns sugerem isso), de forma que haja pouca sobreposição dos trechos onde a tinta atingiu o objeto (no meu caso, a tampa do Expert). E deixe secar para saber se ficou bom. Jatos curtos e próximos (uns dos outros). Passe por cima da peça, e não encha ela de tinta.

O problema de você encher a peça de tinta é a demora na secagem. A tinta spray seca em até 10 minutos para uma nova demão, e ao toque em até 60 minutos, dependendo do clima (se for um dia de sol, é mais rápido). Se você entope a peça de tinta, a secagem demora ainda mais. Seja paciente. Por mais que você esteja ansioso para ver como ficou, novamente, seja paciente na pintura. Use várias demãos, ao invés de achar que vai arrematar tudo na primeira. Quanto mais tinta você coloca, mais tempo leva para secar. Já tive que jogar redutor em parte da pintura que estava a princípio boa, mas passadas 36 horas, ainda estava grudento. Era excesso de tinta. Logo, nada de ser exagerado e usar tinta spray em demasia.

Outra dica fundamental é a distância de 30 a 40 cm do bico do spray para a peça. A gente fica naquela ansiedade de pintar direito… E não pinta. O bico da lata de tinta em spray deve estar de 30 a 40 cm de distância da peça. Sim, é longe, mas é o certo. Explico: Quando borrifamos a tinta de perto, o jato (que se tirarmos uma fatia, é um triângulo) não é aberto o bastante. Com isso, a tinta concentra-se muito mais no meio, e aí fica tinta demais, demorando mais a secar e permanecendo mais grudenta por mais tempo. Seja neurótico com a distância, não chegue perto, senão entope a peça de tinta. Logo, o segredo é borrifar a tinta com essa distância. É fato que parte considerável da tinta será levada pelo ar, mas nessas horas… Whatever. Melhor isto do que ter que remover toda a tinta (de novo) com redutor.

Mais fotos? Sim, mais fotos. O resto eu falo no próximo post.

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Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

0 pensou em “Repintando um gabinete de um micro clássico, parte 2: O processo.

  1. Nessas horas eu invejo os abençoados que, ao contrário do meu caso, moram em casas e ainda mais os que tem no quintal ou garagem , edícula ,etc. um cantinho aonde podem levar adiante projetos como esse. Pelo que deu pra ver o resultado final ficou muito bom mesmo! parabéns!

      1. Obrigado, David! Era pra ficar melhor, eu prefiro honestamente como estava antes de tentar fazer o molde vazado… Mas aí eu desisti, fica do jeito q está.

        No próximo gabinete eu pretendo fazer algumas gracinhas… Como colocar um logo da DDX na tampa e montar nesse Expert 3. Tem um sujeito q mora em Sagres q iria gritar de pavor.

        (piada interna da comunidade de MSX, liga não)

    1. Tem razão, sem chance de se poder fazer isso em um apartamento. Só o cheiro do removedor de tinta já é motivo bastante para inviabilizar a tarefa. Leva dias para o cheiro sair do apartamento. Esse tipo de coisa tem que ser feito com espaço, tempo e paciência. E pelo que estamos vendo no relato, muita paciência mesmo.

      1. Mesmo que você seja um ás da pintura e acerte de primeira, tem a questão do espaço. Apartamentos não tem muito espaço, e se seu apartamento está num prédio construído dos anos 90 pra cá, tem menos espaço ainda.

        1. Eu tive que abrir mão de vários livros de que gostava muito por falta de espaço para acomodá-los. Comprei um ebook-reader e coloquei todos eles em versão eletrônica (alguns tive que digitalizar eu mesmo – outro trabalho que precisa de paciência de Jó), mas não é a mesma coisa que ter os livros na prateleira para manuseá-los de verdade.

        2. Obrigado, David! Era pra ficar melhor, eu prefiro honestamente como estava antes de tentar fazer o molde vazado… Mas aí eu desisti, fica do jeito q está.

          No próximo gabinete eu pretendo fazer algumas gracinhas… Como colocar um logo da DDX na tampa e montar nesse Expert 3. Tem um sujeito q mora em Sagres q iria gritar de pavor.

          (piada interna da comunidade de MSX, liga não)

      2. Exato, Ruy. Eu levei quase 1 mês nessa jornada toda, tentando fotografar e explicar o que eu fiz. É justamente para que eu lembre no futuro do que fiz e cair nos mesmos erros. E não tem lugar melhor para fazer isso do no Retrocomputaria, porque assim eu compartilho e socializo essa informação. Pode ser útil para alguém.