Quinta do pitaco: As viagens na maionese – parte final

Chegamos ao final dessa nossa conversa, falando de problemas que ocorrem no desenvolvimento, como o excesso de pitacos dados. Antes de propor caminhos para possíveis soluções, vamos contar um que nós sofremos.

Retrocomputaria transcrito

Há pouco tempo me pediram para que cada episódio do Retrocomputaria fosse transcrito para deficientes auditivos. Ora, nossos episódios são gerados por um script em Bash que eu fiz, que faz todo o serviço, de nivelar o som a gerar um vídeo pro YouTube com o áudio. Inclusive já expliquei um pouco dele nesse link aqui. Transcrição de áudio é um trabalho muito chato e lento de ser feito, e por isso que ele é caro. Atualmente é inviável financeiramente falando pagar a alguém para transcrever o áudio e legendar o episódio. Eu respondi que se alguém legendasse o episódio, transcrevendo o áudio e acrescentando os tempos certos, eu adicionaria ao vídeo.

Aí alguns poderão lembrar que o YouTube gera legendas dos vídeos, e faz com razoável precisão, mesmo para português. No caso de um episódio nosso, o acerto é de uns 70%. Mas teria ainda que ouvir todos os episódios e sugerir correções para o “gerador de legendas” deles. Vale lembrar que temos 82 episódios no ar, fora 33 Repórter Retro, o que dá mais de 8 dias de áudio publicado.

Somos um podcast pequeno. Por mais que tenhamos ouvintes fiéis (muito obrigado), nossa taxa de downloads não chega a 1000 por episódio. Pelo visto, a maioria dos ouvintes de podcast no Brasil preferem ouvir puns e palavrões a conteúdo de qualidade… E mesmo assim, eu não conheço um podcast no Brasil que tenha o áudio transcrito.

Conclusão: Sinto muito, mas não iremos fazer essa tarefa, de transcrever e legendar tudo, muito menos de ficar fazendo correções para o YouTube. Não é viável, a relação custo-benefício é péssima, e se estivermos perdendo algum ouvinte deficiente auditivo por conta disso, desculpe, não era nossa intenção. Mas nem sempre querer é poder.

Há jeito?

Bem, depois de duas partes só reclamando… Eu vejo alguns caminhos:

  • Se você acha que um projeto é viável, pare, respire, pense muito a respeito… E veja se é viável mesmo. Já sentou para ver custos? Já parou e pensou sobre a montagem? Já mediu a trabalheira extra? Vai valer a pena? Então, faça isso antes, por favor. E seja honesto. Veja se rola mesmo.
  • Brainstorm em público na verdade é uma diarreia cerebral coletiva. Se você quer que algo saia, comece você a fazer. Tem gente que acha que qualquer ideia deve ser lançada às feras, que isso é colaborar com a comunidade. Desculpa aí, é não. É na verdade uma perda de tempo absurda, um monte de abobrinhas sem tamanho sendo despejado… E eu sempre lembro do “mantra” de um amigo fudeba: Menos é mais. Menos falatório é mais foco. Não precisa comentar com todo mundo o que você quer fazer. Se eu soubesse que meu projeto do gerenciador de arquivos fosse render a quantidade de piadas que eu ouvi, não teria divulgado. E eu tenho certeza de que vários projetistas de hardware e software pensam o mesmo. Ou seja… Calemos a nossa grande boca.
  • Lançar ideias ao vento achando que algo se salva, só vai irritar quem realmente faz algo. Ninguém gosta de que deem pitaco no seu trabalho. Se ele ainda faz como complemento à renda, ou apenas pela paixão, pior ainda.
  • E por último, que tal você parar de ter ideias pros outros fazerem, e você fazer algo? Ah, não tem tempo? Que tal parar de ficar pitaqueando no projeto dos outros e começar a aprender algo relacionado? Só de falar menos e fazer mais, você já verá que algo pode ser produzido.
  • Existe uma máxima de um membro da equipe desse podcast, que é “As pessoas querem espetar um cartucho mágico nos seus MSX, que irá pegar todos os jogos já criados e recriá-los com aceleração 3D, suporte a rede e resolução full HD ou 4K“. E é isso mesmo que eu vejo, tem muita gente falando e pouca gente fazendo.

Bem, é isso. Eu sempre falo que quero programar para MSX, mas diversos fatores tem atrapalhado. Eu tenho minha lista de softwares (que vive crescendo – tive uma ideia durante a redação desses posts, e já coloquei na lista), e espero que um dia eu consiga fazer alguns deles. Não tem nada de inviável neles (ao menos eu acho), mas são projetos meus, e eu é que irei lutar para fazê-los sair do papel. Me desejem sorte, e eu também desejo para vocês.

Quanto à viagens na maionese, fica o meu pedido: Baixem a bola e façam, não falem. Quem sabe assim não sai algo?

Num próximo post, quero falar sobre algo que atrapalha a todos que querem parar de falar e fazer algo. O quê? Aguardemmmm!

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.

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  1. Aproveitando o clima de reclamação: chamar o ouvinte de ‘otário’ não é adequado para o padrão deste podcast. Ficou bem esquisito isso neste último episódio (Ep. 83c).
    Seu Ombudsman.