Pois então, o Manoel Carvalho pegou um TK95, instalou a placa do Victor Trucco nele (com o firmware TBBlue) e repintou o gabinete. Que tal?
Seguem mais fotos para o seu deleite. Ficou bonitão!
Ah, e não custa nada falar, mas se você clicar nas imagens, dá para ver elas com resolução (um pouco) maior.
Só esclarecendo, ele pegou uma placa VTrucco e instalou no TK95. TBBlue é o firmware, não o hardware, apesar de alguns usarem como sinonimo. O TBBlue suporta, hoje, 11 placas diferentes.
Pelo que entendi, essa placa (VTrucco) faz o interfaceamento entre o módulo FPGA (pré fabricado) e o gabinete do TK 95, colocando os sinais e conectores necessários na exata posição em que estariam na motherboard original do TK 95? Além disso deu pra ver que ela também disponibiliza algumas novas conexões ao TK como um conector VGA e um conector micro SD. infelizmente parece que foi feito um único lote sob encomenda prévia dos interessados, uma pena!
Por um lado é um trabalho que chama bastante a atenção pelo resultado estético e funcional alcançado mas por outro lado dá um pouco de dó ver um micro clássico (ainda que só o gabinete) tão modificado; Seria perfeito se, por um incrível golpe de sorte, os moldes originais deste gabinete ainda existissem e fossem encontrados (como ocorreu recentemente com o C64 nos EUA) o que poderia resultar num numa nova leva de gabinetes de TK 95 novinhos em folha (sonho meu)!! Em todo caso todos os envolvidos fizeram um incrível trabalho (a equipe por detrás do TTBlue e o usuário que teve a idéia de adaptar ele num gabinete de TK95).
Jaime, esta é uma questão filosófica que um dia acho que teremos que discutir no podcast: É “justo” modificar um micro clássico, visto que são objetos de colecionador hoje em dia? Seria como pegar um relógio Casio G-Shock, feito nos anos 1980, e colocar uma pulseira de metal nele? O micro não deve ser modificado? Nada de hardware novo, então? Usemos fita cassete, monitores monocromático e TVs pelo RF?
Lembrei de outras duas perguntas: Mas, então não é “moralmente certo” colocar um hardware que modifique suas características, como uma aceleradora, uma placa de rede com módulo ESP8266, já que o processador não fará o trabalho pesado, “descaracteriza” o hardware. Acredite, eu já ouvi projetistas de hardware dizendo isso. Mas e máquinas com vários processadores, como VDP, PSG, PPI e o escambau? Como fica? É uma questão interessante.
A outra questão é: O que define algo ser um computador clássico em específico? Um emulador não é um computador clássico, ok, mas o que define um ente ser esse computador clássico? É a presença do processador? Mas, e se for, o que dizer dos micros com aceleradoras? É o look and feel? Mas não seria possível ter essa sensação num emulador? É ter o logotipo? Mas aí eu pego o logotipo, imprimo e colo numa geladeira, por exemplo.
Isso que você levantou, junto com mais algumas perguntas, pode render um debate interessante. Vamos pensar nisso pra um episódio.
Quanto ao TK95 Gold Edition, eu continuo dizendo: Ficou lindão. 🙂 E como você pode ver, eu não tenho problemas com casemodding de micros clássicos, vide aquela minha série de pintura de gabinete, que eu publiquei em maio de 2016.
Eu sei que este não é o espaço para essa discussão mesmo assim gostaria de dar um palpite. Se o micro for considerado e tratado como uma antiguidade ele deve mesmo ser mantido como no original. Não ao extremo de manter em uma caixa fechada como fazem muitos colecionadores de bonecos de ação, mas pelo menos como eram assim que a caixa foi aberta, Mas essas são peças de museu, exemplares preservados para que as novas gerações vejam como os objetos eram na sua própria época.
Fora de um museu, seja em uma coleção particular ou como um objeto isolado, a preservação das características originais depende da finalidade que se queira dar ao equipamento. Se for uma questão de puro saudosismo talvez o proprietário queira manter com as características originais, se for para uso o proprietário certamente tentará fazer algumas atualizações para usar equipamentos atuais como monitores e cartões de memória. Ou então o micreiro (adoro esse nome) pode querer fazer hacks com seu equipamento, que é o caso desse TK95 “Golden Edition”. Em meu modo de ver é perfeitamente válido e faz parte das coisas que mantém o interesse pelos micros clássicos vivo. Caso contrário seriam apenas peças de museu paradas no tempo, o que não é errado mas é limitado, como podemos ver em vários episódios do Retrocomputaria e do Repórter Retro, a retrocomputação pode atingir muitos outros objetivos além da simples preservação da memória.
