Antes de seguir a série, fiz uma pesquisa para encontrar alternativas ao todo-poderoso eBay. Ele surgiu em dezembro de 1995, logo posterior ao FreeMarkets, que já fechou, e hoje é o site de leilões dominante, mas não é o único. Fiz uma busca e achei alguns outros sites que podem esconder coisas interessantes… Ou não. Vamos a eles:

1. eBid – a maior alternativa ao eBay. Tem seu próprio sistema de pagamento (o PPPay), mas aceita Paypal. Aceita vendedores de mais de 20 países e compradores de mais de 100.
2. Etsy – Dedicado a venda de itens do tipo handmade, ou seja, artesanato, além de itens vintage.
3. iOffer – Nesse site temos a opção de pechinchar o preço.
4. Webstore – Aqui não há cobrança de taxas para quem vende ou compra.
5. Online Auction – Esse aqui é interessante para vendedores regulares, que estão sempre vendendo algo.
6. ePier – Nesse site não temos listagens nem taxas para vendas. A interface é quase um craigslist.
7. uBid – Aqui só quem vende é gente que é reconhecida pelo site.
8. QuickSales – Site de vendas da Austrália. Quem sabe você não encontra um MicroBee por lá?
9. WeBidz – Mais um que não cobra taxas para venda e compra. Apenas cobra uma, que é a taxa para vendedores autenticados.

É tudo uma questão de garimpagem. Interessado? Procure por lá e depois nos diga se achou algo que valha a pena aí embaixo. Mas esse post não pára por aqui, vamos falar também de postagem e impostos. Quer continuar a ler? Você já sabe, clica aí embaixo…

Como vocês sabem, a legislação brasileira coloca algumas restrições para nós, potenciais colecionadores. São elas:

1. É proibido importar bens de consumo usados.
2. Qualquer item comprado no exterior, a partir de pessoa física ou jurídica está sujeito à cobrança de 60% de imposto, com base no valor discriminado na nota de importação ou na opinião do fiscal.
3. Qualquer item comprado no exterior, a partir de pessoa física e discriminado como presente, está sujeito à cobrança de 60% de imposto se o valor discriminado na nota de importação exceder US$ 50 (cinquenta dólares norte-americanos).
4. O pacote não pode levar mais do que 90 dias nas mãos da Receita Federal. Se ultrapassar esse limite, a Receita é obrigada a liberar o pacote sem taxação.
5. Livros, jornais e revistas não pagam imposto.

Sobre o processo na Receita e nos Correios, algumas considerações minhas a respeito:

1. Nem todas as encomendas são vistoriadas e abertas. É bem verdade que a Receita Federal não tem condições de vistoriar tudo, e quando tentou fazê-lo (Operação Maré Vermelha), houve um atraso muito grande na liberação das encomendas, o que ocasionou irritação por parte da opinião pública. Há quem diga que a proporção é de um pacote pego para vistoria para cada cinco pacotes liberados – amostragem em média de 20%.
2. Mesmo assim, se o pacote foi aberto pela Receita, isso não é o fim do mundo. Já tive pacotes abertos e fechados pela Receita, e o imposto cobrado foi zero. Isso depende também do humor do fiscal, o que é imprevisível. Tá com dúvida? Olha aí do lado, essa é uma das últimas caixas que recebi, inclusive falei delas aqui.
3. Se o pacote não for taxado, então ele é remetido à agência mais próxima dos Correios, e de lá é remetida até o endereço de destino, para ser entregue. Os Correios fazem 3 tentativas de entrega, e caso não consigam, notifica o destinatário para que ele vá buscar na agência dos Correios. Se ele não for num prazo máximo de 1 mês, a encomenda é remetida de volta ao remetente, e se o destinatário quiser reaver a encomenda, tem que pagar uma multa, que é, na maioria dos casos, o reenvio da encomenda. Parece piada, mas já vi acontecer da pessoa não ir buscar a encomenda nos Correios, o que considero um completo desleixo do destinatário.
4. No caso da encomenda ser taxada, você deverá retirar o pacote na agência dos Correios e pagar o devido imposto. Pode ocorrer do pacote ser taxado, mas o valor ser muito baixo, o que não cabe o recurso. Dependendo do valor, o imposto devido foi muito baixo e tentar reaver alguns sestércios simplesmente não compensa. O Giovanni conta que o Apple //gs dele foi taxado em cerca de R$400, visto que estava na caixa escrito Apple Computer. Claro, se fosse um Macbook, seria justo. Mas ele recorreu acrescentando toda a documentação que comprovava. O imposto caiu para R$75. Ou seja, se você considera que a taxação foi injusta e tem como comprovar, recorra.
5. Se o imposto cobrado é acima do previsto, aí sim cabe o pedido de revisão, através de um formulário retirado em qualquer agência dos correios, ou então pegar aqui. E que comece a queda de braço. Existe um tutorial bem interessante sobre como proceder nesse link aqui.

