Mosca Branca do dia: Frael Bruc 100

Frael Bruc RicardoA Frael SpA é uma empresa italiana, da região da Toscana (Florença, para ser exato), que está na ativa desde os anos 1980. Sob encomenda, eles desenvolveram o que foi conhecido como o primeiro microcomputador italiano, o Frael Bruc 100. O objetivo era a informatização de uma rede de escolas, a Scuola 2F, que está presente na Itália, Áustria, Alemanha, Hungria e Eslovênia. Ambas as empresas pertencem ao mesmo grupo empresarial. A Frael, hoje em dia, monta e revende mais de 30.000 microcomputadores por ano na Itália, sendo autorizada de alguns fabricantes de notebooks (Asus, por exemplo) a representá-la no mercado italiano. Você pode saber mais da empresa clicando aqui.

Tá, e o que isso tem a ver conosco? Bem, o Frael Bruc 100 é um computador MSX-compatível. Mais: até onde testei, 100% compatível. Vamos ao dito cujo, cuja foto vocês viram ali em cima.

Logo, o Frael Bruc 100 tem tudo o que é esperado de um MSX 1:

  • 64 Kb de RAM.
  • Z80A a 3,58 Mhz, PPI, VDP, PSG.
  • 2 portas de joystick, 1 porta p/ cassete, etc.
  • Como é europeu, logo 220V e 50 Hz.

Quanto às diferenças, bem…

  • Ele tem 1 slot de cartucho, apenas. Só um.
  • Ele tem saída para RF e 1 conector DIN daonde podemos tirar o vídeo composto.
  • Ele tem um teclado de 107 teclas (!), diga-se de passagem agradável ao toque.
  • Ele não tem nenhuma referência clara que o computador seja MSX-compatível.

fraelbruc100_1Ou seja, não há logotipo, não há referências no BASIC (doravante chamado de MCL Extended Basic), nem em nenhum canto do micro. A não ser que você digite esses POKEs que estão aí do lado, Aí sim, o easter egg funciona.

Isto nos leva a entender que a Frael fez um MSX que não é um MSX. Ou seja, o micro é um MSX que não é oficial, e ela assim o fez para não ter que pagar pela licença. E (ainda) tem gente que acha que empresários agindo de má fé é exclusividade brasileira… Vale dizer que a Sharp e a Gradiente, além de terem fabricado os MSXs delas (ao contrário da empresa que vendeu esse micro aqui), pagaram pelas licenças. Isto eu ouvi de gente que esteve envolvida com o projeto.

Bem, voltando ao Frael… Uma das suas maiores bizarrices é o teclado. São 107 teclas (repetindo, por extenso: CENTO E SETE TECLAS), e várias delas que você não entende muito bem o sentido, como HOLD, CUT LINE, WORD -> e END LINE, só para citar algumas. Se quiser ver, clique aí do lado e veja.

Aliás, se você clicar, você verá a maior de todas as bizarrices que este teclado tem: As setas direcionais. Qual vinho estragado o projetista italiano bebeu para achar que usar setas direcionais na diagonal seria útil para as atividades do micro? Eu desafio qualquer MSXzeiro que joga no teclado, que vá em uma MSXRio que o meu Frael Bruc 100 esteja presente e jogue uma partida de Salamander nele (em tempo, funciona!). Sim, é muito bizarro.

O legal do micro é que ele é 100% compatível com tudo que  MSX. Então usei a IDE-Mapper da Tecnobytes, coloquei cartuchos de jogos MegaROM, jogos comuns… Tudo funcionou. Conforme você pode ver no vídeo abaixo, ele funciona normalmente com a IDE-Mapper.

O manual que o acompanha é bem completo, trazendo inclusive a pinagem do conector DIN daonde tira-se o vídeo composto. Bastou um sujeito animado com a solda (obrigado, Juan!) e voilá, temos um cabo. Abaixo, o Juan alegra-se ao jogar King’s Valley naqueles direcionais esquisitos, mas em vídeo composto. Imagem muito melhor do que no RF.

Aqui, mais uma foto do conjunto de direcionais dele:


E como ele chegou à minha coleção? Bem, como vocês devem saber, sou usuário contumaz do aplicativo para Android do eBay, e na minha jornada diária (antes de repousar nos braços de Morfeu), uma vasculhada nas buscas salvas me fizeram encontrar esse sujeito simpático. O vendedor, um italiano educado que respondia rapidamente aos contatos (coisa muito rara de hoje em dia), me ofereceu o envio via correios, via SAL e EMS. Preferi o primeiro por ser menos provável de ser tributado, e mais barato. Não adiantou muito, e lá fui eu retirá-lo na agência dos Correios mais próxima aqui de casa, deixando R$ 170 para a Receita Federal + Correios. Bem, pelo item e por sua raridade, confesso que paguei contente.

Quando rasguei o invólucro de papel, encontrei uma caixa de isopor. Pensei que fosse apenas cautela do vendedor. Afinal, ele me pareceu bem atencioso e principalmente rápido na postagem. Até que eu abri a caixa e…


Descobri que o vendedor me enviou o micro na sua embalagem original! Note os frisos na tampa da caixa de isopor. Esta foto foi tirada no momento em que abri a caixa. Embaixo do micro, tem os manuais de programação e do curso fornecido pela escola. No canto superior direito há a fita cassete fornecida para uso da escola (já devidamente ripada, obrigado Alexandre “Tabajara” Souza). E ainda alguns cabos… Bem, se você quiser ver mais fotos da caixa, visitem o meu álbum de fotos no Picasa clicando aqui. Alguns querem saber do boot dele, então seguem as fotos que eu fiz.

Quando você liga o Frael Bruc 100, você vê essa imagem, com uma animação em torno do átomo.
Quando você liga o Frael Bruc 100, você vê essa imagem, com uma animação em torno do átomo.
fraelbruc100_4
Depois dessa animação, você vai parar nessa tela aí. Se você escolher BASIC, irá para o MCL Extended BASIC, ou bootar pelo primeiro cartucho espetado. Se for para DIDATTICA, você escolherá se usará fita cassete ou disquete, e irá para um programa educacional, provavelmente usado pela escola.

Numa próxima MSXRio ele irá aparecer. E com isso, a coleção aumenta. Onde irá parar? Não sei. Vamos ver no que vai dar.

Sobre Ricardo Pinheiro

Ricardo Jurczyk Pinheiro é uma das mentes em baixa resolução que compõem o Governo de Retrópolis. Editor do podcast, rabiscador não profissional e usuário apaixonado, fiel e monogâmico do mais mágico dos microcomputadores, o Eme Esse Xis.