É claro que cada peça que é modificada faz pensar que é um exemplar a menos que poderia ser preservado como peça de museu, mas será que é necessário? Será que não há exemplares sobreviventes suficientes para alimentar museus e os hacks?
Dentro dessa discussão interessantíssima que o Ricardo cita, acho que caberia também debater qual é o papel das réplicas nessa história. Em breve estaremos com a tecnologia de impressão 3D avançada o suficiente para reproduzir as peças de plástico dos gabinetes, as placas já podem ser reproduzidas com a tecnologia FPGA. Até que ponto pode-se dizer que uma réplica substitui um micro clássico original. O assunto já foi abordado no episódio sobre FPGA, mas acho que caberia atualizar a discussão (o episódio 8 é de 2010) e incluir a questão da reprodução dos gabinetes originais.
Ricardo, tenho certeza que este seria um podcast inesquecível mesmo! E acho que essa divergência filosófica é muito mais ampla e engloba o colecionismo de um modo geral: automóveis, bicicletas, eletrodomésticos, etc.!
Todo e qualquer objeto produzido pelo homem e que seja considerado “colecionável” está sujeito ao mesmo dilema – deve ser restaurado ou mantido intocado? E se for restaurado, devem ser mantidas as suas características originais ou pode ser aprimorado e adaptado de modo à serem aproveitadas novas funcionalidades que antes não existiam?
Particularmente, no que me interessa deste universo do colecionismo, os microcomputadores e videogames clássicos de 8 bits, eu procuro não intervir, ou ao menos intervir minimamente na sua estrutura interna e (principalmente)externa mas não sou radical ao ponto de manter os iténs de minha coleção “encaixotados” ou simplesmente “acumulando poeira” em uma estante! Acho que o uso de um objeto, da forma como ele foi feito para ser usado quando no seu tempo de vida comercial é a parte mais gratificante desta experiência saudosista / colecionista.
Também não tenho nenhum problema em utilizar novas tecnologias (que não requream modificações no hardware original) em conjunto com antigos computadores como por exemplo conectar um adaptador de memórias flash à porta de expansão de um antigo micro de 8 bits.
Mas embora eu tenha esta postura relativamente “conservadora” em relação ao meu acervo eu também acho válida aquela velha máxima que diz “Mais vale um gosto do que dois mil réis” …por isso tiro meu chapéu pra todos que tem o mesmo despreendimento com seu acervo pessoal como você demonstrou (casemod do Expert) ou deste rapaz (que criou um novo TK 95 à partir de um antigo gabinete).
Pra ser franco acho que, dentro da realidade brasileira onde estes iténs de retrocomputação são cada vez mais caros e a econômia anda cada vez mais estagnada, essa questão (…) acaba sendo determinada muito mais por questões econômicas do que por juízo de valores pessoais; posso modificar um microcomputador antigo? Claro que posso! Comprei e então é meu portanto faço o que eu quiser! Mas na prática o que vai delimitar até onde vai essa liberdade é o meu “bolso”!! Explico melhor…Para a maioria dos adeptos das modificações não seria um grande dilema “tunar” um Expert ou um Hotbit (mesmo eu, conservador, furei o baginete de um dos meus Experts pra colocar um botão de reset) mas daí eu pergunto: Quantos colecionadores “hardmods” estariam dispostos à fazer uma modificação radical no gabinete de seu MSX TURBO R ??? Me arrisco a dizer que pouquíssimos mesmo, senão nenhum!! Então acredito que a liberdade indivídual deve estar acima de conceitos como preservação das características originais dos colecionáveis por motivos históricos, memoriais, etc. Mas essa liberdade criativas acaba na verdade sendo claramente delimitada por questões econômicas, esta sim acaba sendo a força delimitadora que acaba decidindo o que deve (o pode) ser preservado e o que pode ser livremente alterado.
Muito bonito. Dá para colocar na estante da sala junto do Wii.