Para exemplificar algumas coisas, resolvi mostrar aqui para vocês como foi o rastreio dos micros que comentei recentemente. Esse, em específico, é o rastreio do Sony HB-F700P, que é o novo recordista, como o pacote mais rápido que já chegou lá em casa:

• No dia 3/4, foi postado, e deu entrada no Brasil no dia 8. Talvez tenha vindo por via marítima.
• Dali, ele é remetido à Unidade de Tratamento Internacional (primeira triagem), e aí é remetido à Fiscalização Aduaneira. Eles é que examinam para ver se cobram imposto ou não.
• No meu caso, o imposto não foi cobrado, e eu recebi o salvo-conduto do pacote, expresso na frase Liberado pela Alfândega. Do contrário, você verá no seu rastreio a temida frase Em trânsito para RFB – TRIBUTADO-EMISSÃO NOTA TRIBUTACAO/BR.
• Dali, ele foi repassado à uma Central de Tratamento do Correio Internacional (CTCI). Existem 3 no Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Qualquer encomenda sua que venha de fora, passa por um desses 3 centros.
• Pelas regras atuais (julho de 2011), toda compra expressa (via EMS) entra pelo CTCI de São Paulo. Compras não expressas, como o Priority Mail Norte Americano, acima de 1Kg, passam pelo CTCI do Rio de Janeiro, e abaixo disso, para Curitiba, mas a regra não vale para todas as compras, visto que vários small packets recentemente estão passando por Curitiba.
• GEARA é uma unidade interna dos Correios, a Gerência de Atividades do Recinto Alfandegário. Essa unidade é interna e não faz atendimento ao público. Uma unidade GEARA está hospedada dentro de grandes agências dos Correios.
• Os CEE são os Centros de Entrega de Encomendas. As agências são CEEs, mas nem todo CEE é agência. Explico: Existem locais de distribuição de correspondências que não tem atendimento ao público, só fazem a entrega das encomendas. Não confunda com os CDDs, que são os Centros de Distribuição Domiciliar, as agências em si.
• Voltando ao pacote, me impressionou a rapidez com que ele foi processado e liberado. O micro partiu da Holanda no dia 3 de abril e chegou na minha casa no dia 9, menos de uma semana. A postagem na verdade deu-se no dia 30 de março, mas mesmo assim, é um recorde. Em compensação, o recorde negativo foi da Sherazade, o Al-Alamiah, que passou 49 dias sem mandar sinal de vida. Levou 63 dias para ser entregue.

Agora vamos às dicas:

1. É sabido até pelo reino mineral que a Receita Federal, junto com os Correios e outros órgãos, realiza operações no período de Natal (25 de dezembro), aumentando o rigor na fiscalização das encomendas que chegam ao Brasil. Logo, a chance de taxação é maior nesse período. Recomenda-se evitar envios internacionais entre o meio de novembro e meados de janeiro.
2. Fiquei sabendo que também andam realizando tais operações no período do Dia das Mães (2o domingo de maio). Logo, sejam cautelosos também.
3. Evite enviar muitas encomendas de forma simultânea. O maior risco que se corre com isso é ocorrer a caracterização da encomenda. Basicamente, a Receita Federal percebe um padrão. Exemplificando, se você compra muitos cartuchos de jogos de MSX, e muitos são enviados para sua casa, eles irão intuir (falei bonito, não?) que você é um comerciante de cartuchos de MSX, e irão te taxar.
4. Alguns dizem que o número de rastreio é fundamental, outros tem certeza disso. 🙂 Alguns Correios no mundo cobram mais caro por números de rastreio para a encomenda postada. Eu já recebi 2 encomendas sem rastreio, uma da terra da Rainha, e outro vindo da terra das castanholas… E confesso, fiquei muito apreensivo. Mas chegaram. No caso do primeiro, o rastreio era muito mais caro do que o item. No caso do segundo, foi desleixo do vendedor. Mas alguns sugerem usar rastreio para encomendas com mais de 10 dólares. Valores mais baixos não compensam pagar a mais pelo rastreio.
5. Aos moradores do Sudeste do país, normalmente os pacotes pequenos passam por Curitiba. Logo, não estranhe se sua encomenda for até o Paraná para depois voltar. Isso é normal, por incrível que pareça.
6. Experimente dar um intervalo entre cada encomenda. Tem gente que se empolga e resolve comprar um pouco de tudo. E aí vem um monte de caixas simultaneamente. Se você não quer chamar a atenção da Receita, dê um tempo entre cada pacote, tipo um por semana, ou um a cada 2 semanas. Se você estiver usando o serviço de um atravessador, é mais fácil fazê-lo. Senão, contenha a sua sanha consumista… Ou envie para endereços amigos.
7. Outra recomendação é se alguma encomenda demorar mais do que 30 dias para dar o ar da graça, aguarde-a chegar para continuar as compras.

O número de rastreio é composto de 2 letras iniciais que definem a forma de envio (no Brasil, PAC é PG, SEDEX é SI e por aí vai), um número composto por 8 algarismos e 1 dígito verificador, e para fechar, 2 letras finais que denotam o país de origem. Esse número é a sua maior segurança quanto a envios feitos para você. Através dele você pode acompanhar pelo site dos Correios (ou no Muambator, ou em outros sites de serviços de Correios ao redor do mundo) por onde anda a sua encomenda, e se você vai ter que pagar imposto para retirá-la. Basta ler e interpretar as mensagens. Se você quiser mais informações a respeito, clique aqui para acessar o site dos Correios sobre rastreamento. A propósito, eles tem a (imensa) tabela de códigos dos objetos (as 2 primeiras letras) por lá, não vou copiar e colar para cá, é grande demais…

Outra coisa: remessas internacionais econômicas, prioritárias e Sur Postal Expresso (código do objeto iniciado com “XR, RB, RC, RI ou RE” e terminado com “BR”) não dispõem de rastreamento eletrônico fora do território brasileiro. Essa eu pesquei no site dos Correios.

Existem sites onde você pode rastrear encomendas do mundo todo. Funciona como um site único, onde ele identifica o país de origem e direciona para o sistema de rastreamento daquele país. Um deles é o Track-Trace. No correio holandês, por exemplo, é informado o peso e as dimensões da caixa que está a caminho do destinatário. Outro que faz serviço semelhante é o TrackingNumber.org, que rastreia encomendas de couriers como o FedEx, DHL, TNT, EMS e UPS, além dos correios dos EUA, Canadá, Austrália e China. Aliás, couriers são um capítulo à parte, falarei melhor deles depois.

Ao contrário do que diz o complexo de vira-lata que impera no povo brasileiro, nossos serviços de Correios são muito bons. Alguns fatos.

1. Segundo uma pesquisa da consultora Accenture, é no momento o 10º melhor do mundo (já foi um dos melhores do mundo anos atrás). Quer ler a pesquisa? Clique aqui.
2. O Brasil é o único país da América Latina onde o Correio estatal tem credibilidade. Na Colômbia e no México, os Correios são tão desacreditados que ninguém usa.
3. O nosso rastreio funciona muito bem no geral. Se você acha insuficiente ou problemático, eu já tive experiência com o rastreio do Correio espanhol. E ele é péssimo. Simplesmente eu vi “en transito” o percurso quase todo, até que o pacote chegasse ao seu destino. E levou 10 dias dentro da Espanha!
4. A ocorrência de pagamento de imposto é até bem pequena, se você não compra itens tresloucadamente. Falo por experiência própria: Dos últimos 9 pacotes internacionais remetidos ao meu lar, num intervalo de 18 meses, nenhum foi taxado, E olha que tive caixas realmente grandes, pesadas (até 17 kg!) e cheias de itens. Aliás, acho que a única vez em que fui taxado foi quando comprei 4 cópias do DVD do anime do Salamander. Acho que só essa vez. E olha que já recebi um monitor CRT pelo correio, a partir da Dinamarca…
5. Então, você acha que o Correio brasileiro é ruim, e ainda não se convenceu do contrário? Sorte do dia: Você não mora na Itália. Apresento-lhe um dos piores Correios do mundo. Sério. Lembra que eu falei lá em cima, de violação de correspondência? O Giovanni me falou que há vendedores no eBay que não mandam para a Itália de forma alguma. Eles justificam dizendo “não entregamos para a Itália até os problemas serem resolvidos“. Vago, não é?
6. Outra história do correio italiano: Para você receber cartas, você tem que ir até a prefeitura da cidade onde você mora, pagar uma taxa e se cadastrar, porque senão todas as correspondências direcionadas a você serão devolvidas. Os correios não saberão que você existe.
7. Quando estive na Itália, vi caixas de coleta dos Correios com duas aberturas: Uma para correspondências nacionais e outro para correspondências internacionais. Postamos 6 cartões postais, para diferentes endereços no Brasil. Chegaram 3, depois de mais de um mês. Os selos custaram € 2, mas mesmo assim, metade não chegou. Onde foram parar? Não sei. Só sei que não chegaram.
8. Violação de correspondência é algo mais comum do que devia em alguns correios por aí, inclusive o italiano. Não gostou? Problema é seu.
9. Essa eu ouvi de um amigo MSXzeiro, com família no Chile: Os parentes dele já tiveram que subornar o carteiro para poder receber correspondência. Sim, suborno. Pode isso?

Ninguém disse que é perfeito. Mas funciona muito bem, ao meu ver. Vou deixar para falar dos modos de envio (SAL, SEA, EMS, etc) no próximo post da série. Até lá!